Na minha opinião uma obra-prima do cinema japonês!
O Ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009 é de fato um poço de sensibilidade, num misto de paixão, contradições, alegrias e redenção.
Como sou de uma família de chorões, não poderia dar em outra coisa: chorei muito e me alegrei demais...o cinema tem destas coisas, né não?!
Lembrei-me também, durante o filme, da re-leitura que tenho feito de Edgar Morin (Meus Demônios) e de um trecho que ele enfatiza logo no início de sua obra:
"...Todo esse trabalho de decomposição e recomposição se operou durante o período de revisão fecunda...O que estava abandonado para sempre era a síntese eufórica. Eu me tornei alergico ao impudor dialético. Mas, o que era mais forte que nunca era a necessidade do duro enfrentamento das contradições."
Quanto ao filme "A Partida" eu afirmo: imperdível! Veja alguns detalhes da crítica oficial:
"A Partida, de Yojiro Takita, é obra de imagens convencionais, mas de linguagem lírica, competentemente dirigida, que recorre a uma tradicional cerimônia fúnebre japonesa para mostrar, mesmo com certa ironia, como se deve, pela superação das perdas afetivas, valorizar cada momento da vida.
O roteiro, de Kundo Koyama, baseado no livro Coffinman: The Journal of a Buddhist, de Aoki Shinmon, embora esquemático, é rico em simbologia. É disso um exemplo a seqüência em que o protagonista Daigo Kobayashi (Masairo Motoki), estando às margens de um rio, nos arredores de Yamagata, sua terra natal, observa a persistência dos salmões em nadar contra a corrente até chegar ao encontro com a morte.
Daigo moldou a sua personalidade pela do pai, Toshiki Kobayashi (Toru Mineghishi), que o incentivou, desde criança, a tocar violoncelo e a dar atenção às tradições japonesas, como a da compreensão de mensagens das pedras-cartas. Seus sonhos, porém, foram sempre alimentados pelo lado da música. Quando Kobayashi abandonou a família, a mãe de Daigo teve de montar um pequeno negócio para custear as despesas domésticas e educá-lo.
O filme se inicia em Tóquio, onde Daigo integra uma orquestra sinfônica em dificuldade, que acaba por ser dissolvida. Sem ter como pagar as dívidas, o músico vende o violoncelo e, tendo a concordância da mulher Mika (Riyoko Hirosue), decide retornar à sua cidade para morar na própria casa, vazia desde que sua mãe morrera, há algum tempo, sem que ele pudesse estar presente aos funerais.
A grande surpresa de Daigo, entretanto, acontece, quando ele descobre que o trabalho que lhe é oferecido, com pagamento de compensador salário antecipado, é o de assistente de um profissional, Shoei Sasaki (Tsutomu Yamasaki), preparador de cadáveres para o ritual familiar que antecede à cremação.
A direção de Takita é pródiga em criar elementos visuais para imprimir certo tom impressionista à narrativa, como o que se observa nas seqüências em que ele enclausura Daigo no estreito corredor de sua residência a fim de expressar o quanto a personagem se sente angustiada por não poder dizer à mulher, Mika, temendo reação desfavorável dela, qual é o tipo de trabalho a que se dedica."
Um comentário:
Por coincidência na segunda-feira fui almoçar lá no Shopping Plaza (de Macaé...) com os amigos Gil Carlos e Beth e, trocando recomendações de filmes, um dos que eles me indicaram com bastante ênfase foi exatamente esse, que eles viram no Cine Bardot de Búzios. Acho difícil esse filme passar em Campos (e em Macaé e Rio das Ostras), pois não é "cine pipoca". Como não vou ao Rio agora (e já saiu de cartaz em Búzios) terei de recorrer ao DVD ou à Internet... De qualquer forma, grande dica para os leitores do Blog.
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