Nos últimos dias lembrei-me muito de algumas obras do rabino e lider espiritual, Nilton Bonder, um grande pensador que tive também a oportunidade de conhecer pessoalmente e de assistir uma de suas notáveis palestras, lá no longinquo ano de 1998 em Florianópolis/SC, quando participei de um Seminário fantástico, cujo o tema central era tão diverso quanto ousado: "I Congresso Internacional de Naturologia Aplicada (Terapias Avançadas; Nova Consciência e Educação; Meio Ambiente e Sustentabilidade; Organizações do Século XXI) – UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina".
Este foi um período muitíssimo rico em minha vida e na maneira como eu estava aprendendo a rever e a ver as coisas deste mundo tão multifacetado, complexo e imprevisível dos humanos, e também dos não-humanos!
Mas nesta noite de sábado, não um sábado qualquer, mas um sábado de feriadão até terça, onde o Marquinhos Cardozo já postou preciosidades musicais e já prometeu mais neste fim-de-semana esticado, eu gostaria apenas é de tentar resgatar um pouco da atmosfera proposta pelo livro: "A Alma Imoral" do Nilton Bonder.
Num primeiro momento pode até parecer estranho um lider espiritual abordar temas espinhosos da dimensão humana como o desejo, as traições, as transgressões, o certo, o errado, as desobediências, as atrações físicas, etc, numa linguagem de puro valor e aceitação de nossa mais elementar condição humana de mutantes permanentes e de seres destinados à evolução da espécie e do eu num único e só tempo/espaço, mas nada é mais real em nós!
Um pequeno trecho para o deleite dos visitantes:
“A evolução da espécie está no silêncio do pai que ergue a faca para matar um filho por ordem divina e a detém. Um silêncio que cada homem e cada mulher conhece em sua vida pessoal e coletiva. Um silêncio desafiador, que responde a um impulso interno de sagrada desobediência, uma desobediência que o homem sonha em integrar à paz, à paz que não se fará no estabelecimento de um mundo ideal para um corpo imutável, não se fará através do clone, mas através do mutante, porque o nosso ser é um ser em transformação, tem alma e não é uma alma boazinha como nos fizeram acreditar, mas uma alma profundamente imoral e isso não tem nada de satânico. É que transformaram Satã num espantalho que nos afasta das mudanças. Satã é tudo aquilo que nos embota os sentidos e que nos embota a consciência – é que é mais fácil e conveniente apresentar Satã como um possível resultado do risco do que o apresentar também como o pesadelo da acomodação. Se os que mudam radicalmente de emprego, se os que refazem relações amorosas, se os que perdem medos, se os que rompem, se os que traem, se os que abandonam os vícios experimentam a solidão é possível que essa solidão seja quebrada no encontro com outros que conheçam essas experiências. Haverá pior solidão do que a ausência de si?”
O livro já foi adaptado para o teatro e eu até o momento não consegui assistir a este premiado monólogo de pele, de alma e na voz da artista Clarice Niskier, e que hoje está em cartaz no Teatro Augusta em São Paulo:
"A atriz Clarice Niskier adaptou para o teatro, o livro de "A Alma Imoral" de Nilton Bonder, com o objetivo de mobilizar o pensamento e a emoção do espectador contemporâneo. "A Alma Imoral", descontrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização. Conceitos de corpo e alma, certo e errado, traidor e traído, obediência e desobediência.
É um espetáculo que tem como base histórias do velho testamento, parábolas de sabedoria judaica, além de informações históricas e científicas. O monólogo aproxima temas como religião e biologia.
Clarice Niskier foi ganhadora do Prêmio Shell de melhor atriz - 2007, e do Prêmio qualidade Brasil de melhor atriz Drama SP 2008"
2 comentários:
Ótima Luiz Felipe!
Por coincidência li essa semana um artigo em que ele é citado. Mas em um contexto místico, sobre a Cabala.
O trecho selecionado é muito bom, e é pra ler algumas vezes e pensar muito a respeito.
Sobre o Congresso citado, taí um bom assunto para você contar aqui no Blog.
Fica a sugestão.
Suas intervenções no seu Blog são fundamentais para a manutenção do nível do mesmo. Eu de vez em sempre vou para um lado mais pop. *_* : )
Abraço e obrigado!
Muito interessante.
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