9 de março de 2012

Festa no Funeral: Grécia. - Deu na Carta Maior.

"Mercados e bolsas festejam o acordo fechado nesta 5ª feira entre a Grécia e os bancos credores, que concederam ao país um desconto médio de 50%, em troca de garantias e reformas que asseguram o pagamento do passivo restante.

Há razões para a banca comemorar: a adesão dos bancos ao desconto de 50% representa, no fundo, o oposto do que transparece. Trata-se de uma gigantesca transfusão, talvez a mais radical desde o Tratado de Versalhes, do sangue de um povo a credores pantagruélicos. Uma derrota superlativa da democracia grega, que marcará a história do país por décadas; e provavelmente destruirá seu sistema representativo pela traição nacional maiúscula.

As eleições parlamentares de abril agora podem marcar o início dessa bancarrota partidária. O processo consumado nesta 5ª feira compromete a vida da atual geração, a dos seus filhos e a dos netos que um dia eles terão. Em troca de um desconto sobre uma dívida impagável -- contraída num intercurso entre governos irresponsáveis e banqueiros cúmplices-- o Estado grego assinou uma espécie de testamento à favor dos mercados. Em seguida, consumou o suicídio político da democracia. A partir de agora, e por prazo indeterminado, a Grécia assume o papel de protetorado da banca.

Um diretório nomeado pelos mercados terá poderes legais de monitorar a tosquia do país, com direito a vetar orçamentos e redirecionar recursos prioritariamente ao pagamento de banqueiros. O que a coalizão socialdemocrata e conservadora fez foi acordar um álibi internacional para sancionar um arrocho salarial indecente -o salário mínimo foi ineditamente reduzido e, como ele, as pensões; bem como demissões maciças da ordem de 150 mil funcionários públicos (15 mil efetuadas este ano); privatizações e cortes na saúde e educação que já desencadearam surtos de suicídios, fome nas escolas e entrega de crianças a orfanatos por famílias desesperadas."
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