4 de novembro de 2010

Os necessários esclarecimentos pós-campanha eleitoral - por Luis Nassif.

Na manhã desta quinta-feira, depois do Marcos Cardozo nos brindar com tantas e magníficas obras musicais desconhecidas pela maioria de nós mortais, eis que surge uma análise devida neste momento de pós-campanha eleitoral; e destacamos com prazer no nosso blog:

"Coluna EconômicaNos últimos dias, a futura presidenta Dilma Rousseff concedeu uma conjunto de entrevistas a emissoras de televisão e, ontem, em uma coletiva de imprensa.
Foi curiosa a reação dos comentaristas em geral. Muitos elogios, a constatação de que ela não era bem aquilo que se julgava que fosse, referências à clareza de idéias, a afirmação de que, finalmente, se sabe o que ela pensa.
E o que se viu foi a mesma Dilma Ministra das Minas e Energia, Ministra-Chefe da Casa Civil e candidata a presidente da República, com as mesmas idéias e propostas.


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Ontem mesmo, no Valor Econômico, o presidente do Bradesco Luiz Carlos Trabucco Capi mostrava o que deverá ser o governo Dilma: investimento social, uso do pré-sal para políticas industriais e sociais, ênfase em programas tipo Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, para o presidente do segundo maior banco privado brasileiro, nunca houve dúvidas maiores sobre como seria um governo Dilma.


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No entanto, durante toda a campanha, Dilma foi apresentada como assassina, terrorista, sapatão, matadora de criancinhas, chefe de quadrilha, anti-religião etc. Qualquer tentativa de mostrar que não era isso resultava em reações agressivas, preconceituosas.
O que teria ocorrido para, apenas dois dias depois, ser saudada como uma presidenta de bom senso, no qual os mesmos jornais depositam esperanças de um bom governo.
Simples: acabaram as eleições.
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Essa mudança radical de tratamento obriga a uma reflexão sobre os estilos de campanha eleitoral no Brasil.A oposição enfrentou grandes problemas para definir uma linha programática, dado o grau de aprovação ao governo de Lula. Julgou que o único caminho seria o da desconstrução da imagem de Dilma. Poderia ter feito no campo administrativo, na falta de vivência eleitoral, insistido na tese de que a candidatura foi criada por Lula, que a falta de prática política poderia dificultar o futuro governo.


Resolveu ir além. Indo, rompeu com todos os limites da crítica.
A campanha terrível, nos programas eleitorais, por emails, telemarketing, deve ter permitido uns cinco pontos a mais para José Serra. Mas e o preço?
Eleita presidenta, em pouco tempo Dilma desmanchará essa imagem criada no ardor da campanha. Ontem mesmo, sem o peso da campanha, sem os ataques terríveis contra sua honra, viu-se uma mulher normal, simpática, à vontade, ganhando elogios dos antigos críticos.


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À medida que seu governo caminhe, será alvo de críticas e elogios normais, não de apologias ou infâmias. E, como 80% da população aprova a política de governo.
Já o preço pago pela oposição será pesado. Agora mesmo, os mesmos eleitores que acreditaram na campanha negativa abrem os jornais, revistas, assistem pela TV entrevistas ou comentários sobre a presidenta eleita e percebem que foram ludibriados.
Levará algum tempo para se desfazer a pesada cortina de preconceitos criadas pela campanha, o componente religioso, o tratamento oportunista dado à questão do aborto. Mas, principalmente, dificultará a reconstrução da oposição."
SAIBA MAIS

Um comentário:

Fabrício Lima disse...

Análise deveras pertinente.
Acho que muita gente deve ter vergonha do que fez.
Já outros deveriam investir em sua própria formação cultural para evitar de ser ludibriados por esses espertalhões de má fé.