Eu ainda não vejo com simplicidade o fenômeno registrado no primeiro turno com o desempenho da Marina Silva. Penso que houve peso sim do fator religioso, mas não foi determinante para o tamanho: quase 20 milhões de votos!
Concordo com alguns analístas que apontam mais erros na campanha do PT da Dilma do que acertos na campanha do PV da Marina.
Durante as últimas semanas que antecederam o 1º Turno, a todo o momento eu fui questionado por minha mãe, uma novata senhora internauta, sobre os horrores debitados à candidata Dilma pela internet: a favor do aborto, do casamento de gay's, uma terrorista sem religião...e ela me dizia sempre que eram dezenas e dezenas de mensagens enviadas de seus poucos contatos, e que se não havia nenhuma resposta contra e em defesa da candidata na internet, só poderia ser verdade tudo aquilo!
Outras opiniões também me preocuparam dias antes da votação, quando obtive comentário de alguns amigos, relatando as preferências de seus filhos na primeira experiência como eleitores: ou eram com Marina ou com Plínio!!
Ora, ora, uma eleição majoritária que não seduz os estudantes e jovens eleitores, que não tem discurso para eles, ou que desconsiderem o potencial desta massa de eleitores, corre o risco da surpresa! E neste 1º Turno não houve de fato uma discussão política transparente, capaz de atrair e de dar real visibilidade aos jovens eleitores brasileiros para o futuro do país, essa massa foi para os braços da visionária Marina Silva, uma mulher de linguagem simples, de histórias ricas no campo da ecologia e dos povos da floresta e que fugiu ao desgaste temático da denúncia e ataque ao adversário, plantado sistematicamente pela Rede Globo e seus iguais!
Nem mesmo os institutos de pesquisas eleitorais acertaram, e olha que foram pesquisas e mais pesquisas patrocinadas neste 1º Turno!
Ao mesmo tempo o resultado do PV nas principais capitais foi pífio, particularmente no Rio de Janeiro, velho reduto do PV nacional, onde o conhecido Gabeira deveria ter vergonha do que conquistou nestas eleições. Na verdade ele jamais pretendeu ser do Executivo - até porque sabe pouquíssimo nesta área -, o filé para ele sempre foi o de arremessador de pedras em vidraças alheias, ser vidraça seria demais! Deixou, na negociação partidária, a vaga para o César Maia (DEM) disputar para o Senado e perder!
A grande lição que fica, na brevíssima análise que faço, é que o poder da internet influenciou sim o resultado deste 1º Turno, e boa parte da juventude brasileira participou disso; falhou o PT porque deu pouca atenção ao fato e centrou o seu foco, tão somente, na velha e carcomida mídia tradicional do PIG - Partido da Imprensa Golpista, como diz o Paulo Henrique Amorim.
A análise de Luiz Carlos Azenha corrobora com o meu entendimento e traz mais dados para uma melhor compreensão:
Tentando entender a onda verde que provocou o segundo turno
Por Luiz Carlos Azenha
Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.
Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.
Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.
Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!
Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.
Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.
Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.
Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.
Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.
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