17 de setembro de 2013

Bye, Bye, Obama



Espionagem: Dilma confirma cancelamento de visita a Obama

Em nota, Presidência da República afirma que espionagem contra governo, empresas e cidadãos é "incompatível com a convivência democrática entre países amigos”


São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff oficializou hoje (17) a decisão de cancelar a visita de chefe de Estado a Washington, nos Estados Unidos, onde seria recebida no próximo dia 23 por Barack Obama.

Em nota divulgada agora há pouco, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirma que “as práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos”

A ideia vinha sendo aventada desde que surgiram informações de que o esquema de espionagem da NSA, agência de segurança da Casa Branca encarregada de bisbilhotar empresas, governos e pessoas, rastreou comunicações pessoais de Dilma.

Ontem, Obama chegou a telefonar para a presidenta na tentativa de demovê-la da ideia, mas hoje ela oficializou o cancelamento da visita de Estado, evento de categoria mais elevada dada a governantes pela diplomacia dos Estados Unidos.

Dilma e Obama tiveram reunião privada durante a cúpula do G20, no último dia 6, em São Petersburgo, na Rússia. Após o encontro, a presidenta disse a jornalistas ter dito ao norte-americano que ficava em situação muito desconfortável ao receber informações sobre as denúncias por meio de reportagens e esclareceu que queria saber “tudo, tudinho” a respeito do esquema e de como ele era usado para bisbilhotar a vida de brasileiros. "A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama", explicou, na ocasião.

Os Estados Unidos vêm mantendo o discurso de que o rastreamento visa unicamente a garantir a segurança do país, versão que não convence o Palácio do Planalto, especialmente após as revelações de que Dilma e a Petrobras foram vigiados. Quando o programa Fantástico, da Rede Globo, revelou que a NSA havia vasculhado informações da petrolífera, a presidenta emitiu nota reiterando a gravidade das denúncias trazidas à tona. “Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro”, disse.

A gravidade das denúncias se tornou maior porque as informações começaram a surgir logo em seguida a uma viagem do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Washington, ainda em agosto. Cardozo chegou ao Brasil numa sexta-feira, e o esquema de espionagem de mensagens da presidenta veio à tona em um domingo.

Na última semana, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo Machado foi a Washington para um encontro com a assessora de segurança nacional dos Estados Unidos, Susan Rice. Em nota, o governo americano disse naquele momento que “expressou ao ministro Figueiredo que os Estados Unidos compreendem que as recentes revelações à imprensa – algumas das quais distorceram nossas atividades e outras provocaram questões legítimas por nossos amigos e aliados – criaram tensões na muito estreita relação bilateral com o Brasil.”
Fonte: Rede Brasil Atual

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