Nos últimos anos a editora Conrad - especialista em edições de luxo de livros em quadrinho para adultos - lançou a quadrilogia "Bórgia", sendo que o último foi editado no ano passado.
A obra foi escrita pelo chileno Alejandro Jodorowsky e desenhada pelo italiano Milo Manara.
Já abordamos Manara aqui no blog no ano de 2010 em três posts:
- Entrevista com Milo Manara
- Rio Comicon 2010: Manara
- Manara
Neste último fiz rápida análise da obra do artista italiano: "Em uma rápida análise apontaria três artistas como os grandes mestres dos quadrinhos adultos: Crumb (americano), Moebius (francês) e Manara (italiano).
Foram eles que tiraram esse tipo de expressão do gueto de "coisa sem importância" e elevaram ao panteão de expressão artística, alçada à categoria de ser digno de estar nos melhores museus do mundo.
Para o italiano Milo Manara o trabalho foi maior, porque sua obra inicialmente era taxada de pornografia.
Hoje é chamada de arte erótica e ele é considerado um dos grandes criadores capazes de expressar sensualidade intensa em seus desenhos e histórias.
Bem, alguns hoje ainda consideram tudo pornografia. Realmente ele nunca foi de "aliviar" muito. Agora mesmo, quando fui selecionar alguma coisa dele para ilustrar o blog, tive que perder um tempo para achar coisas não muito "pesadas". Acabei optando por mostrar apenas algumas de suas "musas"."
Diante desse perfil é fácil concluir que a Manara fez a festa nos quatro livros "Bórgia" que conta a história da família ítalo-espanhola que chegou ao comando da Igreja Católica na Idade Média.
É que a trajetória deste nobre(?) clã é marcada por temas bem - digamos - "pesados".
Vejam breve resumo que copiei da Wikipedia: "Os Bórgias ou Borjas foram uma família nobre espanhola-italiana que tornou-se proeminente durante o Renascimento. Eles são lembrados atualmente por seu governo corrupto, quando um deles foi Papa. Os Bórgias foram acusados de vários crimes diferentes, em geral, sobre evidências consideráveis, incluindo adultério, simonia, roubo, estupro, corrupção, incesto e assassinato (homicídio, especialmente por veneno).
Passaram para a história como uma família cruel e desejosa de poder. Os personagens principais são Alfonso Bórgia, o Papa com nome de Calisto III, Rodrigo Bórgia, que também era papa de nome Alexandre VI, Cesare Borgia e Lucrécia Bórgia, os dois últimos filhos de Rodrigo.
A chegada de Rodrigo Borgia ao papado levou a família a participar de uma série de intrigas e disputas entre os vários pequenos estados em que a Itália estava dividida na época."
Em complemento vale citar que Rodrigo foi o inspirador de Maquiável no clássico "O Príncipe".
Já Lucrécia Bórgia foi a única mulher (que eu saiba) a assumir a direção da igreja durante viagem de seu pai. Uma Papisa que escandalizou a Europa de 1500.
Para quem acha que hoje em dia as coisas estão mais 'liberadas' do que antigamente, talvez não conheçam a fundo certas características morais da época da Grécia, Roma, Idade Média, etc.
É óbvio que essa não é história em quadrinhos para crianças. Mantenham isso distante delas. Há cenas de arrepiar (e eu apenas vi parte da obra).
Provavelmente o roteiro de Alejandro Jodorowsky se baseou no livro "Os Bórgias" (2001) do escritor ítalo-americano Mario Puzo, o mesmo de "The Godfather" (adaptado para o cinema como "O Poderoso Chefão").
E acho que ninguém teve coragem suficiente de adaptar a história para o cinema. Daria um épico proibido para menores. Como disse o comentarista Mawa em Área 171 : "Tudo que é sujo é atraente, a curiosidade de ver o mal em ação é grande, no passado ele era mais presente, escancarava as portas de famílias reais e religiosas, mas a borracha naquela época não era eficiente e não apagou este passado negro dos livros de história, sorte(?) a nossa".
Mas existe uma série de TV (mais light, mas também com a trilogia 'sexo, traição e corrupção') sendo exibida pelo canal TNT cuja segunda temporada deve estrear no Brasil em julho. O protagonista é o ator inglês Jeremy Irons.
Os quatro volumes de "Bórgia" são os seguintes: "Sangue para o papa" (2005), "O poder e o incesto" (2006), "As chamas da fogueira" (2010) e "É tudo vaidade" (2011).
Para quem quiser evitar essa obra mas se interessou pela história, sugiro o citado "Os Bórgias", publicado no Brasil pela Editora Record, além da série de TV.
2 comentários:
Marquinhos, do que vc citou só o Manara está vivo. Deve ter uns 70 anos e hoje não é mais considerado um pornógrafo e sim um artista respeitado.
Essa série é muito boa eu já li/vi. Vou comprar o livro do Mario Puzo. Ótima ideia este post.
Abraço.
Valeu pela participação, Jefferson!
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