20 de abril de 2013

R.I.P.: Storm Thorgerson (criador do estúdio Hipgnosis) *Inglaterra, Potters Bar, *28 de fevereiro de 1944; +18 de abril de 2013


Soube hoje desta triste notícia.
Storm Thorgerson foi um dos criadores e principal nome do famoso coletivo de design Hipgnosis.
É de sua responsabilidade a criação de capas de discos históricas do Pink Floyd na década de 1970.
Mas trabalhou também com Led Zeppelin, Alan Parsons, Genesis, Dream Theater, etc.
Tudo obra de arte, sobretudo quando vistas no formato vinil.
Uma grande perda para a história da música popular e das artes de forma geral.
David Gilmour (guitarrista do Pink Floyd): "Conhecemo-nos no início de nossa adolescência. Ele foi uma força constante em minha vida, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Um ombro para chorar e um grande amigo. Sentirei sua falta".
Ele tinha 70 anos e estava há algum tempo combatendo um câncer. Segundo a família morreu tranquilo junto à amigos.
Abaixo o trecho de um documentário sobre a obra de Storm, com depoimentos de Robert Plant (Led Zeppelin), David Gilmour e Nick Mason (Pink Floyd), Peter Gabriel (Genesis), etc.
Rest in Peace.





(...)"Storm Thorgerson, um dos fundadores da Hipgnosis, o colectivo de arte gráfica que co-fundou com Aubrey Powell em 1967, tornou-se praticamente um espelho das ambições conceptuais do rock progressivo dos anos 1970 e uma marca autoral reconhecida bem para além do género. Foi porém com os Pink Floyd que o trabalho de Storm Thorgerson, nascido em Potters Bar, no Norte de Londres, a 28 de Fevereiro de 1944, brilhou mais intensamente. Algo que, conhecendo os seus métodos, se explica facilmente. Disse o seguinte à Rolling Stone, em 2011: “Não tenho muito a dizer sobre a música. Gosto dela, e absorvo-a. [...] O meu trabalho é reinterpretá-la.”
Como escrevemos acima, Thorgerson, que ao longo de 40 anos desenhou capas para Led Zeppelin, Black Sabbath, 10CC, Peter Gabriel ou Muse, ouvia e lia as letras com atenção e falava demoradamente com os músicos sobre as suas ideias, de forma a definir claramente a sua interpretação gráfica da música. E Thorgerson compreendia intimamente os Pink Floyd. Foi colega de escola de Syd Barrett e Roger Waters em Cambridge e manteve desde a adolescência uma forte amizade com David Gilmour.
Estudante de Inglês e Filosofia, foi atraído pelo cinema, o seu primeiro grande interesse, antes de se concentrar nas artes gráficas. Já estudante na Royal College of Art, em Londres, fundou a Hipgnosis, que teve como primeiro grande trabalho a capa de Saucerful of Secrets, o segundo álbum dos Pink Floyd. Indefinida entre a viagem cósmica e um bucolismo expressionista, a capa representava na perfeição a estética e o imaginário da era psicadélica e tornou a Hipgnosis e, por arrasto, Storm Thorgerson, muito procurada pelo meio musical.
Apontando como influências maiores Man Ray, Magritte, Kandinsky ou Ansel Adams, ou seja, fotógrafos de vanguarda e das grandes paisagens, pintores surrealistas e expressionistas, Thorgerson gostava de explorar “a ambiguidade e a contradição”, de ser “perturbador de uma forma gentil”. “Uso elementos reais de forma irreal”, cita o obituário do Guardian. Curiosamente, a sua capa mais célebre, o prisma de Dark Side of the Moon, é a mais simples e a mais distante daquela ideia. Nasceu, segundo Thorgerson, de uma provocação de Richard Wright. Este ter-lhe-á dito, recordou à Rolling Stone: “Vamos não usar uma das tuas fotos? Já utilizámos fotos antes. E que tal uma mudança? Uma ideia gráfica porreira – qualquer coisa vistosa, graciosa, elegante.”
Inspirado em parte pelos jogos de luz nos concertos dos Pink Floyd, nasceu a mais icónica capa da banda. “É uma boa ideia, mas simples. A luz refractada através de um prisma, como num arco-íris, é um acontecimento comum na natureza. Gostava de reclamar [a autoria da ideia], mas infelizmente não é minha”, afirmou à BBC em 2009.
Para além do trabalho com os Pink Floyd, criou para os Led Zeppelin a famosa capa de Houses of the Holy, a das crianças nuas numa paisagem surreal, alienígena, e deu a Peter Gabriel o retrato liquefeito que surge no terceiro álbum a solo do ex-Genesis. A partir da década de 1980, assinou também vídeos musicais para nomes como os Pink Floyd (obviamente), Yes, Rainbow ou Robert Plant. Mais recentemente, foi o autor de capas para álbuns dos Muse ou Mars Volta. Terá assinado mais de 300 ao longo da carreira.
No comunicado emitido por David Gilmour, o guitarrista recorda as tardes da adolescência passadas nas margens do rio em Cambridge, com Thorgerson “explodindo em ideias e entusiasmo”. Homem fiel aos seus métodos tradicionais – “prefiro o computador na minha cabeça ao na minha secretária”, cita-o o Guardian – não se intimidava com a escala da sua ambição. Para Animals, o álbum de 1977 dos Pink Floyd, fotografou um porco insuflável flutuando sobre uma central eléctrica – o porco gigante soltou-se e foi uma ameaça para os aviões que chegavam e partiam de Heathrow. Dez anos depois, para Momentary Lapse of Reason reuniu várias centenas de camas numa praia, um trabalho que considerou mais tarde uma verdadeira “loucura” – a equipa que acompanhou todos os percalços da empreitada concordaria certamente.
Foi aquela vontade de não se conter perante o que a música suscitava, perante as soluções que a imaginação encontrava que o tornou um nome emblemático da música da década de 1970. Ainda que não fosse músico. "
Fonte: Público - Portugal

2 comentários:

Jefferson disse...

Ele era mesmo genial.
Grande perda para o mundo da boa música que sempre flertou com outras formas de artes.

Jarbas (via Facebook) disse...

Marcos tem uma matéria muito boa com ele neste link: http://www.classicrockmagazine.com/blog/was-the-nudity-necessary-yes-yes-it-was-storm-thorgerson-rages-on/