4 de dezembro de 2010

Perfume - Parte Final

Para tristeza de poucos e alegria de muitos chegamos ao post final da série. Rs.
Neste momento já estamos próximos dos 50.500 acessos e, de minha parte, encerramos as comemorações do feito.
Conforme podem perceber, o titular do Blog, Luiz Felipe Muniz, andou um pouco afastado, com diversas demandas para resolver. Mas já está na área nos brindando com posts legais como o dos finalistas do Vimeo Awards.
Bem, voltando ao nosso tema, o desenvolvimento e a fabricação de perfumes é um segredo guardado a sete chaves pelas empresas. Sabe-se que obviamente utilizam água, álcool (em sua maioria) e essências e óleos naturais e artificiais (em alguns casos), além de outros itens destinados à fixação.
No mais, eles fazem aquelas propagandas: "notas florais, de bergamota, tangerina da índia, cítricas", etc.
Para quem tem algum tipo de alergia de pele ou respiratória (rinites, como é o meu caso) é bom investir em marcas mais importantes. Infelizmente as mais econômicas não prezam muito por respeitar esse detalhe (ou acabaria saindo muito caro, fugindo da faixa de mercado a que se destinam).
Seria bom que tudo que fosse mais barato fosse também de qualidade, uma pena que a realidade não mostra isso.
Há de se destacar empresas de perfumaria que começam a se preocupar com as questões ambientais e sociais. Como produzir perfumes, cosméticos, sabonetes orgânicos de qualidade, mas preservando e até melhorando o meio-ambiente e as comunidades onde podem ser encontradas as matérias primas? No Brasil a Natura tem projetos interessantes nessa área.
Bem, se não dá para descobrir os segredos industriais (há questionamentos da justiça em alguns países, bem como por parte de ONGs, com relação a esse fato), pelo menos existiriam especialistas destinados a analisar as fragrâncias?
No mundo do vinho existem os enólogos, chamados por muitos como "enochatos". Na verdade o certo é "enófilo" ou "sommelier", já que enologia é uma cadeira acadêmica. Eu gosto de vinhos e acho interessante a análise detalhada que esses especialistas fazem dos sabores, perfumes e cores da bebida. Normalmente não consigo captar tudo aquilo, mas os textos são ótimos.
O que me faz lembrar de uma outra coisa: pinturas abstratas. Em meados da década de 80 achei que poderia vir a ser um grande colecionador de obras de arte. Andei comprando uns bons quadros à prestação (qualquer dia faço um post sobre isso), mas logo vi que não reunia condiçõe$ para esse "hobbie" (rs.).
Havia na época uma revista chamada "Galeria" (acho) que era especializada em artes plásticas. Pois bem, existiam críticos especializados em arte contemporânea que faziam longas análises de diversas obras abstratas e construções concretas, utilizando um texto (para mim) hermético. Mas eu adorava ler. Aliás não sabia do que gostava mais: se das obras abstratas que eu não captava ou dos artigos que eu não entendia. Acho que nem os artistas esperavam que suas obras significassem tanta coisa (rs).
Mas eu pesquisei para vocês e descobri um sujeito que é muito bom nisso (analisar perfumes). Ele escreve para o New York Times e seus textos traduzidos são publicados no Brasil no portal UOL.
Seu nome é Chandler Burr e sua coluna chama-se "Notas Perfumadas".
Seu estilo é bom e vez por outra ele escreve coisas bem interessantes quando, por exemplo, toma como base música para comparar com um perfume. E foi exatamente parte desse texto que escolhi para colocar aqui no blog. Selecionei também uma análise de perfume masculino.
Ambos poderão ser lidos na íntegra no endereço indicado.
Para encerrar, musicalmente é claro, tentei me lembrar de uma música que falasse de perfumes, aromas, natureza, sensualidade, cheiros, mas que fosse brasileira.
Demorou mas consegui resgatar do meu HD (não estou falando do computador) uma canção que não ouvia a décadas. O nome é "Aroma", composição de Gilberto Gil e gravada em 1980 por Lúcia (ou Lucinha) Turnbull (por onde anda?). É muito legal.
Espero que tenham gostado da série.
Bom sábado e bom domingo para vocês.


Notas Perfumadas
por Chandler Burr, do "The New York Times" *

O crítico de perfumes é autor de "O Imperador do Olfato: Uma História de Perfume e Obsessão" (Companhia das Letras), de "The Perfect Scent: A Year Inside the Perfume Industry in Paris and New York" e do recém-lançado romance "You or Someone Like You", (ambos sem tradução no Brasil).

Análise do perfume Dolce & Gabana Feminine

Na música, uma nota é uma nota. Um dó é um dó. Quando pensamos em música – ao contrário de quando ouvimos música – sempre percebemos as notas, aquelas discretas partículas de musicalidade. Mas ninguém que já tenha ouvido Rachmaninoff (ou a trilha sonora de “O Exorcista” ou de “Tubarão”) pode afirmar que música é melhor do que a soma de suas partes.

Quando pensamos em perfume, ao invés de sentirmos seu cheiro, o mesmo princípio deveria se aplicar. A análise de um perfume não é um tipo de matemática, embora todos os marqueteiros fiquem felizes em encorajar uma visão reducionista: a indústria persiste na estratégia absurdamente arcaica de deixar os consumidores no escuro quando falamos sobre o modo como o perfume é feito. É uma estratégia que vem tendo como resultado o declínio das vendas, especialmente nos Estados Unidos, há quase uma década.


O modo como os perfumes são feitos é mágico. Mas isto não combina com uma narrativa marqueteira e propagandística. Consequentemente, quando eles pretendem descrever sua construção, dizem algo como “este perfume contém benjoim da região do Laos”, e param ali. É o mesmo que descrever o mais novo álbum do Radiohead dizendo: “magníficos acordes dissonantes!”


Assim como os músicos usam os acordes para criar um vasto espectro de sons, os perfumistas também calibram delicadamente seus ingredientes, revelando uma variação igualmente impressionante. Um concerto de Bach ou uma canção da Amy Winehouse requerem notas específicas, assim como perfumes como Vivara de Pucci ou Beautiful de Estée Lauder descrevem determinadas matérias-primas, mas quem está preocupado com isso? O que interessa é o que é feito a partir delas.


Com D&G Feminine, criado para Dolce & Gabbana, os perfumistas Max Gavarry e Nathalie Lorson mostram o que fazer com elas. Lançado em 1999, D&G Feminine carrega o cheiro de glicínia/hortência com um toque verde, e é um perfume absolutamente extasiante e maravilhoso.
No famoso concerto em ré maior de Mozart, no qual ele usou um efeito fascinante e alquímico, o clarinete transforma os acordes em seda. Aqui, Gavarry e Lorson fizeram uma coisa parecida: o perfume é uma abstração extraordinária. Senti o cheiro de poucos perfumes tão bem equilibrados, tão bem construídos tecnicamente e tão perfeitamente adoráveis.

Leiam o restante aqui.

Análise do Perfume Big Pony 2

Big Pony 2, de Ralph Lauren, é um passo autêntico e excitante dentro de um território de vanguarda
Big Pony 2, funciona como um lembrete das implacáveis possibilidades de belos e provocativos perfumes masculinos dentre o atual e absurdo mar de imitações de Cool Water. É também prova da resistência da L'Oreal, que possui a licença para fabricar os perfumes da Ralph Lauren, em dar aos perfumistas verbas altas para que trabalhem com matérias-primas de qualidade em seus perfumes.

Sem dinheiro para a fórmula, talvez o grande Germaine Cellier não tivesse criado o inimitável Fracas, em 1948, e sim algo como uma pálida e sintética tuberosa – bela o bastante, talvez, e certamente baseada em um ótimo conceito, mas carecendo da engenharia pesada necessária para fazer a máquina andar. E só o conceito nunca é o bastante. A sublime e deslumbrante Igreja do Jubileu, do arquiteto Richard Meier e que fica em Roma, é uma maravilha contemporânea – suas portas se abriram em 2003 – mas teria sido um desastre se a incorporadora Lamaro Appalti não tivesse destinado verbas que garantissem a qualidade do concreto e do aço.
(...) Lie e Miolner também criaram um masculino que realmente constitui um passo autêntico e excitante dentro de um território de vanguarda. Big Pony 2 abre incrivelmente, revelando um conceito de chocolate – doce e amargo – e um ângulo (muito pequeno, mas definitivamente palpável) das especiarias sedosas do Opium, com um caráter gourmand virtualmente inexistente na perfumaria masculina. Sim, Lie e Molner fizeram isso para que esta fragrância pudesse ser aceita em um clube universitário, e eles casaram esse corpo olfativo de vanguarda com um firme e tradicional chassi masculino da Ralph Lauren – um rapaz fresco, limpo, recém-saído do banho da academia. Ainda assim, é um conceito novo e interessante.

Leiam o texto todo aqui.

2 comentários:

M.I.A. disse...

Adorei a série.
Assunto inesperada.
Parabéns ao blog.
Bjs.

Anônimo disse...

Olá.
Também acho muito interessantes essas crônicas sobre arte, fotografia e agora vinho e perfumes.
Muito boa essa sacada do blog.