3 de novembro de 2014

As ações da 'oposição' depois da vitória de Dilma e o medo do retorno de Lula em 2018

Reproduzimos artigo do Luiz Carlos Azenha onde ele noticia e chama atenção sobre pontos importantes relativos a acontecimentos do último fim de semana.
Vejam complementos nos comentários.


Lula em 2018 é a explicação para o estado febril da extrema direita
por Luiz Carlos Azenha no blog Viomundo

"Os leitores do Viomundo debateram fervorosamente a reportagem de Caio Castor sobre a manifestação que, uma semana depois da eleição, pediu o impeachment de Dilma Rousseff na avenida Paulista.

Por causa de nossa chamada no Facebook, muitos focaram no detalhe: a presença do escrivão da Polícia Federal Eduardo Bolsonaro, deputado federal eleito, armado sobre o palanque.

Muitos dos leitores, aparentemente apoiadores de Bolsonaro, disseram que ele, por ser policial, estava exercendo seu direito ao portar arma. Argumentaram também que Bolsonaro só será empossado em seu novo cargo em primeiro de janeiro de 2015.

Outros contra-argumentaram, levantando um debate jurídico:

    8 – EVENTUAIS RESTRIÇÕES AO DIREITO AO PORTE DE ARMA

    Direito algum é absoluto. A sua existência não é um fim em si, mas sim a realização de um valor. A solução justa não é aquela que simplesmente observa a literalidade do texto legal, mas aquela que melhor realiza o valor que deu origem ao texto legal, como mostra trecho de um artigo escrito por Edison Miguel da Silva Júnior.

    (..)

    Da mesma forma, se desarmado, seria inviável ao policial executar seu dever duradouro de combate ao crime.

    Esses são, então, os valores tutelados pelo direito de portar arma de fogo: integridade física do policial e o dever de proteção da coletividade.

    Se, no entanto, em determinada conduta, o agente público extrapolar em seu direito — ou utilizá-lo com outra finalidade — não subsiste mais a razão para exercê-lo. É o caso da arma de fogo. Não haverá motivo para portá-la se o escopo não for a segurança própria ou da sociedade.

Lamentamos nossa contribuição para que o debate ficasse concentrado no detalhe, não no essencial, que é a questão política.

Em nossa modestíssima opinião, o que choca é o simbolismo da presença de um deputado eleito armado em uma manifestação pública. Protegidíssimo pela Polícia Militar, que saudou do carro de som, ele não corria ali nenhum risco.

Ao portar a arma, do ponto-de-vista simbólico acreditamos que o escrivão Bolsonaro demonstrou que não está disposto a travar apenas o debate político dentro do Congresso. Conclama as ruas a trabalhar pelo impeachment de Dilma com uma arma na cintura!

Aliás, pelo que vimos na reportagem de Caio Castor, houve uma simbiose entre o escrivão Bolsonaro e boa parte do público presente.

Longe do palanque, alguns participantes da manifestação exibiram a mesma violência simbólica do filho de Jair Bolsonaro. Ofenderam e perseguiram nas ruas quem pensava diferente. Como nos conta a história, uma das características dos fascistas era exatamente esta: o uso da violência para calar vozes discordantes.

Foi, aliás, a continuação do que vimos ao longo da campanha de segundo turno, quando houve dezenas de denúncias de violência verbal ou física contra eleitores da candidata do PT. Se tivessemos uma mídia digna do nome no Brasil, teríamos hoje um catálogo com os nomes de centenas de pessoas que foram vítimas da intolerância de apoiadores de Aécio Neves. Casos como este no Rio de Janeiro e este em Belo Horizonte.

Olhando o episódio de domingo com maior amplitude, é possível ver que ele se deu num quadro de desespero da direita brasileira não só com a vitória de Dilma Rousseff, mas com a perspectiva de que, em 2018, Lula seja o candidato do PT.

Neste domingo, no Estadão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contribuiu para o processo de “deslegitimar” a vitória de Dilma, embora tenha iniciado o texto jurando não pretender fazer isso. Trecho do que FHC escreveu:




FHC, lembrem-se, é aquele que pretendia “sangrar” Lula durante o primeiro mandato, certo de que seria incapaz de se reeleger em 2006.

Agora, aparentemente, quer “sangrar” Dilma.

Para os tucanos, é absolutamente essencial que ela não faça um bom segundo mandato. Quanto mais turbulências políticas e econômicas, melhor.

Em outro campo, Gilmar Mendes, sempre ele — a herança maldita que FHC nos deixou no Supremo Tribunal Federal — fez o que o mestre mandou imediatamente. Leiam trechos da entrevista que ele deu à Folha:




Gilmar Mendes não explicitou seu apoio à chamada PEC da Bengala, que aumenta de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória dos juízes do Supremo Tribunal Federal.

Mas é cristalino que a direita avança por aí, para limitar os poderes de Dilma Rousseff.

Aliás, tanto nas ruas quanto nos bastidores a direita brasileira se parece cada vez mais com o Tea Party, que agrega a extrema direita norte-americana. Aqui, como lá, esta extrema direita é alimentada diuturnamente pelo ódio de colunistas e radialistas conservadores.

Aqui como lá, assume uma postura milenarista, de fim dos tempos, inventando ameaças inexistentes para justificar sua agressividade política.

O objetivo não é, em si, tomar o poder, mas impedir que qualquer governo adote políticas públicas progressistas ou que representem perda de privilégios do 1%.

No Brasil, apesar da existência do Instituto Millenium, ainda não apareceram os grandes financiadores privados das ideias hiperneoliberais, papel feito nos Estados Unidos pelos irmãos Koch e outros.

Será, certamente, nosso próximo passo para ter uma extrema direita que nos empurre no caminho da radicalização —  já vivido, aliás, na Venezuela, Bolívia e Argentina.

O caminho dos sem voto é tão óbvio como o comentário com que nos brindou importante liderança tucana dias antes do segundo turno:"

5 comentários:

Marcos Oliveira disse...

Não está na hora do PT reagir? (1)
Por Breno Altman, em seu blog

Há apenas oito dias a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Mas a sensação é que semanas ou meses se passaram.

A oposição de direita resolveu não dar um segundo de trégua. Passou a semana dedicando-se – no Parlamento, nas ruas e através dos meios de comunicação – a manter ofensiva sobre o governo, apesar da derrota eleitoral.

São fortes os indícios de ser essa a estratégia já definida pelo bloco conservador: ataque permanente para emparedar e sabotar o quarto mandato petista. Se possível, encurtando seu tempo constitucional. No mínimo, minando a estrada que poderá, em 2018, levar Lula de volta ao Planalto.

Setores majoritários da imprensa, cavalgando a tese da divisão nacional, pressionam a presidente para que componentes do programa liberal sejam mantidos ou incorporados à política econômica. Também fabricam candidatos a ministro da Fazenda organicamente vinculados ao capital financeiro.

A chantagem é clara. Ou Dilma baila a música dos derrotados ou dança. Ou o ajuste fiscal é produzido com juros em alta e gastos públicos em baixa ou será o caos. Ou o petismo constrói pontes que o leve à margem do rio onde residem os interesses do mercado ou seu caminho será bloqueado.

A intenção nada oculta: solapar o resultado das eleições presidenciais e seu sentido político. A presidente está sendo constrangida para acatar, total ou parcialmente, a agenda que foi rechaçada pelas urnas.

Ledo engano, no entanto, o de quem interpretar, nesse movimento, possibilidade de acordo. Qualquer concessão expressiva será aproveitada para confundir e dividir a base eleitoral da vitória, fragilizando o governo e desmoralizando o PT.

A primeira semana posterior ao pleito foi marcada por fatos que evidenciam tanto a orientação seguida pelas forças de direita quanto seu fôlego e apetite para reverter a situação defensiva provocada pelo insucesso eleitoral.

O deslizamento de parte robusta do PMDB para a frente antigoverno, em caráter provisório ou definitivo, estocou por quatro vezes o coração valente.

A derrubada do decreto da participação social nas instituições governamentais, o pronunciamento contra o plebiscito da reforma política e a chancela para a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara são sintomas do perigo real e imediato de que venha a se conformar uma maioria de centro-direita no parlamento.

A quarta facada foi o andamento da PEC 352, que aprofunda as piores características do sistema eleitoral e violenta a principal mensagem da presidente em seu discurso de triunfo. O bloco conservador, em poucos dias, revelou condição de ir além da resistência, impondo itens de sua própria agenda.

O próximo passo desta coalizão está anunciado: a elevação de 70 para 75 anos da idade limite para aposentadoria nos tribunais. Aprovada pelo Senado em 2005, a qualquer momento pode ser pautada na Câmara. Apelidada de PEC da Bengala, surrupiaria de Dilma a possibilidade de indicar cinco novos membros do STF em seu segundo mandato.

A entrevista do ministro Gilmar Mendes, na Folha de S.Paulo desta segunda-feira, escancara articulação entre a direita parlamentar e setores do poder judiciário, da qual a modificação etária é comprovatória. Seus violentos ataques a Lula e ao PT, apresentando-se como porta-voz da luta contra o “bolivarianismo”, simbolizam com esmero a simbiose entre judicialização da política e politização da justiça.

Marcos Oliveira disse...

Não está na hora do PT reagir? (2)

Os momentos mais radicalizados desta ofensiva, no entanto, foram protagonizados pelo PSDB, ao demandar auditoria das eleições presidenciais. Apesar de atitude desastrada, rapidamente questionada por juízes do Tribunal Superior Eleitoral, cultiva narrativa golpista que anima pedaços de sua base eleitoral.

As manifestações pelo impeachment da presidente, realizadas no último sábado, se inscrevem neste roteiro de deslegitimação do governo, apesar de seu resultado pífio. Os tucanos tentam se desvincular da criatura canhestra que geraram, mas esses atos constituem capítulo importante no enredo para ocupação de espaços e mobilização contra o petismo.

Algo notável é que todos estes movimentos ocorreram, até o momento, sem maior contraposição do governo ou do PT. A esquerda parece estar na manhã da quarta-feira de cinzas, enquanto o conservadorismo pegou no batente como se a semana santa tivesse ficado para trás.

Talvez ainda não tenha sido processado integralmente que a atual situação pós-eleitoral difere das vitórias anteriores.

Naqueles momentos estabeleceu-se, encerrada a apuração, um certo cessar-fogo, com a oposição preferindo acumular forças para batalhas eleitorais futuras. Havia mais espaço, portanto, para composições institucionais que garantissem a governabilidade, além de tempo para arrumar a casa com alguma tranquilidade política.

Ainda que possa ser criticada por danos de médio e longo prazo, tinha amparo na realidade a distensão politico-ideológica adotada pelo PT no início de seus três primeiros governos. A mesma opção, nos dias que correm, poderia ser gravemente ineficaz, pois o inimigo está em outra.

No passado, fez-se a paz porque a guerra poderia ser evitada ou adiada. Mas não parece ser factível, hoje, que se possa pacificar o país sem vencer a guerra estabelecida pela direita ou sem demonstrar inquestionável capacidade de fazê-lo.

Marcos Oliveira disse...

Não está na hora do PT reagir? (3)

A boa notícia é que o PT tem forças suficientes para mudar de tática e romper a paralisia.

Além da legitimidade eleitoral, que a direita tenta borrar do imaginário popular, a presidente e seu partido possuem uma enorme reserva de contingentes que pode ser imediatamente mobilizada.

O discurso da direita, de caráter fortemente antidemocrático, aguça e amplia a disposição de resposta à onda conservadora. Mas cabe ao PT tomar a dianteira.

O elemento novo seria recombinar a atuação dentro das instituições com a pressão das ruas sobre o Parlamento e em apoio à agenda vitoriosa nas urnas, a começar pelo plebiscito constituinte da reforma política.

Somada à reorganização das alianças e a retificação profunda da política de comunicação do governo, a mobilização social tem potencial para ser a principal alavanca de retomada da ofensiva.

A má notícia é que não há tempo a perder. Cada dia de avanço conservador sobre o Estado e a sociedade fortalece a ameaça às reformas e à democracia.

http://operamundi.uol.com.br/brenoaltman/2014/11/03/nao-esta-na-hora-pt-reagir/

Marcos Oliveira disse...

Embale teu filho, PSDB
Por Miguel do Rosário

Alguns grão-tucanos iniciaram hoje uma operação de redução de danos, em virtude da péssima impressão provocada pela manifestação pró-intervenção militar, ocorrida no sábado, em São Paulo, e, em escala ínfima, em algumas outras cidades.
O constrangimento é evidente. Os protestos caracterizaram-se por um discurso apavorante de intolerância, truculência e falta de respeito com a democracia.
Álvaro Dias veio com a história hoje de que os pedidos de intervenção militar foram “infiltrados”.
Lobão postou nas suas redes sociais que não apoia intervenção militar.
Rodrigo Constantino, blogueiro pateta da Veja, embananou-se todo. Primeiro disse ser contra intervenção militar, mas termina o post afirmando que, se o STF não aceitar o impeachment da presidenta, será o primeiro a apoiar um golpe.
Por fim, o governador Geraldo Alckmin deu entrevista dizendo que não chancela nenhuma manifestação em apoio a uma intervenção militar.
Os tucanos estão assustados com o nível de ignorância e violência políticas de sua própria base.
Em Brasília, uma família foi atacada perto da Esplanada, durante a manifestação tucana, na qual também havia cartazes pró-intervenção militar.
Não houve nenhuma “infiltração”, senador.
Este é o PSDB de hoje, infelizmente.
Um partido que reúne a extrema-direita mais golpista e mais violenta do país.
As manifestações de ódio, pró-ditadura, que estamos vendo são filhas do PSDB e da campanha de desinformação da mídia.
Nem jornalões, nem TVs, fizeram até agora um mísero editorial contra essa vergonhosa pantomina golpista.
Ou seja, consentiram. Alimentaram e açularam a besta golpista.
Assista aos vídeos abaixo. O primeiro é um trecho de vídeo feito pela TV Folha, com cenas e entrevistas da reta final da campanha de segundo turno deste ano.
Uma eleitora de Aécio explica que, apesar de votar no PSDB, o que desejava mesmo era uma intervenção militar.
O segundo é um vídeo-reportagem feito por um jovem para o blog DCM, cobrindo a manifestação de sábado. O jovem entrevistado diz que o melhor substituto para Dilma seria “Bolsonaro”, e balança a cabeça positivamente quando o repórter fala se não queria intervenção militar: “Bolsonaro foi militar, conhece isso”.

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Marcos Oliveira disse...

“O Brasil perdeu o medo do PT, diz Aécio. Perdeu mesmo. Tanto que vota no PT há 12 anos.”
— Blog do Mello