24 de agosto de 2011

Ecologia da Transformação - Leonardo Boff

É preciso mais do que disciplina, perseverança, determinação, resiliência... para se construir boas idéias nos dias de hoje e apostar numa saída para a humanidade em crise atroz, não tenho dúvidas!

Em uma das últimas postagens que fiz aqui no blog, eu exaltei a figura do Edgar Morin, mas é certo que há inúmeras outras figuras do mundo intelectual, grandes pensadores e pensadoras que continuam na esperança e na busca por saídas inovadoras.

O Leonardo Boff é mais um desses incansáveis! No início do próximo ano será lançado no Brasil mais um livro dele, produzido em parceria com o Mark Hathaway - um pedagogo canadanse com expertise em várias áreas do conhecimento -, e que já foi publicado (e premiado) lá fora desde 2010. A história do Leonardo Boff é repleta de boas vitórias e grandes provações, particularmente no que diz respeito à Igreja Católica, e muito por conta disso os seus livros são primeiramente melhor reconhecidos na Europa e EUA, para depois chegarem por aqui, foi assim também com o livro: "Grito da Terra, Grito dos Pobres".

Em 2004 tive a oportunidade de conhecer de perto este ilustre brasileiro. Na ocasião eu estava à frente do CNFCN e do evento que intitulamos de:  "I Seminário Regional de Multiplicadores em Educação Ambiental", em parceria com a Petrobras, quando reunimos, em Campos dos Goytacazes/RJ, educadores e alunos de 18 municípios do norte-noroeste fluminense e um município do ES, Presidente Kennedy.   


Para abertura deste evento conseguimos colocar na mesma mesa dois fantásticos pensadores da atualidade brasileira: Leonardo Boff e Frei Betto, foi de fato uma grande conquista agendar estes gigantes de nossa intelectualidade, mas este assunto merece depois um post apropriado...

   
 

O que eu gostaria desde já ressaltar neste novo livro do Boff: "O Tao da Libertação" é o prefácio produzido pelo, nada mais nada menos: Fritjof Capra, um também conhecido físico quântico que já produziu grandes obras na linha da física quântica, da ecologia, da sociedade do futuro, etc, e que se prontificou em participar do novo livro.
Devo registrar que quando concluí a Pós que fiz em Psicopedagogia, anos atrás, eu não tive disciplina e nem competência para juntar num mesmo trabalho estes "caras" que pensam o futuro da humanidade, mas eu pensei muito nisto naquela ocasião, eu juro que pensei sim, e queria de fato construir uma simbiose entre o Morin, o Capra, o Boff, o Betto, o Prigogine e alguns poucos outros, mas, ficou para outros...não deu!

Fico feliz que as coisas estejam em convergência entre eles...e por enquanto, eu sugiro apenas uma breve leitura do prefácio que o próprio Boff nos brindou em seu blog, provocado que fui pelo colega da Petrobras, Olavo:

"Em 2010 Mark Hathaway e eu publicamos em inglês um livro que nos tomou cerca de 12 anos de pesquisa:”The Tao od Liberation:exploring the Ecology of Transformation”(Orbis Books, N.Y.) Ele americano-canadense, pedagogo, com vários anos de trabalho no Peru e esperto em astrofísico e cosmologia e eu ecoteólogo.Foram muitos encontros seja no Canadá seja no Brasil. O livro ganhou a medalha de ouro da Fundação Nautilus que premia livros inovadoras em várias áreas do saber. Nosso prêmio foi em “Cosmologia e Nova Ciência”. Ao ler o manuscrito, Fritjob Capra se entusiasmou tanto que se ofereceu para fazer o prefácio que, como verão, é uma bela peça de reflexão.
O livro sairá nos inícios de 2012 em portugues pela Editora Vozes de Petrópolis. LB


O Tao da Libertação
Explorando a Ecologia da Transformação
            Prefácio
Com o desenrolar do novo século, dois fatores vão impactar no futuro bem-estar da humanidade. O primeiro destes é o desenvolvimento e propagação do capitalismo global, o segundo é a criação de comunidades sustentáveis fundadas em praticas baseadas em eco-design.
O capitalismo global é preocupado com redes eletrônicas para transações financeiras e trocas de informações. O eco-design é preocupado com redes ecológicas e com o fluxo de energia e materiais dentro destas redes. A meta da economia global é, na sua forma atual, a maximização da riqueza e do poder das elites; a meta do eco-design é a maximização da sustentabilidade da teia da vida. Estes dois fatores estão atualmente em curso de colisão.
A nova economia, que surgiu da revolução da tecnologia da informação das ultimas três décadas, é estruturada principalmente em torno de redes de transações financeiras. Tecnologias sofisticadas de informação e comunicação facilitam a rápida movimentação de capital pelo mundo em uma incansável procura por oportunidades de investimento. Esse sistema conta com a ajuda de modelos computacionais para administrar as muitas complexidades trazidas pela rápida desregulamentação e pelo número atordoante de instrumentos financeiros.
Esta economia é tão complexa e turbulenta, o que torna impossível uma analise econômica convencional. O que nós estamos realmente vivenciando é um cassino global operado eletronicamente. Os apostadores neste cassino não são especuladores desconhecidos, mas grandes bancos de investimento, fundos de pensão, multinacionais e fundos mútuos criados com a intenção de manipular mercados financeiros. O tão chamado mercado global, em si mesmo, não é um mercado, mas uma rede de computadores programados com um único intento – fazer dinheiro; quaisquer outros intentos ficam fora da equação. Isto quer dizer que a globalização econômica tem sistematicamente excluído a dimensão ética de se fazer negócio."

 

2 comentários:

J.C. disse...

Muito bom, Luiz Felipe. Foi mesmo uma grande realização reunir em um evento o Frei Betto e o Leonard Boff! Parabéns também pelo texto, pela apresentação de suas idéias.

Marcos Oliveira disse...

Oportuna indicação literária Felipe. E boas lembranças desta que foi - provavelmente - a mais importante realização do CNFCN voltada para o público.
Tudo iniciativa sua, diga-se de passagem, com o feito de trazer pessoas tão importantes para o encontro.
As fotos registraram bem o momento histórico e, como você falou, merece um post apropriado com todos os detalhes e mais fotos.
Quando ao trabalho envolvendo a "simbiose entre o Morin, o Capra, o Boff, o Betto, o Prigogine e alguns poucos outros" quem sabe seja esse um bom plano para o futuro, não como monografia, mas como um livro mesmo. A se pensar...
Abraço.