29 de outubro de 2010

Ninguém conhece melhor o Papa Ratzinger(Bento 16) como o Leonardo Boff e o Frei Betto

O pronunciamento recente do Papa se referindo ao voto no Brasil e ao aborto parece sim coisa encomendada! Ele se reuniu no Vaticano com 15 Bispos do Nordeste, que foram convocados as pressa para estarem em Roma antes do Segundo-Turno com o pontífice!  

Eu tenho dito que o Brasil virou novamente a "bola da vez" e a "menina dos olhos" dos mundos dos poderosos, dos ambiciosos e dos obtusos conservadores... ainda veremos muito mais por aqui.

Essa última do Papa Bento 16 é hilária e não poderia contar com o silêncio daqueles que o conhecem bem de perto, como por exemplo o Leonardo Boff e o Frei Betto, pois foi o Cardeal Ratzinger quem abraçou a luta contra a "Teologia da Libertação" encabeçada por ambos, e foi ele também o grande responsável pela perseguição sofrida, durante anos, pelo frei Leonardo Boff até a sua expulsão da Igreja Católica. Vejam abaixo o que declararam ambos sobre o pronunciamento do Papa a respeito da eleição no Brasil, do aborto no Mundo, da pedofilia na Igreja Católica e outros temas afins:

"É importante não sermos vítimas de hipocrisia
por Leonardo Boff, no informativo Rede de Cristãos

É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os apelos dos Papas em contra, não modificaram a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos , como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.
Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes países fez com que o número de abortos diminuisse consideravelmente.
O organismo da ONU que cuida das Populações demonstrou há anos que quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.


Vale lembrar que o canon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saude José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este canon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmene não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.


Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os orgãos todos preparados, apelou para este canon 1398 e excomungou os medicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.


É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na política brasileira fazendo-se cabo eleitoral dos grupos mais conservadores. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos, como Cardeal, ocultou o crime de pedofilia de padres e de bispos.


Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil.

Um abraço fraterno
Leonardo Boff"  LEIA AQUI

"Leonardo Boff e Frei Betto criticam papa por intervir em eleição

Rio de Janeiro, 29 out (EFE).- O frade dominicano Frei Betto e o ex-franciscano Leonardo Boff criticaram nesta sexta-feira o papa Bento XVI por suas declarações a respeito do aborto, que interpretaram como uma intromissão do líder máximo da Igreja Católica nas eleições presidenciais do próximo domingo.


O aborto se transformou em um dos assuntos mais polêmicos na atual campanha eleitoral e alguns bispos da Igreja pediram aos eleitores que vetem a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que no passado defendeu a descriminalização da interrupção da gravidez.
"Pena que o papa Bento XVI tenha virado cabo eleitoral de forças conservadoras! Por que não elogia as políticas sociais que salvam vidas?", escreveu em sua conta do microblog Twitter Frei Betto, como é conhecido popularmente o frade Carlos Alberto Libânio Christo, um velho amigo e ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


"Quando será que o papa condenará as guerras do Iraque e do Afeganistão, assim como o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba?", acrescentou o religioso, que é escritor e amigo do ex-presidente cubano Fidel Castro, de quem escreveu uma biografia.


"O papa não pode se transformar em um cabo eleitoral. Ao esconder os pedófilos, perdeu autoridade", postou no mesmo canal Leonardo Boff, um dos ideólogos da chamada Teologia da Libertação e que terminou abandonando a Igreja por suas divergências com o Vaticano.


O teólogo e ex-frade franciscano, que chegou a ser castigado com o silêncio pela Congregação da Doutrina da Fé do Vaticano quando era dirigida pelo então bispo Joseph Ratzinger, lembrou que recentemente escreveu um artigo em faz referência ao mau uso político da religião nas atuais eleições presidenciais.


Frei Betto e Boff referiram-se com seus comentários às declarações pronunciadas na quinta-feira por Bento XVI contra o aborto e em favor de que os religiosos opinem sobre assuntos políticos.


Em reunião na quinta-feira com bispos brasileiros, Bento XVI disse que o Episcopado tem a obrigação de emitir juízos morais sobre temas políticos e criticou as propostas de legalização do aborto.
A declaração foi interpretada como uma defesa dos bispos que pediram aos eleitores brasileiros que vetem os candidatos que defendem o aborto, entre os quais Dilma, que é a favorita para vencer as eleições do domingo.


Apesar de nas últimas semanas a governista ter reiterado que se opõe à legalização do aborto e chegou a assinar uma declaração na qual se compromete a não apresentar proposta a respeito.
As declarações do papa foram defendidas pelo candidato da oposição à Presidência, José Serra (PSDB), que em vários debates jogou sobre Dilma as antigas entrevistas em que se manifestava favorável a descriminalização do aborto.
"Trata-se do líder espiritual mundial da Igreja Católica e ele tem pleno direito de emitir suas diretrizes e orientações aos católicos do mundo, especialmente na defesa da vida", justificou Serra.
"É a posição do papa e tem que ser respeitada", ressaltou a candidata governista, antes de advertir: "eu, pessoalmente, sou contrária ao aborto".
Pesquisa divulgada na quinta-feira pelo Datafolha, se as eleições fossem hoje, Dilma seria eleita primeira presidente do Brasil com 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra."
 
DEU NO UOL



2 comentários:

João Carlos disse...

Um absurdo a interferência do Vaticano nas eleições do Brasil.
Como se igreja não tivesse com o que se preocupar.

Marcos Oliveira disse...

Textos definitivos sobre essa posição no mínimo questionável do Papa. A Igreja mais vez perde com essa ação.