21 de maio de 2013

O boato sobre a extinção do Bolsa Família: o que ainda vem por aí

Do Blog do Mello: "Boato sobre Bolsa Família só aconteceu porque temos três ministérios fracos: Justiça, Comunicação e Secom"

"O boato sobre a extinção do Bolsa Família atingiu 12 estados. Milhares de brasileiros (os mais pobres) correram às agências da Caixa com medo de não receberem o benefício.

Dizem que o boato começou na internet. Pode ser. Mas duvide-o-dó que tenha sido espalhado por ela. Aí tem rádios populares, com toda certeza, pois o povão do Bolsa Família só tem computadores, carros e aviões na mensagem distorcida da mídia corporativa.

Esse atrevimento de bolar e botar em execução um plano com esse alcance só acontece porque temos três ministérios fracos, acocorados - o da Justiça, o da Comunicação e a Secretaria de Comunicação, que enche de verba o inimigo que lhe ataca. Três bananas.

A presidenta Dilma que não se engane: esse boato plantado, e que atingiu seu objetivo de provocar pânico, é apenas balão de ensaio do que vem por aí.

Caso ela continue apoiando esses ministérios inoperantes, pode ter a desagradável surpresa de ver adiante um boato como o de que todos devem correr aos bancos porque eles vão quebrar, ou, ainda (vamos ver se assim ela se move), o de sua renúncia, um golpe etc., trazendo caos ao país, sem que nada disso tenha sido detectado pelas agências de inteligência (nas mãos do bananão da Justiça), com apoio das concessionárias de rádio, TV e teles ( nas mãos do bananão da Comunicação) e com as fartas verbas publicitárias do governo (nas mãos da bananona da Secom).

Presidenta, Lula quando chegou à presidência já havia concorrido três vezes. Além disso, percorreu o país com a Caravana da Cidadania, nasceu pobre no interior do nordeste, e virou um grande líder metalúrgico. Sua imagem é conhecida, admirada e está na imaginação e no coração de todos. Lula fala diretamente com o povo. Você, presidenta, ainda não. Grande parte do seu prestígio ainda vem dele, por isso a mídia não se cansa de querer dissociá-los.

Portanto, cuidado. João Goulart, com uma proximidade do movimento sindical imensamente maior que a sua, foi defenestrado com um aviso falso de que havia fugido do país, divulgado pelas rádios e espalhado pelos jornais. O Congresso fez o resto, enquanto os tanques tomavam as ruas.

O boato do fim do Bolsa Família abriu a jaula. Ou a presidenta prende as feras ou pode vir a ser devorada por elas."

Confusão total nas agências da Caixa

3 comentários:

Anônimo disse...

Faltou uma ação imediata do Governo Federal neste episódio. A Presidenta, sem delegar para nenhum subalterno, deveria imediatamente entrar em Cadeia Nacional, esclarecendo a falsidade da informação e dando um recado duro para os inimigos. É necessário que Governo saia do canto do ringue e parta para o ataque. E não adianta ficar chorando e raclamando do PIG porque, como foi alertado no post, vem chumbo grosso por aí.

Mauro Santayanna disse...

Agiu bem a ministra Maria do Socorro, ao recuar da açodada insinuação de que o boato sobre a Bolsa Família partira de “uma central de boatos da Oposição”. Boatos dessa natureza costumam surgir por acaso, da imaginação de qualquer um, que os põe a circular. Eles medram em minutos e horas, e é difícil vencê-los.
Todos nós sabemos como é fácil promover uma corrida bancária. Por isso o boato sobre o Bolsa Família contaminou vários estados em tão pouco tempo: atingiu pessoas ingênuas e que dependem do subsídio federal para navegar o seu mês. É mais provável que o rumor tenha surgido assim, como certos incêndios se iniciam com raios de sol concentrados por um caco de vidro.

Mauro Santayanna disse...

Ao acreditar que tenha havido intenção política na invencionice, é melhor atribuí-la a outro tipo de oposição, que não seja a político-partidária. Ainda que façamos de conta que nada existe, convém remontar há tempos antigos, mas historicamente recentes, para saber que os inimigos externos não descansam, e começam a investir na criação de crises artificiais. São os que alimentam e adestram gatos, com o método de Pavlov, para retirar as sardinhas do braseiro. Para isso, é claro, é preciso reunir as brasas.
Estamos em momento que pede lucidez e bom senso, mas não faltam os pirotécnicos. Daqui a poucos meses, e em ano eleitoral, fará 50 anos que o presidente João Goulart foi afastado violentamente do poder que o povo, em eleições livres, lhe conferira.
Melhor seria que nos limitássemos a registrar a data, como registramos outros fatos históricos, como a Guerra de Canudos ou a Campanha da Vacina Obrigatória. Não temos por que comemorar o episódio, nem por que reacender os sentimentos dos que – além de o Brasil como um todo – sofreram pesadamente o período ditatorial. Foi, como já se sabe hoje, movimento político, insuflado pelos estrategistas norte-americanos, dentro do contexto da Guerra Fria, contra o desenvolvimento autônomo de nosso país. Movimento político que, como outros anteriores, chegou aos quartéis mediante as chamadas vivandeiras.
Os comandantes militares do passado odiavam as vivandeiras, que abasteciam, de víveres e de boatos, os exércitos em operação, corroendo o brio moral das tropas. Alguns oficiais que serviam em 1964, já doutrinados pelo Pentágono, ouviram as desafinadas sereias, com os resultados conhecidos. E convém registrar que inúmeros oficiais e graduados das Forças Armadas sofreram tanto quanto os civis com a repressão conhecida.
É preciso entender o que houve, com a ajuda dos historiadores e estudiosos de política, a fim de evitar outros desvios. Entender, sem açular o ódio recíproco, e sem descuidar da vigilância na defesa da liberdade.
Temos que nos preparar para novos e prováveis boatos e combatê-los com a divulgação da verdade. As eleições do ano próximo consolidarão o maior período de estabilidade constitucional de nossa República, com mais de um quarto de século de vigência da Carta de 5 de Outubro. Ainda que tenha sido submetida a emendas esdrúxulas, sobretudo na ordem econômica, e em benefício do neoliberalismo globalizador, o documento permitiu o impeachment, sem traumas, de um presidente imaturo, e a normalidade das escolhas eleitorais que se seguiram.
A retomada dos ritos democráticos de construção dos governos pela soberania popular se fez contra os extremos do espectro ideológico. O movimento de 1964 fora “contra” os espantalhos do “comunismo ateu”, e em favor da “família cristã”. Não há mais comunismo ateu e, se formos duros na análise, resta muito pouco do escasso espírito cristão que ainda havia na sociedade mundial.
Foi a articulação dos moderados, no centro da razão política, que levou as multidões às ruas e à vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral. A doença matou-o, mas não o derrotou, como o suave, mas corajoso, comandante de uma revolução política, que, para lembrar Victor Hugo, significou o fim de uma ficção para o retorno à realidade, ou seja, à soberania do povo sobre o Estado.
Boatos como esse, nascidos da parvoíce de alguém, ou produzidos pela sabotagem de agentes externos ou internos, interessados na baderna, não nos afastarão do caminho do meio, que duramente aprendemos a trilhar.