30 de junho de 2013

Um estranho post dominical que se salva no final

Bem, hoje é domingo. Que é também o último dia de junho.
Dia de descanso (sei que não para todos). Melhor se junto à natureza. Mas normalmente é dentro de casa mesmo.
Dia da final Brasil x Espanha. 
Dia de missa. Ou de culto. Ou de qualquer religião que você pratique. Se não for ateu.
Mas pode não ser ateu e também não ter religião.
Acho que estou falando coisas óbvias. É que escrevo agora, já passando da meia-noite, e estou cansado e sonolento. E com uma tosse um tanto o quanto irritante. Lá vou eu me justificar...
Dirigi umas quatro horas hoje e não parei.
Parei agora para transferir os arquivos do computador para HD externo.
Os 500 GB do Notebook estavam no limite e apelei para um backup de 1 Tb (1.000 GB).
Muita música e fotos armazenadas.
Recomendo a todos fazer essas cópias como segurança de seus arquivos. Já perdi muita coisa...
Mas acho que continuo falando o 'óbvio ululante' by Nelson Rodrigues.
Bem, para todos resta ainda Brasil x Espanha.
E as manifestações, que eu não tenho mais saco.
Tá todo mundo se manifestando contra alguma coisa.
Inclusive contra as manifestações.
Aliás deve ter paralisação de caminhoneiros amanhã. Resta saber se vão fechar as estradas. Inclusive a BR-101 em diversos pontos. Se for por muito tempo vai ser o caos.
Tomara que pelo menos o Brasil seja campeão.
Nessa esteira li que houve queda na aceitação do governo Dilma. Como diria aquele irmão do Oscar, que eu não lembro o nome: "Sabem o que isso significa? Nada!". Pesquisa encomendada no meio das manifestações, com classe média anti-PT nas ruas, só tem um objetivo: influenciar nas eleições de 2014.
Confesso que estou aqui aguardando o backup terminar e "enchendo linguiça" com este post.
E você aí, lendo...
Foi mal. Eu vou dormir por que a transferência avisa que vai levar ainda mais duas horas. Só da pasta "Downloads". Música.
Mas não vai ser uma visita perdida ao blog.
Olhem o artigo do teólogo Leonardo Boff que achei.
(e)Terno.
O post dominical está salvo! Vida que segue ou, sigamos em frente com o que a vida nos traz. Com ou sem passeatas e manifestações.
E vamos esperar o jogo do Brasil!

A arte de cuidar dos enfermos
28/06/2013
"Nos últimos anos tenho trabalhado de forma aprofundada a categoria do cuidado especialmente nos livros Saber Cuidar e O Cuidado Necessário (Vozes). O cuidado mais que uma técnica ou uma virtude entre outras, representa uma arte e um paradigma novo de relação para com a natureza e com as relações humanas, amoroso, diligente e participativo. Tenho tomado parte de muitos encontros e congressos de operadores da saúde com os quais pude dialogar e aprender, pois o cuidado é a ética natural desta atividade tão sagrada.
Retomo aqui algumas idéias referentes às  atitudes que devem estar presentes em quem cuida de enfermos seja em casa seja no hospital. Vejamos algumas delas entre outras.

Compaixão: é  a capacidade de colocar-se no lugar do outro e sentir com ele. Não dar-lhe a impressão que está só e entregue à sua própria dor.
Toque da carícia essencial: tocar o outro é devolver-lhe  a certeza de que pertence à nossa humanidade. O toque da carícia é uma manifestação de amor. Muitas vezes, a doença é um sinal de que  o paciente quer se comunicar, falar e ser ouvido. Quer identificar um sentido na doença. O enfermeiro ou a enfermeira ou médico e a médica podem ajudá-lo a se abrir e a falar. Testemunha uma enfermeira: “quando te toco, te cuido; quando te cuido te toco; se és um idoso te cuido quando estás cansado; te toco quando te abraço; te toco quando estás chorando; te cuido quando não estás mais podendo andar”.
Assistência judiciosa: O paciente precisa de ajuda e a enfermeira ou o enfermeiro deseja cuidar. A convergência destes dois movimentos  gera a reciprocidade e a superação do sentimento de uma relação desigual. A assistência deve ser judiciosa: tudo o que o paciente pode fazer, incentivá-lo a fazer  e assisti-lo somente quando já não o pode fazer por si mesmo.
Devolver-lhe  a confiança na vida: O que o paciente mais deseja é recuperar a saúde. Dai ser decisivo devolver-lhe a confiança na vida: em suas energias interiores, físicas, psíquicas e espirituais, pois elas atuam como verdadeiras medicinas. Incentivar gestos simbólicos, carregados de afeto. Não raro, os desenhos que a filhinha traz para o pai doente, suscita nele tanta energia e comoção que equivale a um coquetel de vitaminas.
Fazê-lo acolher a condição humana. Normalmente o paciente se interroga perplexo: “por que isso foi acontecer comigo, exatamente agora em que tudo na vida estava dando certo? Por que, jovem ainda, sou acometido de grave doença”? Tais questionamentos remetem a uma reflexão humilde sobre a condition humaine que é, em  todo o momento, exposta a riscos  e à vulnerabilidades inesperadas.

Quem é sadio sempre pode ficar doente. E toda doença remete à saúde que é o valor de referência maior. Mas não conseguimos saltar por cima de nossa sombra e não há como não acolher a vida assim como é: sadia e enferma, bem sucedida e fragilizada, ardendo por vida e tendo que aceitar eventuais doenças e, no limite, a própria morte. É nestes momentos em que os pacientes fazem profundas revisões de vida. Não se contentam apenas com as  explicações científicas (sempre necessárias), dadas pelo corpo médico mas anseiam por um sentido que surge a partir de um diálogo profundo com seu Self  ou da palavra sábia de um parente, de um sacerdote, de um pastor ou de uma pessoa espiritual. Resgatam, então, valores cotidianos que antes sequer percebiam, redefinem seu desenho  de vida e amadurecem. E acabam tendo paz.

Acompanhá-lo na grande travessia. Há um momento inevitável que todos, mesmo a pessoa mais idosa do mundo, devem morrer. É a lei da vida, sujeita à morte: uma travessia decisiva. Ela deve ser preparada por toda uma vida que se guiou por valores morais generosos, responsáveis e benfazejos.
Mas para a grande maioria, a morte é sofrida como um assalto e um sequestro, gerando sentimento de impotência.  E então dá-se conta de que, finalmente, deve se entregar.
A presença discreta, respeitosa de alguém, da enfermeira ou do enfermeiro ou do parente próximo ou da amiga, pegando-lhe a mão, sussurrando-lhe palavras de conforto e de coragem, convidando-o a ir ao encontro da Luz e ao seio de Deus que é Pai e Mãe de bondade, podem fazer com que o moribundo saia da vida sereno e agradecido pela existência que viveu.
Sussurrar-lhe ao ouvido, se possui uma referência religiosa, as palavras tão consoladoras de São João: Se teu coração te acusa, saiba que Deus é maior que teu coração (3,20). Pode entregar-se tranquilamente a Deus cujo coração é de puro amor e de misericórdia. Morrer é cair nos braços de Deus.
Aqui o cuidado se revela muito mais como arte que como  técnica e supõe no agente de saúde densidade de vida, sentido espiritual  e um olhar que vai para além da morte. Atingir este estágio é uma missão a que o enfermeiro e enfermeira e também os médicos e médicas devem buscar para serem plenamente servidores da vida. Para todos valem as sábias palavras: “A tragédia da vida não é a morte, mas aquilo que deixamos morrer dentro de nós enquanto vivemos”."

Leonardo Boff é autor de "Vida para além da morte",  Vozes 2012.

2 comentários:

Maria Inês disse...

Pois eu adorei o post, Marcos. E os artigos do Leonardo Boff que você escolhe são sempre ótimos.
Bom domingo, também vou dormir agora.

Maria Inês disse...

E que o Brasil ganhe mesmo!!!