21 de novembro de 2014

Mulheres: Enlouquecendo de vez em quando

Hoje não é o "Dia Internacional da Mulher". Nem Nacional. Nem mensal, nem semanal. 
Ao certo, todos os dias deveriam ser das mulheres. 
É uma "média" sim com nossas leitoras (que nem temos ideia quantas são), mas também uma constatação.
Ao que parece o mundo tem exigido mais do belo sexo do que de nós, taxados muitos vezes (a maioria com razão) de "insensíveis".
Não é à toa que temos uma Presidenta. Tentativa de melhorar o país e o mundo masculino.
Mas - nós homens - estamos melhorando. 

O que dá medo. 
Vai que precisemos enlouquecer de vez em quando para não enlouquecer de vez...


Toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por enlouquecer de vez

Por Nathali Macedo no DCM e no "Escritos Nathali Macedo"

"Curiosamente, um mundo loucamente imperfeito nos exige perfeição o tempo todo. De todos nós, de fato, mas, em se tratando de mulheres, as exigências são ainda mais exorbitantes e cruéis. O mundo espera de nós o que, talvez, sequer saibamos se é possível – e que muito provavelmente não é.

O mundo espera que sejamos bonitas, acima de tudo. Lindas, se possível. Bem cuidadas, magras, torneadas, gostosas e sexys. E tenta nos convencer que não somos bonitas se não vamos ao salão de beleza semanalmente.

Uma mulher ‘perfeita’ para o mundo atual tem que trabalhar o dia inteiro – porque precisa ser independente – estudar – porque precisa ser culta – fazer dieta, ir à academia e manter os cabelos com um brilho espetacular. Ir à manicure, sorrir para a sogra e, depois de tudo isso, ter disposição para fazer um sexo memorável a qualquer hora, para que o mundo – e, em alguns casos, excepcionalmente o seu companheiro – a considere uma mulher que vale a pena.

E ainda é preciso encontrar tempo pra rezar pra não ser trocada por outra – por que, como já ouvi incontáveis vezes: homens disponíveis estão mesmo difíceis de encontrar. E depois de nos aterrorizar com toda essa história de que precisamos agradar nossos homens, muito mais, até mesmo, do que sermos nós mesmas, ele nos cobra lucidez. Segurança. Serenidade.

A verdade é que o mundo nos cobra equilíbrio quando tudo o que ele faz é nos desequilibrar. Nos cobra segurança quando tudo converge para que acreditemos que não somos nada sem um homem ao lado, nos cobra união enquanto, culturalmente, nos lança umas contra as outras, fazendo-nos uma cruel lavagem cerebral que tenta nos convencer de que somos desunidas e competitivas.

E os homens de nossas vidas – pais, companheiros, amigos – embora, muitas vezes, cheios de boas intenções, acabam por nos atribuir uma responsabilidade que talvez sejamos incapazes de assumir: a de sermos boas o suficiente o tempo todo.

De não mexer no celular dele. De deixá-lo ver futebol em paz. De não sentir ciúmes da amiga gostosa. De se portar dignamente, elegantemente, graciosamente. De não enlouquecer nunca – e se você aceita um conselho, toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por enlouquecer de vez.

Se cada homem no mundo pudesse escutar a minha voz, o único conselho que eu daria é: deixe-nos enlouquecer quando quisermos. Porque não há amor sem uma dose de loucura. Porque equilíbrio absoluto numa relação jamais foi um bom sinal. E toda mulher tranquila e que nunca te interroga sobre o seu atraso pode não ser tão equilibrada assim: ela pode, simplesmente, não te amar.

A intensidade é parte de cada passo nosso. A insensatez eventual nos é necessária e característica. E se não lhe tivermos um pouco de loucura, certamente não lhe temos sequer um pouco de amor."

Sobre a Autora:
Atriz por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. 

Adora rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama vendo desenho animado. 
Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro, garante que é a simplicidade em pessoa. 
No mais, nunca foi santa. 
Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo

Um comentário:

M.I.A. disse...

Muuuito boa!