21 de junho de 2011

Outono, Inverno e Escher

Hoje é dia 21 de junho. Daqui a pouco começa o inverno, acho que por volta das 14 horas. Estamos portanto nos últimos momentos do outono de 2011. "Últimos" e "Outono" são palavras que se completam aqui por que me lembrei que antigamente (ou ainda se fala assim?) existia a expressão "Outono da Vida" que designava a última fase da existência ("a terceira idade").

Não sei bem porque existe esse conceito mas pode ser que tenham associado às quedas das folhas das árvores. Questionável. Mas o outono é uma bela estação, com um sol aconchegante e um brilho diferente que dá aos dias uma claridade especial, sem ofuscar, com um horizonte visual mais amplo.

Este ano o outono foi especialmente belo e como no Brasil as estações não são estanques acredito que o inverno que se inicia mantenha as mesmas características: sem muita chuva, queda de temperatura à noite e a mesma luminosidade.

Curioso que resolvi fazer esse post sobretudo porque vi hoje uma pintura do holandês Escher que nem foi tão ligado às estações do ano como eram, por exemplo, os Impressionistas. Trata-se de "Três Mundos" onde aparece o mundo subaquático em que está o peixe, a superfície da água onde flutuam as folhas caídas e as imagens refletidas das árvores que estão no ar.

Temos assim o outono representado nas folhas caídas. Também não sei porque árvores sem folhas me fazem pensar em inverno. Daí a ligação outono-inverno que essa gravura me fez lembrar e a oportunidade de falar sobre isso exatamente hoje.

Aí uma coisa puxa outra. E já que citei Escher... Não sei se todos vocês conhecem a obra desse holandês que viveu entre 1898 e 1972. Meu primeiro contato com as obras dele foram ainda nos anos 1970 por conta de umas capas de discos e pelo interesse pelo estilo Surrealista. Não que Escher possa ser categorizado nesse gênero, mas sua obra faz referência ao mesmo.

Mauritis Cornelis Escher foi um gênio que explorava em suas pinturas princípios matemáticos, ilusões de ótica, padrões repetitivos, etc. Havia muito simbolismo também e é um desafio desvendar esses símbolos e metáforas intelectuais e emocionais.

Recentemente aconteceu no Rio uma grande exposição do artista. Acho que atualmente está em São Paulo. Chama-se "O Mundo Mágico de Escher".

Conforme já falei não existem muitas obras de Escher que tenham como referência as estações do ano, além da citada. Mas a passagem do tempo representada por esse outono-inverno não deixa de ser uma espécie de enigma e as emoções provocadas por momentos assim também são mágicas e de difícil explicação racional. Tudo conforme as obras de Escher. Por isso resolvi colocar aqui, além de "Três Mundos", algumas outras obras do pintor holandês.


Complementa esse post um video que mostra a natureza de forma belíssima, com suave trilha-sonora.
Maximizem a tela clicando nas setinhas. Vale a pena ver e em tela cheia. Aumentem um pouco o som (mas não muito).

No fundo é isso: só para desejar a todos uma ótima nova estação!

Que o inverno nos seja leve e traga ótimos momentos para todos nós.

Afinal sempre merecemos o melhor, não é mesmo?



"Outono" filmado no Parque Nacional Yosemite, USA, por Henry Jun Wah Lee

4 comentários:

Jefferson disse...

É Marcos, você me acostumou mal.
Desde sábado que não colocavas nada aqui no blog e eu olhando umas três vezes ao dia.
Como Luiz Felipe anda um pouco sumido já tava ficando triste de não ver as suas atualizações diárias.
Como sempre, muito legal o seu texto. Nem estava me ligando nessa entrada de inverno. Bons cronistas fazem isso, nos chamam a atenção para detalhes aparentemente sem importância.
No post anterior a citação do Metamúsica me deu saudades do jornal. Não está na hora de voltar com ele?
Abraços para você, para o Luiz Felipe e para todos os leitores.
Bom inverno!

Maria Inês disse...

Ótimo artigo Marcos. Adorei!
Gostei muito tambem da história da pluma e do coração.
Sobre o dia de hoje, é o solstício de inverno. Peguei algumas infomações sobre isso na internet e trouxe para cá visando complementar o seu excelente post.
Bj.

Solstício de inverno é um fenômeno astronômico usado para marcar o início do inverno. Ocorre normalmente por volta do dia 21 de Junho no hemisfério sul e 22 de Dezembro no hemisfério norte. Esta data também era de grande importância para diversas culturas antigas, que de um modo geral a associavam simbolicamente a aspectos como o nascimento ou renascimento.

A palavra solstício vem do latim; (Sol), e sistere (que não se move).

O solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge a maior distância angular em relação ao plano que passa pela linha do equador. Embora sua data não seja a mesma em todos os anos, pode-se dizer que ocorre normalmente por volta do dia 22 de Dezembro no hemisfério norte e 21 de Junho no hemisfério sul. Esse momento não é fixo no calendário gregoriano em função do ano tropical da Terra não ser um múltiplo exato de dias.

Esta data tinha grande importância para diversas culturas antigas que geralmente realizavam celebrações e festivais ligados às suas religiões.

Chineses
No calendário chinês, o solstício de inverno chama-se dong zhi (em português: chegada do inverno) e é considerado uma data de extrema importância, visto ser aí festejada a passagem de ano.

Roma antiga
Entre os romanos os festivais eram muito populares. O período marcava a Saturnália, em homenagem ao deus Saturno. O deus persa Mitra, também cultuado por muitos romanos, teria nascido durante o solstício. Divindades ligadas ao Sol em geral eram celebradas no solstício também.

Com a introdução do cristianismo no Império Romano houve, por parte da Igreja Católica, uma tentativa de cristianizar os festivais "pagãos". Há indícios de que a data de 25 de Dezembro foi escolhida para representar o nascimento de Jesus Cristo já no século IV. Há evidência bíblica de que Jesus não teria nascido durante o inverno, pois, no momento do nascimento, pastores estavam cuidando de seus rebanhos nas vigílias da noite, e o período do solstício, visto como o renascimento do Sol, carrega forte representatividade. Além disso, conseguiu aproveitar a popularidade das festividades da época.

Neopaganismo e Europa pré-cristã
Hoje esta data é revivida na celebração do Sabbat Neopagão Yule. Que revive algumas antigas tradições religiosas dos povos europeus pré-cristãos.

Os povos da Europa pré-cristã, chamados pelos católicos de pagãos, tinham grande ligação com esta data. Segundo alguns, monumentos como Stonehenge eram construídos de forma a estarem orientados para o pôr do sol do solstício de inverno e nascer do sol no solstício de verão.

A.I.W. disse...

Marquinho, tu és mestre nessas jogadas textuais de misturar alhos com bugalhos e sair uma coisa decente.
Essa de ligar outono, inverno e Escher eu não conseguiria fazer. Mas tu fez e ficou legal. Muito esperto!

Marcos Oliveira disse...

Jefferson: É muito legal fazer um blog mas as vezes dá um pouquinho de trabalho e falta tempo. É por isso que o Luiz Felipe "anda um pouco sumido". Mas ele é o titular, está na área e vai reaparecer em breve. Quanto ao Metamúsica, obrigado pela lembrança. Ele volta sim. Um dia...

Maria Inês: obrigado pela grande contribuição esclarecendo sobre o solstício de inverno.

A.I.W.: Interessante sua análise sobre "jogadas textuais". Obrigado pelos elogios (foram elogios, né!?) :)

Abraços.