3 de agosto de 2009

Em debate: os grandes jornais tem relevância hoje?

Muito bom o artigo "Qual a relevância dos jornalões?" de Venício A. de Lima, publicado no site Observatório da Imprensa. Eis aqui alguns trechos, leiam o restante no link indicado. Em minha opinião eles não tem mais relevância nenhuma.

"A atual conjuntura política, marcada pela crise no Senado Federal e pelas suspeitas em relação à administração da Petrobras, recoloca em pauta uma velha questão sobre o alcance e a influência dos jornalões da grande mídia: a Folha de S.Paulo, o Estado de S.Paulo e O Globo: merecem eles a importância que a elite política e os "intelectuais" lhes atribuem na formação da opinião pública brasileira, vis à vis, por exemplo, a televisão e/ou a internet?

Há alguns anos, muito antes da expansão da internet, venho insistindo que não. Não merecer a importância que se atribui a eles não significa que devam ser ignorados. Absolutamente. Significa, ao contrário, não se atribuir a eles uma relevância nacional que, se algum dia tiveram, não têm mais.

(...) Há evidencias de que, na seleção das matérias a serem noticiadas, predominam as referências implícitas ao grupo de colegas e às fontes em relação às referências implícitas ao próprio público, isto é, às audiências e/ou aos leitores. Isto significa que, enquanto o público em geral é pouco conhecido pelos jornalistas, o contexto profissional-organizativo-burocrático imediato exerce uma influência decisiva na seleção do que vai ser noticiado. Vale dizer, a origem principal das expectativas, orientações e valores profissionais dos jornalistas não é o "público" para o qual eles e elas deveriam escrever, mas o "grupo de referência" constituído, sobretudo, por colegas e fontes.

(...)Parece correto afirmar, portanto, que os jornalões e seus jornalistas funcionam dentro de uma circularidade restrita a camadas específicas da elite política e "intelectual" brasileira. Nada mais do que isso.

Registre-se que a supervalorização indevida do poder dos jornalões, muitas vezes, provoca uma avaliação equivocada de qual realmente é a "opinião pública" majoritária no país e, consequentemente, pode conduzir a equívocos importantes, inclusive na formulação de políticas públicas por parte de setores do poder público.

Resta saber qual o poder concreto que esta elite política e "intelectual" exerce na vida política nacional. Nos processos eleitorais, se a eleição presidencial de 2006 servir como exemplo, as diversas "esferas públicas" que coexistem e funcionam na sociedade brasileira, fora do alcance dos jornalões, revelaram uma relativa autonomia."

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