9 de agosto de 2011

Saúde!

Você está satisfeito(a) com o que é apresentado hoje no Brasil em relação à saúde (pública e privada)?
Nem eu.

E o ex-ministro da saúde José Gomes Temporão também não. E tem alguém satisfeito?
Precisaríamos de páginas para enumerar os problemas públicos e privados: falta de profissionais, falta de leitos, planos de saúde que parecem planos de telefonia, falta de apoio ao idoso, etc. etc. etc.
Segue parte de uma entrevista de Temporão concedida à Folha.com:

Saúde do Brasil vive processo de "americanização"

DENISE MENCHEN
DO RIO


"Recém empossado diretor de um instituto internacional que tem como objetivo buscar soluções para a saúde pública dos 12 países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), o ex-ministro José Gomes Temporão vê em curso um processo de "americanização" do setor no Brasil.

Para ele, a falta de uma fonte estável de recursos faz com que as famílias e as empresas assumam cada vez mais um papel que deveria ser do Estado.

Sanitarista de formação, Temporão, 59, avalia que seu maior mérito nos três anos e dez meses como ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi colocar a saúde numa "dimensão política". Filiado ao PMDB, ele cogita ir para o PSB e não descarta ser candidato no futuro.

Atualmente, além de comandar o Isags (Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde), que recebeu investimentos federais de cerca de R$ 1 milhão, mantém vínculos com a Fiocruz (onde ingressou há 31 anos) e integra uma equipe internacional de avaliação do sistema de saúde da China, que estuda reformas para o setor.

A saúde é sempre uma das áreas mais mal avaliadas dos governos. Por que é tão difícil elevar a qualidade do SUS?

São múltiplos os aspectos. Um é a especificidade da saúde, que não pode esperar. Uma pessoa, em situação de sofrimento, precisa ser acolhida, e nem sempre isso é possível na escala em que as pessoas demandam.

O segundo aspecto é financeiro. O sistema de saúde brasileiro sofre de um problema crônico que já dura 15 anos, que é o subfinanciamento, que nos empurra gradualmente para uma espécie de americanização do sistema de saúde e leva à degradação dos serviços.

Por quê?

O Brasil gasta aproximadamente 8% do PIB em saúde. Quando se olha a divisão entre gasto público e privado, o público é apenas 38% do total. Quem está financiando a saúde no Brasil são as famílias, principalmente, e as empresas. O gasto per capita das famílias de classe média que têm planos é pelo menos duas vezes e meia maior do que o do SUS --e o SUS atua da promoção ao transplante.

O que acha da decisão do governo paulista de destinar até 25% das vagas em hospitais públicos para pacientes de planos?

Sou totalmente contra. Essa medida traz o risco de criar uma dupla porta. Não sou contra as pessoas que têm planos usarem esse serviço. Desde que o SUS seja ressarcido pelo plano. Sem criar uma estrutura para atender um e uma estrutura para atender outro. Temos que construir modelos que reduzam as diferenças, não que as aprofundem.

Qual sua principal conquista e sua principal derrota à frente do ministério?

A maior conquista foi ter recolocado a saúde pública numa dimensão política, numa perspectiva ampla. Com múltiplos temas: a questão da sexualidade, do aborto, da quebra de patente, da gestão, da informação, da educação, da promoção da saúde. A derrota foi não ter conseguido regulamentar a emenda 29.

Nota do Blog: A "Emenda 29" trata da regulamentação dos recursos destinados à saúde. Ainda tá rolando no Congresso...

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