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31 de março de 2012
As Cores de Abril
Em 2010 publiquei aqui no blog parte do texto que se segue. Como abril chegou de novo resolvi repetir fazendo algumas adaptações. Sabe como é, o tempo passa, nós mudamos. No mínimo ficamos mais velhos. O que por si só já é uma grande mudança, queiramos ou não. E acho que não queremos não.
Amanhã é primeiro de abril. Comenta-se, naquela brincadeira, que é o "dia da mentira". Deve ser tradição do Brasil interiorano, cada vez mais distante de nós, com as cidades crescendo sempre.
Embora o outono já tenha começado em março, sempre penso nessa estação a partir deste mês de abril.
Nele os dias costumam ser mais claros, sem o ofuscamento do verão, as temperaturas mais amenas (bem, pelo menos era assim desde a minha infância, mas agora as coisas estão se modificando muito rapidamente) e o céu adquire um visual mais interessante, com as nuvens de chuva esparsas dividindo sua presença com o azul do céu que sempre se mostra em diversos pontos, ao longo do horizonte.
Vinícius e Toquinho cantaram esse mês na música "As Cores de Abril", que reproduzimos abaixo.
Mas eu sou suspeito para falar bem do mês de abril porque, sob o signo de Áries, faço aniversário neste mês. E desta vez vai ser 53. Não é pouca coisa não.
Talvez pelo aniversário ou pelo mês de abril, me lembrei dessa poesia atribuída ao sábio Mário Quintana. Atribuída porque na Internet vale tudo e eu não tive tempo de pesquisar melhor se a autoria é mesmo do gentil poeta. Mas o importante é que o texto é legal.
Nem eu nem o Luiz Felipe costumamos postar poesia aqui no Blog. Confesso que me liguei um pouco em poesia apenas na minha juventude, quando li os básicos brasileiros: Drumond, Vinícius, Bandeira e, eventualmente, o português Fernando Pessoa. Acabei me interessando mais pela prosa mas acho que perdi muito coisa boa nesse tempo todo.
Poesia é mais ou menos como Jazz. Para gostar, a mente tem de ter um tipo de conexão especial com esse tipo de arte. Em outras palavras, não é para qualquer um. O que em si não desmerece quem gosta ou quem não gosta de poesia (ou de Jazz). São apenas características pessoais e a questão de ter tido oportunidade de um contato maior ao longo da vida.
Mas já estou me alongando demais neste post. Assim, segue a poesia do Quintana sobre a vida e o tempo. Espero que gostem e que sirva como uma "dica do Blog".
E não deixem de ouvir a música do Vinícius e Toquinho!
O Tempo (Mário Quintana?)
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
(...)
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
As Cores De Abril
Vinicius de Moraes e Toquinho
As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil
Nas flores de abril
Voando e fazendo amor
O canto gentil
De quem bem te viu
Num pranto desolador
Não chora, me ouviu
Que as cores de abril
Não querem saber de dor
Olha quanta beleza
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção
Sou eu, o poeta, quem diz
Vai e canta, meu irmão
Ser feliz é viver morto de paixão.
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3 comentários:
Ser feliz é viver morto de paixão!
Só Vinícius mesmo...
Como sempre, adorei seu texto, Marcos.
Bjs.
"Alegro, me emociono! Colho, então, um botão ao amanhecer.
Como este sopro de brisa, divino, aos seus ouvidos falo sutil:
Abra também seu coração! Sente-se junto de mim, eu peço!
Vamos, aqui dessa praça ver o sol de um novo dia nascer.
Quero te oferecer esta flor de Abril, flor propícia da estação.
E antes que se desfaça a magia...
ergamos a taça para agradecer! "
Expedito Gonçalves Dias
Josi e 'Anônimo', obrigado pela participação!
Abraços.
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