12 de março de 2014

De Brasília: “Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”

O Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, tem feito umas análises políticas bem acertadas a respeito de fatos recentes.
É o caso deste comentário sobre a "rebelião" do PMDB (base aliada do Governo) por conta de vingança contra a tentativa de Dilma colocar ordem na casa.
Para quem conhece o PMDB não é novidade. Mas serviu para mostrar o que é verdadeiramente o partido, para os incautos.
A análise mostra que o fisiologismo e interesses individuas de momento em detrimento dos interesses do país pode ter seu preço. E o PMDB (e outros partidos do "blocão", que lembra o "centrão" do FHC) vai tendo que acabar por pagar.
Mas tem mais. O PMDB vem como um caminhão ladeira abaixo.
Vejam alguns itens que selecionei de matéria publicada no Viomundo:
"Mal encerrada a votação, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), já anunciava que a guerra continua. Segundo ele, nesta quarta (12), o partido irá trabalhar para colocar em pauta e derrubar o marco civil da internet, matéria considerada prioritária pelo governo e que tem o apoio dos movimentos organizados pela democratização da comunicação. “Nós queremos votar amanhã [quarta] e vamos votar para derrotar”, afirmou.
Cunha, que vinha sendo isolado pelo Planalto como principal responsável pela crise entre PT e PMDB, recebeu apoio irrestrito da bancada de seu partido na terça.
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"Cunha, que vinha sendo isolado pelo Planalto como principal responsável pela crise entre PT e PMDB, recebeu apoio irrestrito da bancada de seu partido na terça.
Dos 72 deputados, mais de 60 participaram da reunião que aprovou, por unanimidade, uma moção de apoio ao líder, desgastado após trocar farpas públicas com o presidente do PT, Rui Falcão, e se posicionar de forma irredutível contra o marco civil da internet, defendendo os interesses comerciais das empresas de telecomunicações.
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PS do Viomundo: "Tudo começou quando Dilma tomou a direitoria internacional da Petrobrás que estava sob controle de um aliado de Eduardo Cunha, nos diz uma importante fonte do setor da energia. A ver. Se for fato, revela a que se resumiu a política no Brasil."


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Qual o preço da vitória do blocão contra o governo?
"A oposição, aí incluindo seus tentáculos na mídia, tem o direito de comemorar a derrota política imposta pelo chamado “blocão” contra o governo nesta terça-feira, ao criar uma comissão para investigar negócios da Petrobrás na Holanda.

É uma vitória que vale especialmente para a centro-direita (ou direita mesmo) que apóia o governo de má vontade, apenas por apego ao poder, como é o caso de parcela do PMDB e quase todo PSD, cujos membros saíram do DEM à procura de sombra e água fresca.

Entretanto, esse movimento tem dois lados.

De um lado, mostra a força do blocão, que agora tentará usar isso para ampliar as chantagens contra o governo.

De outro, revela, para o governo, quem são seus verdadeiros aliados, e quem está pronto para lhe passar a perna na primeira oportunidade.

Em ano de eleição, é muito bom saber, com certeza, quem está do seu lado de verdade.

O Congresso tem 513 deputados. O blocão conseguiu exatamente a metade do total: 257 deputados.

A turma de Eduardo Cunha assinou uma declaração de guerra. Uma guerra surda, porque entre aliados em tese, mas por isso mesmo ainda mais fratricida e sangrenta.

No Painel da Folha, há a informação de que Eduardo Cunha disse a Michel Temer que o PT tem um “projeto hegemônico que afasta aos poucos os partidos da coalização”.

Pode até ser. Mas Cunha tem um ponto-fraco. Ele confia demais em jogadas palacianas, e esquece que o poder político, seja do PT, seja do PMDB, seja do governo, seja da oposição, só tem uma fonte real: o voto.

O PMDB foi o único partido da base que perdeu filiados em 2013. Por quê? Porque não está mudando. Não está discutindo teses, programas, ideologias, projetos de país. O adversário do PMDB não é o PT, é seu próprio espelho. É um partido grande, capilarizado, que governa milhares de municípios, e que poderia contribuir muito mais para o debate político nacional se investisse mais em… debates, e menos em figuras questionáveis como Eduardo Cunha.

Afinal, o que quer o PMDB? Que o PT, ou qualquer partido que estiver no governo, lhe garanta algum tipo de cota fixa, imutável, em troca de seu apoio no Congresso?

Na verdade, o PMDB faz um jogo duplo. Ele apóia o governo, de um lado, mas surfa no antipetismo, de outro. Até aí tudo bem, é da política.

Mas haverá um momento em que o partido terá de se decidir. Essa postura de ameaçar o governo com um possível apoio a Aécio Neves apenas ridiculariza o PMDB, porque revela um partido sem substância, disposto a apoiar qualquer um, desde que lhe pague bem. Ao agir assim, as eleições se tornarão cada vez mais caras para o PMDB, porque ele terá cada vez menos o voto das pessoas politizadas, e precisarão cada vez mais do voto fisiológico, comprado a peso de ouro de um eleitor cada vez mais cético, num mercado eleitoral cada vez mais competitivo.

Tem uma senhora cujos serviços de faxina eu contrato de vez em quando que me contou uma coisa engraçada. È triste por um lado, até porque isso não deve ser legal, mas engraçado também. Os políticos lhe dão dinheiro para que ela distribua aos eleitores da região. Compra de voto descarada. O eleitor vai à casa dela, dá o número do título, e recebe R$ 50.

Aí entra a parte engraçada. Tem eleitor que vendeu seu voto para mais de cinco candidatos diferentes. Ou seja, o político, quando pensa que está enganando o eleitor, está é levando uma rasteira, merecida, do cidadão. O cidadão pega o dinheiro, evidentemente porque está precisando, mas não vota no candidato que lhe deu o recurso. Ou pode até votar num daqueles que lhe deu dinheiro, mas vota naquele de sua preferência. Ou seja, o recurso à compra de voto fica cada vez mais caro, pois o voto é secreto, protegendo o eleitor.

Voltando à “vitória” do blocão sobre o governo, tenho a impressão que muitos parlamentares que se recusaram a participar do jogo sujo de chantagem política liderado por Eduardo Cunha se identificarão com esta frase de Darcy Ribeiro, que o colega de Twitter, Mario Marona, lembrou nesta manhã, ao publicar a foto abaixo.

“Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”."

"Blocão" na "vitória" de ontem

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