A vida errou: a morte do jovem belga

Hoje é dia de "Humor de Quinta" aqui no blog (já é quase sexta-feira mas ainda daria tempo).
Eu até selecionei dois videos legais sobre os quais faria uns comentários.
Acontece que mudei de ideia.
Ao invés disso abordo um tema triste.
Algo que ocorre todos os dias mundo afora mas que tem um peso maior quando é perto da gente.
O fato: um jovem belga, 18 anos, participando de programa de intercâmbio na cidade foi atropelado ontem quando estava andando em sua bicicleta.
Treinava para competição estadual de Triathlon, um atleta também adepto do Rugby.
Conhecido de minha filha que estudou com ele no mesmo Colégio Salesiano era um jovem muito querido, alto astral, cheio de amigos.
Muitas lições e reivindicações a fazer a partir deste episódio.
Mas no momento só nos resta lamentar essa injustiça da vida.
Não é certo morrer jovem. A vida errou. 
Mas, estrategicamente, é melhor acreditar nos desígnios Divinos.
Reproduzo a seguir um emocionado texto feito por um professor do jovem Hadrien Thys.
Rest In Peace.

Hadrien Thys - JOVENS TAMBÉM MORREM


Faleceu ontem à noite Hadrien Thys. Jovem, cheio de vida, sonhos e planos...

Poucas coisas são tão tristes como a sensação de uma vida colhida prematuramente, ceifada antes da hora. Pelo menos antes da nossa hora.

Tive o privilégio de conviver com Hadrien poucos meses em sala de aula. Simpático e alegre cativava a todos que dele se aproximava. Sempre sorridente, esta é a imagem que ficará deste jovem na minha retina.

Certa vez perguntei a Hadrien se ele teria coragem de deixar a Bélgica para morar no Brasil. Ele me respondeu: “Apenas por causa das pessoas”.

Morreu longe de casa, longe dos pais, longe da pátria mãe. Morreu tragicamente. Morreu prematuramente. Morreu a morte selvagem. Dizem que existe a morte selvagem e a morte domada. A morte selvagem é aquela que arranca o sujeito da vida e o sujeito vai, contrariado e desesperado. Já a morte domada não consegue levar ninguém na marra, à força. Ela é recebida com boas vindas, com a superioridade de quem pode dizer: “Eu sabia que você estava chegando, já me preparei, e estou pronto para partir”. Não foi o caso dele.

Ao pensar nesta perda, lembro-me da flor “Glória da Manhã”. É uma flor muito bela: Simetria pentagonal, quase circular. Possui uma única pétala, em forma de cálice. Sua cor é um azul claro, quase transparente. Ela se abre logo que o sol nasce. Daí o seu nome “Glória da Manhã”. Esta flor possui uma característica muito singular. Lá pelo meio-dia, quando o calor é intenso, começam a aparecer no azul sinistras estrias roxas. Este é o sinal de que o fim está chegando. A vida desta flor não dura mais do que sete horas! Logo a pétala se enruga, murcha, enrola-se, torna-se toda roxa e morre.Comove-me a tranqüila beleza desta flor logo pela manhã. Ela se abre de uma forma tão bela, parecendo que desconhece que logo irá morrer! Ou será que sabe? Talvez por saber que logo morrerá, ela se abre com uma beleza tão intensa! Sabe que não há tempo a perder! Entende que é inútil lamentar! Só lhe resta ser bela!

Se percebêssemos que somos efêmeros como a Glória da Manha seríamos tão belos quanto ela: “Viveu pouco, mas viveu com intensidade e beleza como a Glória da Manhã”. Talvez estas palavras possam ser aplicadas ao Hadrien, tal a alegria e simpatia que caracterizaram a sua vida.

A vida não vale nada, mas nada vale uma vida. Esta é a minha sensação no dia de hoje.

David Marcos Sores Ferreira