11 de maio de 2013

Falar ou Calar?

Bom o ensaio abaixo do escritor Roberto Goldkorn que, de certa forma, complementa parte do texto sobre 'silêncio' que escrevi ontem aqui no blog.
Roberto tem um site legal cujo objetivo é fazer uma "ponte entre a ciência e a espiritualidade" e que tem muitos artigos interessantes.



Falar ou Calar
"Quem cala consente? Ou o silêncio é de ouro? Palavras o vento leva? Ou a palavra dita é como uma flexa disparada?
Quem sabe não fala ou se fala é porque não sabe?
As palavras são a forma mais comum de comunicação entre as pessoas, e por isso as chances das palavras serem a maior ferramenta de desentendimento entre as pessoas são imensas.
Quando um casal discute a relação de forma sistemática, as probabilidades de haver uma “desinteligência” é muito grande, porque usar palavras para discutir emoções, posturas diante da vida, criticar comportamentos pessoais e interpessoais, é um passo perigoso na direção da ofensa e do abismo da incompreensão. Parece paradoxal mas falar demais sobre sentimentos, comportamentos pode ser uma das formas mais eficiente de fugir do enfrentamento do real, da ação transformadora.
O uso exagerado e torrencial de palavras é a verborragia, um truque da mente para driblar o encontro com seu próprio mundo interior e se furtar a agir.
Quando uma pessoa desenvolve uma grande capacidade de expressar através de palavras seus pensamentos e idéias, e o faz de forma compulsiva, (metralhadora giratória) em geral está se blindando para nunca entrar em contato com seus sentimentos e emoções, e não permitr que ninguém mais o faça.
Na maioria das vezes pessoas que dizem não serem capazes de agredir fisicamente o outro, o fazem com palavras que quase sempre conseguem ser tão dolorosas quanto um tapa na cara. Para os verborrágicos o ataque é a melhor defesa.
Uma discussão acalorada, que sobe num crescente com palavras inflamadas gerando emoções cada vez mais “quentes” raramente acaba bem, pois como diz uma frase feita: As palavras ditas são como flexas disparadas, depois que saem do “arco” não voltam mais. Nesses casos o silêncio, a parcimônia com as palavras é o que minha vó chamaria de um “santo remédio”.
O silêncio porém não é a solução para tudo, ele pode ser salvador, preservador, mas pode ser um muro de proteção para a covardia, a omissão e o desprezo pelo outro.
O silêncio acompanhado de gestos de sarcasmo ou ironia é mais eloquente (e mais contundente) que dezenas de palavras cruéis.
Assim não há benefício nas palavras que brotam feito enxurrada cada uma carregando “bombas” emocionais, nem no silêncio estratégico, malandro que visa deixar o outro com suas próprias palavras zanzando no éter, órfãos de uma resposta.
Um dos segredos da sabedoria é falar com propriedade, sem prolixidade, com a clareza dos cristais. E o outro está no silêncio respeitador, aquele que sem vibrar as cordas vocais diz tudo e um pouco mais, sem provocar réplicas e tréplicas inúteis e  vazias de significado."

Quem é Roberto Goldkorn
Roberto Goldkorn nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo há trinta anos. Escritor, psicoterapeuta, conferencista internacional. Tem uma forte participação na mídia eletrônica e na internet, e seus textos viajam o mundo sempre com grande repercussão. Roberto tem uma visão integradora do psiquismo e do espiritual, do social e do emocional visando a retomada da harmonia entre as forças que regem a vida do indivíduo. Dedica-se atualmente ao Mentoring de profissionais e pessoas em geral, e ao trabalho com a Medicina da Habitação (Feng Shui) tanto em espaços particulares quanto aos ambientes de trabalho.  Além do trabalho no Brasil, tem atuado com intensidade em Portugal e em outros países através da Internet.

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