Na década de 1970 assisti a um filme de que nunca mais esqueci. Na verdade não me lembro com detalhes de todos os acontecimentos do drama mas, adolescente que era, ficou na memória em linhas gerais uma espécie de “sinopse” da história.
Ocorre que nunca mais vi esse filme. Acredito que ele esteja disponível em DVD (se estiver em catálogo) ou mesmo que passe eventualmente nesses canais de filmes antigos, tipo Telecine Cult ou TCM.
Pode ser que eu tenha, inconscientemente, optado por assistir aquela única vez para deixar registrado o encantamento de uma mente adolescente que ainda não tinha tido uma única namorada, mas que no fundo ansiava por uma paixão.
Acho que se eu falar o nome do filme e descrevê-lo um pouco, vocês vão entender melhor, certo?
Chama-se “Summer of '42”. A direção foi de Robert Mulligan, baseado em um roteiro autobiográfico de Herman Raucher. Ou seja, trata-se de uma história real. São as recordações de Herman, já um senhor maduro contando um episódio da adolescência que marcou sua vida.
Foi uma paixão de verão (em um balneário americano) que ele teve por uma mulher mais velha chamada Dorothy, casada e carente devido à ausência do marido, que estava servindo na II Guerra Mundial.
É talvez um dos mais singelos e emocionantes registros sobre o tema “a primeira vez”, onde a iniciação sexual é tratada de forma emocional. Apesar do tema “forte” é um hino à inocência, a um momento único. Uma lição de amor e de vida, contada de forma poética e sensível.
Tenho até medo de falar essas coisas. Algum de vocês pode procurar o filme, assisti-lo e... achar horrível! Os tempos são outros...
É que, para muitos, poderá parecer uma história “datada”. Não deixa de ser verdade. É o relato de uma época (1942!). Os tempos mudam e, sem nostalgia, acho que muitos jovens poderiam assisti-lo para comparar com as facilidades atuais. Isso sem querer distinguir “como melhor ou pior”.
No Brasil, com tantas adaptações de títulos infelizes, neste eles acertaram e para mim ficou melhor que o original: “Houve Uma Vez No Verão” (acho que depois relançaram com o título "No Verão de 42"). E acredito que nunca houve um verão como aquele no cinema.
Mas tem outra coisa no filme que contribuiu para que ficasse em minha memória: a maravilhosa trilha-sonora de Michel Legrand, essa sim indispensável para admiradores de boa música. Retratou de maneira impar os momentos suaves do filme.
Talvez esteja na hora de, tantos anos depois, rever essa película (antigamente chamávamos assim) e verificar se resgato as mesmas sensações...
Bom final de domingo.
Boa semana a todos.
Um comentário:
Alguns comentários da época:
Ricardo: Essa música eu conhecia, mas não sabia o nome dela nem que tinha sido tema de um filme que eu também não vi.
Mas se a história é verdadeira como ficou o triângulo depois de 1942? Sabe dizer?
Eu: Ricardo, o filme em si tem um desfecho, mas não vou contar em detalhes para não prejudicar quem desejar assistir.
No entanto foi divulgado que, após o lançamento do filme (acho que me 1971), o roteirista (que viveu a história) recebeu diversas cartas de mulheres identificando-se como a Dorothy retratada. Uma delas era a verdadeira. Ela teria casado uma segunda vez e teve filhos. Consta que esse foi o único contato de ambos nos anos 70 (será mesmo?). Em uma rápida conta ela deveria ter pouco mais 50 anos e ele por volta de 45.
Se ainda forem vivos hoje estão bem velhinhos.
Abraço.
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