5 de agosto de 2011

O Brasil de hoje comporta mais Amorins do que Jobins! Ainda veremos mais em breve...

 Quando na composição do Ministério da Presidente Dilma a figura emblemática do Chanceler Amorim não figurou, eu pensei baixinho: o que poderia ter havido para que este magnífico homem público ficasse fora do novo governo?! Justo agora que estávamos colhendo os frutos gloriosos do esforço hercúleo do Celso Amorim, nesta frente internacional de promoção do Brasil e de um Governo Lula reconhecido  pelos seus feitos e aplaudido por todas as nações!? Naqueles momentos eu refleti um pouco e cheguei a imaginar a exaustão deste bravo nacionalista, em meio tão hostíl da extrema direita brasileira e sua mídia de massa comprometida com um Brasil menor e subserviente aos EUA...ponderei sozinho que era merecido o seu descanso, mas também confesso que o imaginei como um coringa ou como uma "carta na manga"  sempre pronta para re-assumir os projetos deste Brasil Maior e dono de seu próprio nariz! Pois aí está, o Chanceler voltou em grande estilo, a mídia "Global" já deu ordens para atacar e tentar tudo para infernizar os quartéis frente ao novo nome que assume a DEFESA  do Brasil gigante, basta acompanhar  agora os comentários inflados contra a presença do ilustre e dígno homem público como poucos...mas não vai adiantar, pois o povo brasileiro está acompanhando como nunca o desdobrar desta nação e o atrofiamento daqueles que sempre apostaram num Brasil menor e acanhado...

Nas próximas semanas acompanharemos o mundo inteiro tremer mais uma vez com a falácia da crise financeira global. Tudo construído pelos povos acostumados a dominar e domar os demais para deles tirar os proveitos justificadores de seus excessos históricos e presentes. A arrogância e a prepotência desta gente é algo impensado para os padrões medianos de nosso tempo; para enfrentá-los é preciso muito mais: do que discursos bem elaborados, do que políticas públicas comprometidas com os interesses sociais da nação brasileira, do que um Estado Democrático de Direitos e Deveres...para enfrentá-los de verdade, é preciso uma capacidade resiliente que somente as orquestras afinadas são capazes de oferecer, no momento certo e no espaço correto, a sonata composta pelo esforço multiplo das gentes de bem  que estas terras tropicais são férteis em produzir!

Na semana passada eu consegui assistir aquele filme documentário - ganhador do Oscar 2011 - sobre as fraudes americanas no sistema financeiro global - INSIDE JOB -, quase não consegui chegar ao final, tamanha torpeza e detalhes da sujeira que os tribunais americanos sequer tomam "conhecimento"...todos livres e deliberadamente líderes das corporações criminosas que quebram países e imprimem políticas de desemprego em massa e dívidas impagáveis...

Portanto, seja bem-vindo Chanceler, o povo brasileiro agradece a sua presença neste governo!

E com vcs uma versão das boas sobre o caso Jobim, por Mauro Santayana!  

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"A República se consolida

por Mauro Santayana

O Ministro Nelson Jobim, respeitemos os fatos, é um político singular na história recente do país. Ele surge no cenário nacional em 1987, ao eleger-se para a Câmara dos Deputados. Rapidamente, impressionou seus pares pelo desembaraço. Sua vida acadêmica é rica:  professor-adjunto de Direito da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em que se formou, nela também  obteve o mestrado em Filosofia Analítica e Lógica Matemática.  Não obstante esses títulos, Jobim é intelectualmente discreto: nunca demonstra todo o seu saber nos pronunciamentos políticos ou em seus escritos. A vaidade ele a guarda para a prática cotidiana da política. É um homem que, em todos os  atos, parece dizer que nasceu para mandar. Mas, pelo que vemos, não entende que o poder depende da legitimidade. Em seu caso, a legitimidade é conferida pela confiança da Presidente. Quando falta legitimidade a qualquer poder, ele é tão sólido quanto uma nuvem de verão.

No duelo de grandeza entre ele e Fernando Henrique, registre-se  a verdade, o sociólogo levou vantagem sobre o filósofo e jurista. Matreiramente, como  sempre foi, o então presidente valeu-se da intemperança de Jobim, sem que esse percebesse. Fez como se seguisse a orientação do gaúcho, dando-lhe corda, enquanto o conduzia pelos cordéis da lisonja. Jobim tem uma relação quase pavloviana com a real ou falsa admiração alheia. Nesses momentos, ele consegue inflar a alma por dentro do corpo.

Em uma visita que lhe fez, quando ocupava o Ministério da Justiça, o saudoso jornalista Márcio Moreira Alves anotou que o Ministro demonstrava sua cultura, ao ter, sobre a mesa, o conhecido compêndio de ensaios políticos de John Jay, James Madison e Alexander Hamilton, The Federalist. Os três grandes pensadores e políticos norte-americanos, mais do que discutir os fundamentos constitucionais da jovem república, redigiram uma espécie de manual republicano, a partir do pensamento clássico e dos filósofos ingleses do século 17. É, na certa, um bom estudo, principalmente para o uso daqueles que se sentem desestimulados a visitar o pensamento original e mais complexo  dos clássicos, de Aristóteles a Locke, de Santo Tomás a Montesquieu, que inspiraram os políticos norte-americanos. Marcito, que se encontrava em  fase serena de sua carreira, tratou Jobim com tal bonomia que os maliciosos poderiam ter considerado irônica.

Jobim é vaidoso, embora, pelo que se sabe, não se mete em negócios estranhos. Tal como Romero Jucá, porém,  sua adesão ao governo independe de quem o chefie ou do partido que nele exerça hegemonia. É o terceiro período presidencial em que  se destaca, nos  poderes republicanos, como parlamentar, ministro, juiz e presidente do STF.

Em nenhum cargo Jobim se sentiu tão ele mesmo como no Ministério da Defesa. Seu entusiasmo foi o do escoteiro ao ser admitido no grupo. Tanto assim, que não titubeou: em poucas horas já envergava o uniforme de campanha dos oficiais superiores do Exército. Jobim é assim construído: tem o seu lado lúdico, e algum psicanalista de botequim poderia concluir que ele brinca sempre.

Mandar é com ele mesmo. Lula, que tem outro tipo de astúcia, bem diferente da que esgrime Fernando Henrique, também manobrou bem com Jobim. É certo que Lula não ficou muito à vontade quando Jobim, ao substituir um dos homens mais dignos de nossa história política, o baiano Valdir Pires, cometeu a grosseria de insinuar que seu antecessor não ocupara o cargo com a autoridade que lhe competia. A diferença é que Valdir administrava um ministério de militares em tempo de paz, enquanto Jobim parecia sonhar com o desempenho de Rommel e de Patton nos desertos africanos, e de Eisenhower e Zhukov,  no desembarque na Normandia e no avanço sobre a Alemanha. Os chefes militares logo descobriram que Jobim estava encantado em brincar de marechal, e com ele se ajeitaram. Enfim, como Jobim fingia que mandava, eles, mais experientes, fingiam que obedeciam.

Ele se encontrava pouco à vontade, quando despachava com a presidente. Convenhamos que não é cômodo para Jobim submeter-se ao mando de uma mulher. Talvez mais para justificar-se diante de seus amigos paulistas do que para expressar um sentimento real, disse o que disse na festa dos oitenta anos de Fernando Henrique, a propósito dos “idiotas” do governo, com os quais era forçado a conviver hoje, bem diferentes dos “geniais” ministros do excelso intelectual. As suas declarações à Revista Piauí – que ele, sem muito jeito, tentou desmentir – ajustam-se à sua personalidade. A mais grave delas se refere ao episódio da nomeação de José Genoíno como seu assessor, quando afirma que, diante da hesitação da presidente sobre a capacidade do ex-guerrilheiro para o cargo, cortou logo a dúvida: quem sabia se Genoíno desempenharia bem a sua função era ele, Jobim, e não ela, Dilma. Se o diálogo realmente houve, ele não só contrariou as normas do poder, mas, ainda mais,  violou as regras do cavalheirismo.

Por mais Dilma Roussef tenha recebido o apoio de Lula, ao assumir o cargo ela se tornou a chefe de Estado do Brasil, com todas as responsabilidades e prerrogativas do cargo, legitimada pela vontade da nação. Ela só tem que obedecer aos interesses nacionais, e cumprir a Constituição e as leis, de acordo com a sua própria consciência. E os que se sentirem incomodados com sua liderança, se assim lhes parecer melhor, podem deixar o governo. O Brasil tem centenas de milhares de cidadãs e cidadãos, patriotas e de probidade, capazes de exercer bem o múnus republicano – mesmo que não conheçam os endereços de Brasília.

Foi assim que se desfez a pequena crise: Jobim se demitiu no início da noite e um grande e sensato brasileiro, Celso Amorim, já foi nomeado para substituí-lo. O Brasil se consolida como República."

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