16 de agosto de 2012

Alimentação e Mudança Climática

Um interessante artigo foi publicado esta semana sobre uma possível crise alimentar por conta das mudanças no sistema climático global. 

O destaque resulta da grande seca que atingiu os EUA e as grandes enchentes acometidas na China (grandes produtores mundiais de alimentos) nos últimos meses e que fez cair drasticamente as produções agrícolas, algo que certamente vai afetar a oferta de alimentos nos próximos meses. 

O tema tem sido recorrente nos diversos segmentos que tratam dos assuntos pertinentes às questões ambientais e sociais, não é de hoje que se fala em mudança climática, mas o artigo em tela ressalta detalhes e interliga pontos até então desconexos a primeira vista, perfazendo um painel preocupante ao envolver os fenômenos: Primavera árabe, aquecimento global, crise alimentar, inclusão social, guerras, dentre outros aspectos, vale a sua atenção e leitura.  

"Mudanças climáticas e crise alimentar

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE


Os desastres ambientais já estão provocando o início de uma crise alimentar no mundo contemporâneo, para a surpresa daqueles que pensavam que as mudanças climáticas eram um fenômeno que só iria afetar as futuras gerações.

O aquecimento global tem provocado efeitos climáticos extremos, como por exemplo, muita seca em algumas regiões e muita chuva em outras. Os Estados Unidos da América (EUA) e a China são as duas maiores economias do Planeta e os dois maiores produtores de alimentos do mundo. A Índia, a despeito da enorme pobreza, é um dos países que apresentam maior crescimento populacional e econômico nos últimos tempos. Os três países mais populososos do planeta estão sofrendo os efeitos das mudanças globais provocadas pelo aquecimento global, resultado da emissão desenfreada de gases poluentes de efeito estufa.

A seca nos Estados Unidos em 2012 deve repercutir em todo o mundo, pois a economia americana é responsável por quase metade das exportações mundiais de milho e boa parte das exportações de soja e trigo. O custo das carnes ainda não subiu porque, por enquanto, os rebanhos estão sendo abatidos aumentando a oferta, mas os preços provavelmente subirão até o fim do corrente ano. As chuvas excessivas na China tem reduzido a produção de alimentos, enquanto uma queda da precipitação provocadas pelas monções na Índia devem reduzir a produção mundial de arroz (a seca também tem sido severa no sertão nordestino do Brasil no corrente ano).

O índice de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), embora em patamares elevados, vinha caindo ao longo do ano de 2012. Porém, as chuvas na China, as menores precipitações na Índia e a pior seca dos últimos 50 anos que atingiu os EUA provocaram a reversão das tendências, acelerando a tendência de aumento dos preços de alguns produtos agrícolas, devendo ter um impacto em outras commodities nos próximos meses. Há ainda a competição entre produção agrícola para a alimentação e para energia e biocombustíveis.

No dia 09 de agosto, a FAO atualizou os dados para julho de 2012. O Índice de Preços dos Alimentos chegou a 213 pontos em julho de 2012, 12 pontos (6%) acima daquele do mês anterior, mas ainda abaixo do pico de 238 pontos atingido em fevereiro de 2011. O aumento atual ocorreu devido ao salto nos preços dos grãos e açúcar, com aumentos mais modestos de óleos e gorduras. Os preços internacionais da carne e produtos lácteos foram pouco alteradas até o momento, mas devem subir até o final do ano.

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