28 de outubro de 2014

A paz que eu quero seguir

O amigo e leitor do blog Marcus Vinícius escreveu um excelente depoimento para as redes sociais que nós reproduzimos a seguir.
 
A paz que eu quero seguir
"Bem, meus amigos, já está na hora de computar o saldo de tudo o que se passou até aqui.. Quase dois dias depois de consumada a reeleição de Dilma, vale a pena fazer as considerações sobre a forma como eu vi o que se tornou a eleição, sobretudo nas redes. Vale a pena enumerar alguns pontos, que não podem ser deixados de lado.
Ao longo destes 4 anos, tenho ouvido vários coros contra a presidente eleita e reeleita. Não foram poucas as vezes que tive de deixar barato o “eu-odeio-esta-mulher” ou ainda “tem-que-ser-muito-burro-pra-votar-na-dilma” e outras coisas mais. As circunstâncias me fizeram silenciar e, honestamente, até me colocaram a estudar as razões que me levaram a votar em Dilma. Eu segurei a indignação e , no máximo, ponderava dizendo que, ainda que existissem erros no governo dela, retomar o passado tucano era o maior prejuízo na minha opinião.
O tempo passou e eu aqui continuo nesta linha. Não identifiquei na candidatura do Aécio a expressão da mudança. Muito menos vi nele a ruptura encarnada de tudo aquilo que o PSDB fez no passado. O que me leva a pontuar algo que para muitos seria a condenação da burrice eterna: enquanto houver do outro lado o PSDB, tendo eu vivido na era FH, tendo observado o que passava ao meu redor, tendo contabilizado o quanto de escândalo foi engavetado, e tantas outras coisas, enquanto houver do outro lado o PSDB, eu votarei contra o partido do Serra, Aécio, FH e cia. A não ser que por estas armadilhas democráticas, eu tenha que escolher entre um tucano e um ultra-conservador como o Bolsonaro, por exemplo. Aí seria o pior dos mundos, mas mesmo assim não me posicionaria a favor deste último.
Pois bem, a paz que tanto pregam aqui e em outros campos, faz todo o sentido. Aqui cabe uma auto-crítica que tenta amenizar, explicar, talvez justificar a minha série de desabafos, dada a apuração como encerrada.
Não é fácil ser chamado de burro ao longo de quatro anos, não é tão simples ter seu direito de escolha como alvo de piadas. A paz que agora se torna claramente necessária, poderia ter sido semeada ao longo dos 4 anos de Dilma. Sem criticá-la ? Obviamente que não. Críticas são críticas, visões são visões. Cada um com sua abordagem. Mas repetir ofensas pessoais a Dilma ou a qualquer presidente em exercício, diminuir quem vota neste ou naquele partido não representam no meu ponto de vista a construção da paz.
Portanto, os que fizeram a opção por Dilma, vencedores de agora, podem perder amanhã. E o que eu desejo pra mim e para os meus amigos e adversários políticos é que mantenhamos o compromisso na busca da verdade e no entendimento que o voto, muito embora seja “procedimentado” como um simples apertar de botões, envolve valores, preferências pessoais, conhecimentos prévios e tantas outras variáveis. Só se vota errado, quando se vota contra a própria vontade, contra aquilo em que se crê.
Se a trégua, a paz, e tudo o que se pede agora virou uma espécie de necessidade e vontade de tantos, eu vou apelar pro Yuka e dizer que eu quero uma paz, mas não é qualquer uma. É a paz com VOZ porque paz sem voz, não é paz, é medo.

Pra finalizar, reitero o meu pedido de respeito às minhas escolhas. Assim como preciso respeitar àqueles que não me agradam.
Existem muitas razões, motivos e lições por trás do meu voto e do meu posicionamento político. Estou disposto a revê-los quase sempre, o que não significa um comportamento camaleônico, mas que simboliza para mim uma porta aberta ao mundo e às transformações sociais que se passam ano a ano. A partir da minha observação, da minha reflexão, passo a caminhar tão firme como antes ou comprometido a me reposicionar sobre este ou aquele assunto.
O meu compromisso me põe a crer que pra quem quer entender o que é a vida, e caminha em direção a isso, a luta nunca chega ao fim. Perdendo ou ganhando, há um recado da alma que urge: É preciso força pra caminhar, pra estar de pé, independente de ter ou não o sol pra abrilhantar a estrada porque se passa.
Ontem, hoje e sempre, a luta não para.
A vida continua."

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito interessante e oportuno depoimento.

Marco Caldeira disse...

forma clara, inteligente que o leitor Marcus Vinícuius aborda sobre as escolhas me deixaram impressionado.
Muito importante esse pensamento sobre as escolhas e que elas são mutáveis e que não é porque você hoje está A ou B que você não pode interferir, mudar, cobrar... pois como ele disse, críticas são críticas... A paz na qual ele se refere é uma paz racional, uma paz social, uma paz na qual permite que suas escolhas não sejam alvos de apontamentos... Enfim, não consigo claramente expor o meu sentimento a este texto, mas o próprio título diz tudo... "A paz que eu quero seguir". Parabéns!!!

Jonis disse...

Bem ponderado.