8 de abril de 2014

O Rio e o Cartão de Crédito


Já devo ter escrito aqui no blog uns três posts sobre um mesmo assunto, que trataram de um desejo de retorno às origens e adquirir um apartamento no Rio.
No último, se não me falha o dispositivo de memória já um tanto corroído pelo tempo, citei os preços cada vez mais absurdos - fora da realidade a meu ver - cobrados pelos imóveis em todos os cantos da cidade.
Mas não são só os imóveis, tanto compra como aluguel. 
Restaurantes, bares, teatros, cinemas, supermercados, hotéis... tudo parece estar aumentando além do que seria tolerável.
E não estamos falando aqui de inflação. É algo muito além disso. É lucro. É cidade-negócio.
A cidade está ficando cada vez mais internacional e empurrando quem não tem grande poder aquisitivo para as perifeiras.
Ou forçando a abandonar a cidade em busca de melhor qualidade de vida. Entram neste item também outras questões, como mobilidade urbana, violência, falta de apoio aos mais necessitados que habitam as ruas, poluição, falta de educação, etc.
Esses itens e este tema veio a este post a partir de matéria que li domingo na "Revista O Globo", cujo título era uma canção do grande Paulinho da Viola: "Foi um Rio que passou em minha vida".
Nela, várias pessoas (a maioria jovens) davam emocionados depoimentos dos motivos porque estavam abandonando a (ex?)cidade maravilhosa que tanto amavam.
A cidade passa a não pertencer mais aos carismáticos "cariocas da gema", excluídos pelos altos preços de tudo.
A cidade continua possuindo seus atrativos mas não são mais usufruídos com a frequência que gostariam. As coisas boas estão perto, mas proibitivas.
Parece que fenômenos assim já aconteceram ou andam acontecendo em Nova York, Londres, Madri e Paris.
Pergunta 1: temos nós as mesmas "balas na agulha", das citadas metrópoles?
Pior: com a Copa e depois Olimpíadas, as coisas tendem a piorar.
Pergunta 2: qual a diferença entre ficar em casa sábado à noite vendo TV em uma cidade menor ou em uma famosa metrópole?
Mas a culpa não é do capitalismo radical que transforma a cidade maravilhosa em um grande negócio. A culpa é minha que não tenho dinheiro suficiente para ter um cobertura de frente pro mar em um país chamado Ipanema/Leblon.
Bem, há coisas piores. Sigamos em frente. Afinal, sempre teremos os aeroportos, a rodoviária, a via Dutra, a BR-101, etc.

6 comentários:

Alice disse...

Excelente Marcos! Acrescentaria que alguns programa do governo proporcionaram a compra da casa própria e do carro. Mas aí falta dinheiro para o condomínio e a gasolina. Lazer nem se fala!
Bjs.

Anônimo disse...

Blogueiro, seu post merece um grande debate. Infelizmente, não há espaço e nem é o lugar apropriado. Mas, em resumo, tudo o que relatou faz parte da lógica de nossa sociedade. Vamos esperar o que, de uma sociedade especulativa, consumista, egoísta, hipócrita e altamente predatória. Merecia uma análise mais profunda. Há muitos autores, cientistas políticos e sociais, urbanistas, filósofos etc., que já se debruçaram sobre essas e tantas outras questões que envolvem esse famigerado sistema capitalista. A alienação vai continuar, a grande e poderosa mídia, a serviço dos interesses da elite, está cada vez mais aprimorada em seus mecanismos de persuasão de comportamentos que a beneficie mais e mais, em detrimento das reais necessidades de nossa população. Educação, saúde pública gratuita e de alta qualidade, dentre outras tantas demandas, não fazem parte, efetivamente, dos interesse de quem realmente comanda esse nosso país. ...
A sua última frase, de certa forma, trazendo um toque de humor(não acha?), mas irônico, talvez retrate o que a grande maioria pensa. Ela é pertinente, mas de nada adianta para se buscar alguma luz nesse horizonte. Bem, peço desculpas por trazer palavras um tanto desanimadas ou descrentes, mas é esse cenário de egoísmo, exploração etc., em que convivemos.
Att.

Anônimo disse...

O Rio é hj de quem tem grana.

Anônimo disse...

O Rio é hj de quem tem grana.

Anônimo disse...

O Rio é lindo e maravilhoso observado de uma aeronave. Mas basta caminhar pelos bairros de classe média, mesmo os da Zona Sul, que você verifica que ela é uma metrópole de terceiro mundo com qualidade de vida ruim. A cidade está suja, muito violenta, com menores assaltando a qualquer hora, cracudos perambulando como zumbis ou prostados nas calçadas, trânsito caótico, metrô impraticável e os trens e barcas patéticos. Os subúrbios estão abandonados. Ah, mas tem as praias. Sim, mas com arrastão e poluídas. E para completar com fecho de ouro, a cidade está muito cara.

Marcos Oliveira disse...

Caros amigos, obrigado pelos comentários que enriqueceram o nosso post. Estejam sempre a vontade para opinar e complementar nossas observações.
Abraços.