3 de setembro de 2014

Marina parou de crescer e pode ser batida por Dilma no primeiro e segundo turnos

É necessário aguardar as próximas pesquisas (torcendo para que não sejam manipuladas) mas, ao que parece, começa acontecer o que se previa por muitos: passado a fase do "veloriomício" e quando se começou a mostrar as contradições de Marina e as realizações do governo Dilma, as coisas começam a voltar a situação anterior, à exceção de Aécio que, pelo jeito, é 'cachorro morto'.


A principal conclusão das novas pesquisas: Marina pode ser batida
Por Paulo Nogueira
"A importância das duas pesquisas que saíram no mesmo dia com diferença de poucas horas reside no seguinte: está aberta a disputa pela presidência.

Quer dizer, aberta para Dilma e para Marina. Aécio vai se encaminhando para um final melancólico em sua primeira tentativa de ganhar o Planalto.

Os números do Ibope e do Datafolha, embora indiquem empate técnico entre Dilma e Marina, estão sendo muito mais comemorados pelo PT.

É que parece que Marina deixou de crescer no ritmo frenético dos primeiros dias.

O temor entre os petistas era que a Marinamania – aquele momento em que tudo dá certo — só cedesse depois das eleições.

Compreende-se por que um líder do partido disse que o Ibope – que saiu antes do Datafolha – deu um “gás gigantesco” à campanha de Dilma.

Começou a ficar mais áspera a caminhada  de Marina.

A direita não confia em Marina: o Estadão num editorial disse que sua vitória seria o “prenúncio” de uma crise. O Globo, também em editorial, comparou-a a Jânio.

Pela esquerda, o entusiasmo de muitos com Marina cedeu depois de coisas como o recuo na questão do casamento gay, aparentemente motivado por pressões de fundamentalistas evangélicos como Malafaia.

“Será o segundo turno mais longo da história”, disse Lula há poucos dias.

Num certo instante, chegou a pairar a dúvida até sobre se haveria segundo turno. Daí o “gás gigantesco” de que falou o dirigente petista.

Marina pode ser derrotada: essa constatação é o que mais importa para os petistas.

Se será, é outra história."

Fonte: Diário do Centro do Mundo

4 comentários:

Marcos Oliveira disse...

De um navegante que acredita em pesquisas, mas não dispensa a bússola.

O que há de comum entre a pesquisa Ibope de hoje e os levantamentos internos das campanhas é: Marina cai. Dilma se recupera.


Os trackings do PSDB dão resultado praticamente igual ao do Ibope. Os do PT mostram Dilma abrindo a boca do jacaré no primeiro turno, com 7 pontos de frente. E fechando no segundo, já em situação de empate técnico.


A antecipação do Datafolha (que só deveria ser divulgado amanhã) permite à Globo fugir das duas manchetes. E sair-se com “pesquisas mantêm empate”. Empate que só o Datafolha viu.


O Datafolha é a Proconsult desta eleição.

Em tempo: “Escândalo da Proconsult” foi a tentativa do regime militar e da Globo de tomar uma eleição do Brizola, no Rio, com a manipulação dos computadores de uma empresa – Proconsult – contratada pelo TRE. Sobre a matéria, ler “A peleja de Brizola contra a fraude eleitoral”… Modestamente – PHA

Marcos Oliveira disse...

Ibope: onda Marina começa a refluir?
por Rodrigo Vianna

O IBOPE divulgado nesta quarta-feira consolida em números um movimento (ainda sutil) que foi sentido primeiro nas redes sociais: a fase do deslumbre com Marina Silva já passou, e ela agora é vista com alguma desconfiança.

Foi o que escrevi aqui: no último fim-de-semana, pela primeira vez, Marina virou alvo nas redes. Foi questionada duramente. Apanhou como nunca. E segue a apanhar. São movimentos perceptíveis por aqueles que fazem monitoramente das redes: “Começa a surgir um movimento de retirada de apoio a Marina em meios intelectuais. Algo que não pode ser medido em votos. Mas significa que a candidata – submetida a um escrutínio mais duro – não é uma rainha previamente escolhida por deus.”

Pelo IBOPE, Dilma tem 37% (subiu 3 pontos), Marina 33% (subiu 4 pontos) e Aécio se arrasta com 15% (perdeu exatamente os 4 pontos que Marina ganhou).

Tudo indica que há uma transfusão de votos de Aécio para Marina (especialmente em São Paulo), mas que Marina não avança no voto duro petista. Sobre isso, leia a análise (sempre ponderada e correta) de José Roberto de Toledo, no Estadão: “onda Marina bate em Dilma e não avança”.

Há ainda outros dois dados a indicar que Marina (apesar de ainda muito forte, especialmente em São Paulo, onde virou a candidata do conservadorismo mais tacanho) não é uma candidata imbatível:

- a vantagem no segundo turno era de nove pontos há uma semana (45% Marina x 36% Dilma); e agora é de sete pontos (46% Marina x 39% Dilma);

- a avaliação do governo Dilma voltou a melhorar (num sinal de que a campanha na TV funciona para, ao menos, recuperar aquele eleitor tradicional do lulismo, que estava sob o bombardeio midiático – e agora percebe que o governo não acabou e tem bons resultados a mostrar).

Mais que isso: o PSDB percebeu que precisa fazer a disputa com Marina. Ainda que de forma moderada. Um economista tucano disse hoje no Estadão que o programa de Marina é “inviável”. E aí não se trata de proselitismo. O economista fez as contas e mostrou que as promessas de Marina custariam 150 bilhões de reais, e são incompatíveis com o programa de “ajuste fiscal” que Marina também promete.

Ou seja, fica evidente que Marina é inconsistente: quer ser tucana e petista ao mesmo tempo. De um lado, promete “ajuste” e se curva aos banqueiros; mas não abre mão do “social”, que é a marca do lulismo. Não dá. Vai ter que escolher um lado. No segundo turno, Marina será levada para o lado do tucanato. E aí tudo ficará claro.

Além disso, Aécio voltou a dizer que Marina é “uma aventura” para o país.

Tudo isso (mais as concessões de Marina aos pastores obcecados com as preferências sexuais alheias) gera uma situação em que Dilma pode, lentamente, se recuperar.

Marcos Oliveira disse...

Está claro que Dilma deve mirar para o eleitorado mais pobre que migrou para Marina nas últimas semanas. É o eleitorado que sabe como foram ruins os anos FHC. Um eleitorado que está inclinado para Marina; mas não decidido. Não se engane: o antipetismo estridente dos marinistas de facebook não se confunde com o eleitor de Marina de baixa renda. Que gosta de Lula, e pode votar em Dilma.

Por isso, não tem conversa: Dilma precisa deixar claro que Marina significa a volta dos anos FHC na economia. Precisa ir pro debate aberto, com Lula na rua e o combate nas redes.

Tudo isso pode levar Dilma para o segundo turno numa situação um pouco mais cômoda: Dilma 40%, Marina 30%, Aécio 15%. Se esse quadro se consolidar, teremos um segundo turno onde o povão fará sua escolha entre o certo (que precisa ser ajustado e melhorado) e o duvidoso (ou a “aventura”, como diz Aécio).

Ah, e se um marinista reclamar que o PT está usando “tática do medo”, seria bom lembrar ao sujeito que ele deve votar sem medo e sem ilusão: vote sem medo em Marina e tenha certeza que você terá de volta os tempos de FHC (desemprego, quebradeira de empresas, faculdade e avião só pra rico).

Lembre-se: sem medo!

O resto é blá-blá-blá de quem já foi ambientalista de esquerda, e hoje virou a cara do que há de mais conservador no Brasil.

Atualização

No DataFolha, Marina parou de subir. Primeiro turno: Dilma 35%, Marina 34% e Aécio 14%.

Mais importante é que, no segundo turno, a diferença que era de 10 pontos caiu para sete: Marina 48%, Dilma 41%.

Marina é favorita, mas eleição está em aberto.

Marcos Oliveira disse...

Uma análise da pesquisa do Ibope comparada aos trackings diários
Por Renato Rovai
A pesquisa Ibope divulgada há pouco que apontou Dilma com 37%, Marina, 33%, e Aécio, 15%, confirma uma recuperação de Dilma que já vinha sendo percebida em trackings internos. Em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, Dilma cresceu 3 pontos e Marina 4. Mas se comparado ao Datafolha, que apontou empate entre elas em 34%, o que se pode inferir é que Dilma voltou a crescer. E é exatamente isso que os trackings estão apontando.

Principalmente no Sul, no Centro Oeste e no Norte a candidata do PT tem recuperado votos que haviam migrado para os indecisos e em menor proporção para Marina. Seu crescimento tem sido lento, mas constante nessas regiões. Em São Paulo e no Rio de Janeiro esse movimento ainda não ocorreu. Isso acontece porque nesses lugares Marina penetrou nas classes populares e conseguiu se segurar num patamar alto.Mas ao que parece ela já começa a perder votos, entre os eleitores com ensino superior desses estados. O que pode indicar um movimento de recuo futuro também em outros segmentos.

Os questionamentos a respeito de algumas posições de Marina, como o volta atrás nas posições sobre o segmento LGBT, chega primeiro nos mais informados e vai se alastrando na dinâmica da pedra no lago. E como essas discussões têm se estabelecido principalmente pelas redes, até bater no povão isso pode demorar alguns dias.

Mas mesmo nos trackings, Dilma continua perdendo para Marina no segundo turno. No Ibope, a diferença é de seis pontos(46% a 39%). Nos trackings, 4%. As pessoas que têm estudados esses dados e com as quais tive oportunidade de conversar entre ontem e hoje avaliam que ainda é cedo para dizer que a candidata do PSB chegou ao seu teto, mas ao mesmo tempo avaliam que parece haver uma acomodação da onda que a levou até o atual patamar.

O que parece quase certo é que Aécio perdeu a vaga no segundo turno. Mas nem isso pode ser considerado definitivo. Se vier a concentrar sua campanha em Minas e São Paulo, como seus coordenadores têm dito, ele pode recuperar uma parte dos votos que tinha nesses estados e puxar Marina para baixo.

Aliás, a estratégia de Aécio de priorizar Minas e São Paulo neste momento é a mais viável e correta. A estratégia dele deve ser a de convencer o eleitorado mais conservador desses estados de que Marina é um voo cego. Se for eficiente, pode voltar ao patamar próximo a 20% e tirar Marina da casa dos 30%, o que lhe reabriria o jogo. E permitiria, quem sabe, um sopro final de esperança na reta final.

O fato é que a pesquisa Ibope de hoje, somada aos bastidores de trackings, colocam a campanha num ponto mais racional. O que, aliás, este blogue vem alertando que teria de acontecer em algum momento. Isso não significa que Marina acabou. Ela ainda é favorita. Mas terá a partir de agora que convencer eleitores não tão somente pela emoção. E não apenas no esquema sonhático.

Até porque já ficou claro que não há sonho que concilie, por exemplo, o que pensa Malafaia e o que defende o movimento LGBT. Marina agora terá de demonstrar consistência. E talvez seja isso o que mais tenha lhe faltado nos últimos dias. A firmeza de Marina em questões importantes tem tido a consistência de uma gelatina. E o eleitor brasileiro não gosta disso.

Atualizando a partir da divulgação do Datafolha:

A análise acima não perde nada com a divulgação do Datafolha (Dilma 35%, Marina, 34%, e Aécio, 14%). O que fica claro de fato é que Marina parou de crescer e que Dilma inverteu sua curva de queda. É fato também que tudo está dentro da margem de erro. O que é mais importante no Datafolha é que a diferença entre Dilma e Marina que era de 10 pontos a favor da candidata do PSB no segundo turno, neste levantamento caiu para sete. Números mais próximos do Ibope e dos trackings. Ainda tem muita eleição pela frente.