Novo museu terá projeto inspirado em Burle Marx
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Inspirado nas formas criadas pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) para o calçadão da orla, o projeto arquitetônico do escritório de Nova York Diller Scofidio + Renfro foi o escolhido para abrigar a nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), em Copacabana. A decisão dos jurados, que analisaram outros seis projetos (quatro de escritórios brasileiros), foi anunciada hoje pelo governador Sérgio Cabral Filho. Em discurso, ele contou que onze anos atrás foi a Bilbao "exclusivamente" para visitar o Guggenheim. "Imagina isso na Avenida Atlântica?" Cabral prometeu "acabar com o cheiro insuportável" naquele trecho da praia e "pacificar até o fim do ano" o Morro do Cantagalo.
"O edifício é melódico, extremamente musical", disse o crítico de arte Paulo Herkenhoff, um dos jurados. "Apesar de ser a cidade naturalmente maravilhosa, os cariocas sempre se sentiram responsáveis por agregar algo. O Rio é uma cidade onde o homem se sente responsável por responder à natureza. Creio que esse seja um momento capital desse processo de interação", completou Herkenhoff, que foi curador da 24.ª Bienal de São Paulo.
A atual diretora do MIS, Rosa Maria Araujo, disse que foi "conquistada" pela ideia dos americanos de "transformar e subir" a calçada de Burle Marx. Além da "grande inspiração" na obra do paisagista, Elizabeth Diller citou, durante a apresentação após o resultado, sua admiração pelo Manifesto Antropofágico e pelo Tropicalismo. "O lugar (a orla de Copacabana) é tão rico que sentimos que tínhamos de pegar um pouco emprestado", disse ela. A arquiteta conta que pretendeu projetar algo "poroso, aberto", que deixasse qualquer um à vontade para entrar, fugindo da "muralha" de prédios da Avenida Atlântica. O escritório foi responsável por belos projetos, como o Institute of Contemporary Art (ICA), nos EUA, e a Blur Building, na Suíça.
Ela e Ricardo Scofidio vieram ao Brasil pela primeira vez na semana passada, para a apresentação final aos jurados. Scofidio disse que eles ficaram apaixonados pela cidade. "Esse projeto é muito importante para nós. Acreditamos nessa conexão de uma instituição pública com a cidade." Além das salas de exposições permanentes e temporárias, o prédio terá um café e um cinema ao ar livre no terraço, um restaurante panorâmico no terceiro piso, um piano bar no segundo ("quiçá uma boate", disse a secretária de Cultura, Adriana Rattes), além do auditório no subsolo, que também pode ser visto do térreo. A estrutura permite observar a praia a partir de vários pontos. Grandes rampas com jardins suspensos, definidas como uma extensão do calçadão, "convidam" os pedestres a percorrer um "museu vivo".
HELP
O projeto do MIS do Rio está orçado em R$ 65 milhões, dos quais R$ 13 milhões já foram depositados em juízo para a desapropriação do terreno de 1.600 metros quadrados ocupado desde a década de 1980 pela discoteca Help. O valor da indenização foi questionado na Justiça, mas o governo espera uma solução nos próximos dois meses. As obras levariam dois anos e meio, após a demolição. O governo se comprometeu a bancar R$ 50 milhões e mais R$ 15 milhões seriam captados na iniciativa privada. O projeto é uma parceria do governo com a Fundação Roberto Marinho, responsável pelo Museu da Língua Portuguesa e o do Futebol, em São Paulo.(AE)
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Um comentário:
Boa notícia Felipe. Vi as fotos do projeto e parece ser muito legal mesmo. O prédio e a boite Help já estavam destoando há muito da Av. Atlântica. O mais importante é que não vai surgir ali mais um daqueles prédios imensos...
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