Tudo muito rápido!
Tínhamos prometido fazer neste mês uma pequena seleção de posts já publicados, uma pequena retrospectiva.
Salvo raras exceções quase não deu pra fazer isso.
Tempo, tempo, tempo, tempo.
Fica para uma outra oportunidade (já falei isso aqui).
Mas antes de desistir totalmente segue um post "dois em um".
Eu queria era publicar uma resenha sobre o livro "Desejo de Status", mas acho que esse post se perdeu no endereço anterior a 2009.
No entanto achei dois comentários feitos aqui sobre o autor Alain de Botton (um deles chega a fazer referência ao livro). Reproduzimos a seguir.
Publicado em 02/08/2009, sob o título "A Arte de Viajar":
Nas últimas semanas, de breves férias e muitas demandas para resolver entre Campos, Rio das Ostras e Rio de Janeiro, aproveitei para ler uns livros que estavam na fila de espera há bom tempo. Depois de concluir a leitura de “Eric Clapton: A Autobiografia” (já comentado aqui), comecei a ler dois ao mesmo tempo: “A Ciência Médica de House” de Andrew Holtz, Editora Best Seller (vou comentar em breve) e “A Arte de Viajar”. Este último é de autoria do jovem (39 anos) filósofo suíço Alain de Botton e foi publicado no Brasil pela Editora Rocco. Morando em Londres onde é professor universitário, Botton nos presenteia com mais uma obra interessante depois de “As Consolações da Filosofia”, “Desejo de Status”, “Como Proust Pode Mudar Sua Vida” e muitas outras criações que tentam analisar o nosso tempo e consequentemente as atribulações humanas atuais. Longe de ser apenas um guia de viagens, de Botton nos coloca frente a frente com questionamentos que muitas vezes não nos fazemos conscientemente, mas que estão lá, martelando no (sub)(in)consciente. Para ficar mais claro, vejam esse pequeno trecho do livro: “Nossa capacidade de extrair felicidade de objetos estéticos ou bem materiais na realidade parece depender, em termos cruciais, da prévia satisfação de uma faixa mais importante de necessidades emocionais ou psicológicas, entre as quais a necessidade de compreensão, de amor, expressão e respeito (...). Estamos tristes em casa e culpamos o clima e a feiúra dos prédios, mas na ilha tropical que estamos (a passeio) descobrimos que o estado dos céus e a aparência das moradias não podem jamais, por si sós, garantir nossa alegria nem nos condenar à aflição” (página 34). Em resumo, o filósofo nos fala que viajar é ótimo para trazer bem estar e felicidade, mas não esqueçam (o paradoxo) de que com a nova paisagem estará você também: “parece que somos mais capazes de habitar um lugar (n.r.: na imaginação) quando não nos defrontamos com o desafio adicional de ter de estar lá” (n.r.: a realidade da viagem, com suas possíveis decepções e a presença do próprio ‘ser’). Recomendo a leitura, para quem gosta (e pode) viajar ou não.
Publicado em 17/03/2011 sob o título "Status: Do bom e do melhor":
Não tenho a data precisa em que foi publicado (possivelmente em 2009), nem onde.
Pode ter sido na revista Marie Claire ou pode até estar no livro "Mulheres: por que será que elas…?" que ela publicou na Editora Globo (e eu não li).
É muito bom e me fez lembrar de um outro livro (esse sim eu li e já devo ter comentado aqui no blog, não me lembro) do filósofo suíço Alain de Botton, chamado "Desejo de Status".
De certa forma o tema é o mesmo: a necessidade do sucesso, comprovado pelos bens que se possui, para que nos sintamos mais aceitos, respeitados e "felizes".
Do Bom e Do Melhor
"Estamos obcecados com “o melhor”. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do “melhor”.
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”.
Isso até que outro “melhor” apareça – e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros!…) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente…
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o “melhor chef”‘?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo “melhor cabeleireiro”?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o “bom” que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens “perfeitos”..
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo.
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do “melhor” a gente nem percebeu?"
4 comentários:
Comentários postados na época (sobre o segundo post):
(1)
Anônimo disse:
É um tendência, sim, pós-moderna (Já estará desatualizado este termo?, caro Marcos; porém a diversidade humana é tanta que gera também diversas tendências, possibilidades e modos de vida, nesse nosso mutante e instável planeta. A ponto de eu sempre questionar formulações generalistas como as do primeiro parágrafo do texto "Do Bom e do Melhor". O texto é bom, mas sua premissa não é verdedeira. Vc poderia postar um trecho do outro autor citado, o filósofo suíço, para que pudéssemos comparar e abrir, quem sabe, um debate?
Achei muito bom foi o texto da Rachel Sheherazade. Já pensou se ela fosse o "parquet"? Gostei!
Além disso é exemplo de jovem bela, inteligente e simpática. Fiquem de olho! Elas existem! E não apenas as siliconadas ou as inteligentes como as que Vinícius pediu perdão. Sem preconceito, lógico, ou vamos voltar à premissa do texto acima "Do Bom e do Melhor". Há espaço pra todas as pessoas nesse vasto, vasto mundo...
(2)
Eu respondi:
Prezado anônimo(a?), muitas vezes as proposições generalistas são estratégias de texto. Acho que mesmo a autora não é assim.
Sobre a Rachel, também gostei muito.
Sobre o livro de Alain de Botton: "Todos sofremos de um terrível mal: o desejo de status. Não há quem não esteja plenamente seguro com relação a sua posição social, embora poucos admitam isso publicamnete. No mundo competitivo de hoje, essa questão pode adquirir dimensões gigantescas, tornando-se a principal preocupação de muitas pessoas. Ele analisa os cinco fatores responspáveis pelo desejo de status: a falta de amor, o esnobismo dos outros, a estrtura meritocrática da sociedade e a dependência de fatores externos para conquista do sucesso profissinal."
"Cinco remédios para o mal: A filosofia, a arte, a política, o cristianismo e a boemia"(!).
Um cometário que tirei da Internet:
"Todos nós sofremos de um terrível mal: o DESEJO DE STATUS.
Esta é uma das primeiras frases do livro Desejo de Status do autor Alain Botton. O autor busca compreender o que ele denomina de “doença coletiva” que induz as pessoas a agir de certa forma, a busca pelo Status. Deste modo, os homens dão validade a seus princípios de acordo com a aprovação ou a reprovação do outro (que também tem fundamentado seus princípios para agir de modo alheio ao próprio Eu). É a busca de ser bem visto aos olhos dos outros que impulsiona o homem a agir de acordo com o “correto” e aprovado pelas pessoas a sua volta.
Esta dependência recíproca dos homens – a aprovação de suas atitudes – tem como fundamento a idéia da organização da sociedade de modo meritocrático. A meritocracia faz com que percebemos nitidamente as pessoas que são suficientemente “boas” para ser admiradas e seguidas, e as pessoas que não venceram na vida, que são inúteis para a sociedade, estes são chamados de ninguém. É uma sociedade de VENCEDORES e PERDEDORES, de pessoas que possuem valor para os outros e de pessoas que só atrapalham a vida dos vencedores. A mobilidade social fez com que as pessoas fossem qualificadas de acordo com seu status ou sua capacidade de “vencer”.
Isso fez com que as pessoas só tivessem valor perante os olhos dos outros (os “vencedores”, a minoria). Já a outra parte da população que é maioria, são formada pelos “perdedores”, aqueles que são burros, ignorantes ou preguiçosos, e por isso, não se empenharam em “vencer” na vida. Há uma completa inversão de valores. Antes na Idade Média, pela sociedade ter tido como seu fundamento o Cristianismo, os pobres eram aqueles que sofriam e trabalhavam duro mas eram vistos pelos nobres e pelo clero como importantíssimos para o funcionamento da sociedade, sem os camponeses não haveria comida para a classe dominante. Com o fim da Idade Média, esses valores são invertidos, Adam Smith é um dos principais pensadores a tentar estabelecer uma nova ordem, ele afirmava que agora eram os ricos que sustentavam os pobres, estes não sobreviveriam caso os ricos não gastasse exageradamente. Invertem-se os valores, os pobres deixam de ter importância para o funcionamento da sociedade, para ser os culpados de sua própria desgraça. E é retirada a culpa dos ricos (vencedores) que alivia o peso de sua consciência.
Leiam o livro Desejo de Status, é muito importante para poder entender os motivos que levam as pessoas a agir, e de que modo somos influenciados e porque agimos contra nossa verdadeira vontade."
Fonte: http://codigoz.wordpress.com/2008/06/27/desejo-de-status-status-anxiety/
18 Março, 2011 08:35
(3):
Anônimo disse:
Obrigada pela atenção e resposta, caríssimo. Vou buscar ler "Desejo de Status". É sempre bom ler filosofia, ainda mais quando contemporânea, e voltada para a melhoria do auto-conhecimento e da vida cotidiana do homem, este ser quase sempre em busca de si mesmo e de seu papel no mundo. E no fim, se esse for de alegria ou de dor,
não importa.
Em agradecimento, trago um poema; pois como já dito: a Filosofia é um
refinamento da Poesia.
Mutability
We are the clouds that veil the midnight moon;
How restlessly they speed, and gleam, and quiver,
Streaking the darkness radiantly!--yet soon
Night closes round, and they are lost forever:
Or like forgotten lyres, whose dissonant strings
Give various response to each varying blast,
To whose frail frame no second motion brings
One mood or modulation like the last.
We rest.--A dream has power to poison sleep;
We rise.--One wandering thought pollutes the day;
We feel, conceive or reason, laugh or weep;
Embrace fond foe, or cast our cares away:
It is the same!--For, be it joy or sorrow,
The path of its departure still is free:
Man's yesterday may ne'er be like his morrow;
Nought may endure but Mutability.
Percy Bysshe Shelley
Bom dia!!!
18 Março, 2011 11:39
(4)
Finalizei:
Thanx pela participação e pela bela poesia!
Bom fim de semana!!
18 Março, 2011 20:25
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