25 de abril de 2010

Duas Mulheres Brasileiras

Descansei um pouco nesta tarde de domingo depois de realizar algumas tarefas planejadas para hoje.
Aproveitei para ver um episódio de “Outer Limits”, mas não é sobre isso que quero falar.
É que dei uma rápida olhada nos jornais e vi que continuam as merecidas homenagens aos 50 anos de Brasília. Aí resolvi postar aqui no Blog alguma coisa sobre a região Centro-Oeste.
Explico melhor. É que eu sempre imaginei que, mais cedo ou mais tarde, a capital seria a referência nacional para aquela região. Mas nunca foi assim. Brasília parece ser um caso à parte e quando falamos em Centro-Oeste nos lembramos mesmo é do Pantanal.
Mas também não é do Pantanal que quero falar e sim de duas mulheres daquela região: Helena Meirelles e Cora Coralina. Das duas, talvez a Cora seja mais conhecida.
Helena Meirelles nasceu e morreu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde viveu uma vida muito difícil e é quase um milagre que ela tenha sido “descoberta” ainda enquanto vivia, mais ou menos aos 67 anos (ela morreu em 2005, com 81 anos).
Bem, para quem não sabe, ela tinha um talento especial para tocar viola caipira (seis, oito, dez e doze cordas).
Ela era conhecida regionalmente mas - depois de gravar o primeiro disco - especialistas do mundo inteiro ficaram abismados com a categoria da moça com quase 70.
Resultado: eleita entre os melhores instrumentistas do mundo e capa da Guitar Player! Eric Clapton votou nela! Acho que não precisa dizer mais nada...
Selecionei um vídeo para que vocês tenham uma idéia de quem se trata.
Uma mulher que é um exemplo de luta e dedicação à sua arte, que desenvolveu sozinha, apesar de todas as dificuldades.
De Cora Coralina comento mais abaixo, logo depois das imagens da Helena Meirelles


Cora Coralina (esse era um pseudônimo) nasceu e morreu na cidade de Goiás, estado de Goiânia.
De 1889 a 1985 esteve por aqui durante 95 anos.
Ia escrever um pouco de sua biografia, mas achei na Wikipedia um bom texto sobre ela e sua obra. Vale a pena conferir lá.
Eu selecionei alguns trechos que considero reveladores: “Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás”.
“Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás”.
“Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito”.
Inseri logo abaixo mais dois vídeos, desta vez sobre a Cora.
Esse é o espírito do Centro-Oeste que eu estava querendo mostrar aqui. Retratados por essas duas mulheres exemplares, admiráveis seres humanos que nos fazem questionar sobre a real dimensão do ser, sobre o que estamos realizando enquanto estamos por aqui.


6 comentários:

Ryan disse...

Marcos, eu conhecia era a Helena Meirelles, por causa da música. Ela ficou mundialmente conhecida depois da matéria da Guitar Player e da eleição. Imagina, Eric Clapton era fã dela.
Achei muito legal os videos da Cora Coralina. Poemas musicais e de reflexão.
Abraço e uma ótima semana.

Anônimo disse...

Mto boa mesmo. Ñ conhecia nenhuma das 2.
Gostei....... *_*

MSC disse...

Bela mensagem da Cora Coralina, para todos nós.
Bom para ver e ouvir nesta segunda-feira.
Bgd.

Victor disse...

Luiz Felipe Muniz, é possível encontrar discos da Helena Meirelles para comprar? Quantos ela gravou?
Não ligo para poesia mas essa Cora Coralina parece ser legal.

Luiz Felipe Muniz disse...

Olá Victor, com certeza vc encontrará discos da Helena, e quem lhe dará maiores detalhes é o Marquinhos Cardozo, que postou esta no blog...ele ainda não se manifestou sobre o seu comentário, peço que aguarde um pouco mais...forte abraço e grato por sua presença por aqui!

Marcos Oliveira disse...

OK Victor e Felipe, vamos à resposta, mas antes uma pequena biografia da Helena Meirelles que selecionei na Internet:

"Nasceu numa fazenda no pantanal do Mato Grosso do Sul e cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros. Fascinada pelas violas caipiras, a família não permitia que aprendesse a tocar, o que acabou fazendo por conta própria, às escondidas. Aos poucos ficou conhecida entre os boiadeiros da região. Casou-se por imposição dos pais aos 17 anos, abandonando o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Separou-se novamente e, resolvida a tocar viola em bares e farras, deixou os filhos dos dois casamentos com pais adotivos e ganhou a estrada até encontrar o terceiro marido, com quem ficou junto há mais de 35 anos.
Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada bastante doente por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi "descoberta pela mídia" a partir de uma matéria elogiosa na revista norte-americana "Guitar Player". Apresentou-se em um teatro pela primeira vez aos 67 anos, e gravou discos em seguida."

Discografia:
1994 - Helena Meirelles
1996 - Flor de guavira
1997 - Raiz pantaneira
2002 - Helena Meirelles ao vivo
2003 - De volta ao Pantanal
2004 - Os bambas da viola (nesse ela participa com duas faixas).

Infelizmente quase todos estão fora de catálogo. Vocês encontra o primeira na Saraiva por R$19,90.
Os outros acho que terá de recorrer a downloads via share ou torrent, mas vai ter de procurar...