21 de abril de 2013

O Meu Pé de Laranja Lima

Em 2010 publiquei um post falando de lembranças da infância, no caso algumas frutas hoje exóticas.

No texto citei o livro (que depois se transformaria em novela e filme) autobiográfico "O Meu Pé de Laranja Lima" de José Mauro de Vasconcelos.

Foi um marco emocional na vida de muitos jovens. E falo de chorar mesmo.

Soube hoje que foi feito um remake do filme, lançado ontem.

Não sei se essa história vai interessar e emocionar crianças ligadas em videogames e Facebook.

E não sei se isso é bom ou ruim ou se tem alguma importância.

Provavelmente vou assistir ao filme, talvez buscando minha infância, conforme citado no texto que escrevi há alguns anos...



Reminiscências em uma pequena crônica de fim de semana ou: Sobre amoras, araçás e jabuticabas
Devo estar ficando velho. Não que pareça, já adianto. A genética e alguma atividade física têm me ajudado ao longo deste meio século mais 1 (mais 1 ano e não mais 1 século).
Essa percepção é despertada quando algum fato me dá uma espécie de nostalgia de tempos que não voltam (como diria o compositor).
Ou quando me pergunto: “cadê aquelas coisas legais que não existem mais?” ou “por onde andam aquelas pessoas que já estiveram tão presentes em minha vida?”.
Já me entenderão melhor.
Tive uma infância meio urbana meio rural (o que sempre me faz lembrar de um disco do saudoso músico Paulo Moura: “Confusão Urbana, Suburbana e Rural”, de 1976; não que eu tenha sido um jovem confuso, nem tenha participado de atos de ‘confusão’, embora eram tempos de ditadura, mas eu era uma criança).
Nasci e morei até os 12 anos na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, área que começa no final da Barra da Tijuca e avança até Santa Cruz, passando pelo Recreio, Jacarepaguá e Campo Grande. Longe, portanto, do ‘glamour’ da Zona Sul.
Em frente à minha casa havia uma imensa área livre, um sítio aberto a todos, com riacho, mangueiras, goiabeiras, coqueiros, pé de laranja lima (lembram do belo livro autobiográfico do José Mauro de Vasconcelos que depois foi transformado em filme e novela?), jamelão, tamarindo, campo de futebol e até bois criados soltos.
Pois recentemente estive em um desses estabelecimentos “hortifruti” e fiquei olhando a profusão de frutas ali disponibilizadas. Me aproximei das estantes que continham aqueles espécimes considerados mais “raros”, menos consumidos, para dar uma olhada no que havia por ali.
De repente percebi que eu não estava olhando por olhar e sim estava procurando algo. E eram três tipos de frutinhas.
Voltando ao túnel do tempo, em flashback: além do citado sítio, o quintal de minha casa era grande e havia ali também alguns pés de fruta. Tanto árvores, como arbustos.
Pois naquele momento, em frente às estantes, eu me vi outra vez em meu quintal, criança pequena, tirando direto do pé, amoras vermelhas e roxas, jabuticabas e araçás.
Não sei quantos que lêem esse texto aqui no blog conhecem essas frutas. Não cabe aqui descrevê-las, a não ser seus sabores agridoces, suas cores marcantes, seus perfumes inesquecíveis.
Pois há muito tempo não vejo nem saboreio essas delicadezas. Saíram de moda ou nunca frequentaram esses estabelecimentos? De qualquer maneira, pela fragilidade, não resistiriam muito tempo ao ritmo frenético e às distâncias da cidade grande.
Acho que elas estão lá, escondidas na roça, esperando quem sabe pela criança que já fui e que erroneamente teimo em nunca mais voltar a ser.
Na verdade, ao olhar aquelas estantes do hortifruti procurando amoras, araçás e jabuticabas eu estava procurando, além das frutas, a minha infância perdida.
Não encontrei nenhuma coisa nem outra. Estão muito distantes agora.
Quem sabe eu ainda encontre as frutas por aí. Pelo menos isso...
Bom fim de semana!

Amoras

Um comentário:

Anônima disse...

Esse livro também fez parte de minha infância e de minha vida.
Seguem algumas informações sobre o autor.
Bjs.

José Mauro de Vasconcelos (Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1920 — São Paulo, 24 de julho de 19841 ) foi um escritor brasileiro.
José Mauro nasceu de família nordestina, que migrara para o Rio de Janeiro. Os pais tinham tão poucos recursos que ele, ainda criança, teve de se transferir para a Nordeste, onde foi criado pelos tios em Natal.
Ingressando na Faculdade de Medicina da capital potiguar, abandona o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro a fim de conseguir melhores oportunidades. Ali, trabalha como carregador de bananas numa fazenda do litoral do estado, instrutor de boxe, e, devido ao belo porte físico, até como modelo pictórico. Há uma estátua sua, do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação. Em São Paulo, foi garçom de boate. Obteve uma bolsa de estudos na Espanha, mas não suportou a vida acadêmica. Abandonou os estudos depois de uma semana, preferindo correr a Europa. A atividade mais importante que exerceu foi junto aos irmãos Villas-Bôas pelos rios da região do Araguaia, conhecendo o ambiente inóspito e lutando pelos índios2 .
Estava amadurecido o homem José Mauro, e o resultado disso foi seu livro de estreia, o romance Banana Brava, de 1942, onde reflete o mundo dos homens do garimpo. Mas a obra não alcançou bons resultados na época, apesar de algumas críticas favoráveis. Rosinha, Minha Canoa, de 1962, marca seu primeiro sucesso.

No livro Meu Pé de Laranja Lima, de 1968, seu maior sucesso editorial, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida. Foi escrito em apenas doze dias. "Porém estava dentro de mim há anos, há vinte anos", disse numa entrevista.