19 de abril de 2010

Capital Erótico?

Não sei a quanto anda o chamado Movimento Feminista, que fez escola nas décadas de 1960 e 1970, mas que agora parece anacrônico.
Mas gostaria de saber como o movimento veria essa nova nomenclatura para algo - a meu ver - bem antigo: o "Capital Erótico". Nome novo, mas história velha...
De qualquer forma, analisado sob um prisma mais acadêmico e contemporâneo, reveste-se de uma atualidade e respeitabilidade maior.
Reproduzo abaixo (parcialmente) um artigo da socióloga inglesa Catherine Hakim sobre o assunto. A matéria completa pode ser lida clicando aqui.

Escolhi para ilustrar esse post aqui no Blog a esposa (ou já é ex?) do Presidente da França: a modelo, violonista, cantora e compositora Carla Bruni Sarkozi. Precisava ter tanto capital?

Capital erótico: você sabe o que é? Sabe se tem?
Catherine Hakim

"Michelle e Barack Obama têm. Carla Bruni e David Beckham têm. Katie Price, a modelo britânica conhecida como Jordan, fez uma carreira dele. É tão grande a vantagem que o capital erótico pode trazer para o mercado de trabalho –especialmente nos esportes, nas artes, na mídia e na propaganda- que frequentemente supera os títulos e qualificações educacionais.
Capital erótico é uma expressão que eu cunhei para me referir a uma combinação de atração física e social nebulosa, mas crucial. Propriamente compreendido, o capital erótico é o que os economistas chamam de “ativo pessoal”, pronto para assumir seu lugar ao lado do capital humano, econômico, cultural e social. Entre esses fatores, é igualmente (se não mais) importante para a mobilidade social e o sucesso.
O capital erótico vai além da beleza e inclui o “sex appeal”, o charme e as habilidades sexuais, forma física e vitalidade, competência sexual e habilidades de apresentação, tais como asseamento pessoal, escolhas de roupa e outras artes do adornamento pessoal. A maior parte dos estudos capturam apenas uma faceta do capital erótico: fotografias medem beleza ou “sex appeal”, a psicologia mede a auto-confiança e as habilidades sociais e pesquisas sexuais exploram as capacidades de sedução e número de parceiros.
As mulheres há muito se saem bem nessas artes: é por isso que tendem a estar mais bem vestidas que os homens nas festas. Elas fazem mais esforço para desenvolver as habilidades de charme, empatia, persuasão e empregam a inteligência emocional e o trabalho emocional. De fato, o elemento final do capital erótico é único das mulheres: gerar crianças. Em algumas culturas, a fertilidade é um elemento essencial do poder erótico da mulher. Apesar de a fertilidade feminina ser menos importante em regiões como o Norte da Europa (onde as famílias são menores), a posição dominante das mulheres neste mercado foi reforçada em recentes décadas por um fenômeno muito lamentado: a sexualização da cultura.
Desde a revolução da pílula, nos anos 60, as pesquisas mundiais revelam um aumento dramático em atividades sexuais, em números de parceiros e variedades de sexo. Londres hoje abriga uma feira “Erotica” anual, que apresenta a nova diversidade em estilos de vida e gostos sexuais. Pesquisas da Organização Mundial de Saúde mostram que todos os seres humanos veem a atividade sexual como essencial a uma alta qualidade de vida –mas os homens ainda classificam o sexo como mais importante do que as mulheres. De fato, a alta na demanda mundial por atividades sexuais de todos os tipos (inclusive o sexo comercial, o autoerotismo e o entretenimento erótico) tem sido muito mais pronunciada entre homens do que mulheres. O turismo sexual é essencialmente um hobby masculino, enquanto as revistas eróticas para mulheres frequentemente fracassam.
Isso cria um efeito que deve ser familiar a um economista: as leis de oferta e demanda aumentam o valor do capital erótico das mulheres, particularmente sua beleza, “sex appeal” e competência sexual. Está acontecendo tanto na Escandinávia quanto nos países mediterrâneos, na China e nos EUA. O padrão é confirmado até em países “liberados” sexualmente, tais como França e Finlândia. Os homens têm de duas a dez vezes mais chance de ter casos, comprar pornografia, frequentar clubes de dança erótica e outros entretenimentos eróticos. E as garotas de programa podem ganhar mais que quase todas as outras profissões, apesar do fato de trabalharem menos horas.
É verdade que, como argumentam as feministas, alguns desses relacionamentos podem ser de exploração. E, até certo grau, a nova vantagem das mulheres é mascarada pela explosão da atividade sexual entre homens e mulheres com menos de 30 anos, que hoje consideram normal terem casos de apenas uma noite. Nessa faixa etária há uma paridade de libido, mas o desequilíbrio volta entre homens com mais de 30 –as pesquisas em torno do globo revelam que as mulheres com mais de 30 gradualmente perdem o interesse nos jogos eróticos. (...)"
FONTE:UOL

Um comentário:

Anônimo disse...

Como vc falou, isso sempre existiu. Mas existe tbm aplicável aos homens e não só às mulheres. This is the world.
Cath.