3 de maio de 2011

Na agonia do gigante...um golpe de mestre à velha moda!


Manter um blog antenado não é missão para muitos não, certamente! Eu confesso dificuldades latentes: o tempo me foge como água entre os dedos, tento uma contenção aqui, outra acolá, mas, sinceramente, estou sendo atropelado pela carruagem real, pelo enfrentamento cinematográfico nos caminhos das inundações inimagináveis dos mundos no oriente - e já esquecidas -, pelos milhares, milhões, de destroços dos mais de 300 tornados assassinos no continente americano e blá, blá, blá...pelos tantos fatos extravagantes gerados a cada momento nos dias de agora...

Não há um momento sequer de acomodação tranquila das coisas...que coisas? Todas as coisas, todas que nos cercam. Sim, todas elas, em todos os campos do saber humano, das relações humanas, deste tempo de transformações cruéis, históricas, poderosas e enigmáticas, ultra-velozes...entretanto, ao mesmo tempo que tudo isso, ou seja, ao mesmo tempo que tão fortes, tão desequilibrantes, elas - as transformações, as mudanças velozes - estão cada vez mais sendo assimiladas, por cada um de nós, como um caminho, uma trilha invevitável para toda a gente de nosso tempo, e aí mora um perigo mortal!

Sim, a cada dia de novas notícias estonteantes, improváveis e cruéis, nós, os antenados, os internautas, os twiteros, os blogueiros, os milhões que enxergam o mundo em tempo real, à velocidade da luz, estamos re-construindo convicções, saberes, rotas, desejos, metas, etc, e com isso, estamos em processo conjunto de adaptação ao novo...o que está por vir pode ser pior do que o velho que aqui ainda está - e parece que será mesmo -, mas, o mais significante em tudo isso é que já estamos na mutação social - a ambiental já começou faz tempo - e os americanos resistem, exibem práticas velhas para manter nos currais a sua gente mórbida, enquanto o mundo inteirinho agoniza o surgimento de algo impensado, um novo incerto...a direita tola do Brasil manterá na mídia nacional um bombardeio infernal sobre a morte deste Bin Laden - tão "terrorista" quanto a política praticada pelas nações centrais do ocidente ao longo dos últimos 100 anos -, o mesmo que sempre foi sócio-irmão da família Bush nos petro-dólares... enquanto os gananciosos de Wall Stret e os milhares, milhões de "almofadinhas" torcedores dos gringos xerifes do mundo vão para as ruas em buzinaço, como se tudo não passasse de uma boa partida de futebol...um delírio pelo crime internacional, pela doma do mundo e dos povos...ainda veremos muito mais...e o Osama será re-eleito...ups...não, o Obama, é claro!

O texto de Boff abaixo é muito mais ilustrativo, muito mais hábil do que estas precárias colocações acima, vejam por lá algo mais :)


"O mesmo mundo, a mesma dor

A globalização trouxe uma externalidade, quer dizer, um efeito não desejado e incômodo para o sistema de poder imperante, fundado no individualismo: a conexão de todos com todos, de sorte que os problemas de um povo se tornam significativos para outros em sitação semelhante. Então se estabelecem laços de solidariedade e surge uma comunidade de destino.
É o que está ocorrendo com os levantes populares, mormente animados por jovens universitários, seja no mundo árabe seja em nove estados do Meio Oeste norte-americano começando por Wisconsin. Estes levantes nos EUA quase não repercutiram em nossa imprensa, pois, não interessa a ela mostrar a vulnerabiliade da potência central em franca decadência. Um jovem egípcio levanta um cartaz que diz:”o Egito apoia os trabalhadores de Wisconsin: o mesmo mundo, a mesma dor”. Como num eco, um estudante universitário estadounidense, voltando da guerra do Iraque levanta o seu cartaz com os dizeres:”Fui ao Iraque e voltei à minha casa no Egito”. Quer dizer, quer participar de manifestações nos EUA semelhantes aquelas no Egito, na Líbia, na Tunísia, na Síria e no Yemen.
Quem imaginaria que em Madison, capital de Wisconsin, com 250.000 habitantes, conhecesse uma manifestação de 100.000 pessoas vindas de outras cidades norte-americanas para protestar contra medidas tomadas pela governador que atam as mãos dos sindicatos nas negociações, aumenta os impostos da saúde e diminui as pensões? O mesmo ocorreu em Michigan onde o governador conseguiu fazer aprovar pelo parlamento estadual, uma esdrúxula lei que lhe permitiu nomear uma empresa ou um executivo com o poder de governar todo o aparato do governo estadual. Isentou em 86% o imposto das empresas e aumentou em 31% aquele dos contribuintes pessoais. Tudo isso porque os assaltantes de Wall Street além de saquearam as pensões e as economias da população, quebraram os planejamentos financeiros dos Estados. E a população mais vulnerável é obrigada a pagar as contas feitas por aqueles ladrões do mercado especulativo que mereciam estar na cadeia por falcatruas contra a economia mundial.
Conseguiram para eles uma concentração de riqueza como nunca vista antes. Segundo Michael Moore, o famoso cineasta, em seu discurso em apoio aos manifestantes em Wisconsin: atualmente 400 norte-amerianos tem a mesma quantia de dinheiro que a metade da população dos EUA. Enquanto um sobre três trabalhadores ganha 8 dólares/hora (antes era 10/hora), os executivos das empresas ganham 11.000 dólares/hora sem contar benefícios e gratificações. Há um despertar democrático nos EUA que vem de baixo. Já não se aceita esta vergonhosa disparidade. Condenam os custos das duas guerras, praticamente perdidas, contra o Iraque e o Afeganistão, que são tão altos a ponto de levarem ao sucateamento das escolas, dos hospitais, do transporte público e de outros serviços sociais. Há 50 milhões sem nenhum seguro de saúde e 45 mil morrem anualmente por não haver agenda para um diagnóstico ou tratamento.
O mundo árabe está vivendo uma modernidade tardia, aquela que sempre propugnou pelos direitos humanos, pela cidadania e pela democracia. Como a maioria dos paises é riquísima em petróleo, o sangue que faz funcionar o sistema moderno, as potências ocidentais toleravam e até apoiavam os governos ditatoriais e tirânicos. O que interessava a elas não era o respeito à dignidade das pessoas e a busca de formas democráticas de participação. Mas pura e simplesmente o petróleo. Ocorre que os meios modernos de comunicação digital e o crescimento da consciência mundial, em parte favorecida e tornada visível pelos vários Forums Sociais Mundiais e Regionais, acenderam a chama da democracia e das liberdades. Uma vez despertada, a consciência da liberdade jamais poderá ser sufocada. Os tiranos podem fazer os súditos cantarem hinos à liberdade mas estes sabem o que querem. Querem eles mesmos buscar a liberdade que nunca é concedida mas sempre conquistada mediante um penoso processo de libertação. Agora é hora e a vez dos árabes." VEJA AQUI

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa sua análise e o artigo do Boff.
É quae impossível acompanhar tudo e quando acompanhamos é preticamente anestesiados: evmos a notícia e vamos dormir. Nada ser fito ou opinado. Temos é que trabalhar.
Quanto aos acontecimentos nos EUA é emblemático que os meios de comunicação quase não divulgaram os protestos dos trabalhadores e da esquerda americana.
Abraço.

Marcos Oliveira disse...

Olá Felipe!

É sempre bom te ver enriquecendo o seu blog.
Sobretudo quando vc é obrigado a se afastar momentaneamente por conta de demandas mais críticas faço o possível para preencher a lacuna, mas é difícil.

Suas palavras sobre não haver um momento para as acomodações das coisas é a realidade atual e por isso tantos transtornos devido à essa velocidade.

Acho que por conta do blog recebo muitas coisas interessantes enviadas por amigos que gostaria de acrescentar aqui mas falta tempo mesmo, pois tudo acaba exigindo um comentário preliminar.

Por exemplo, em relação às suas colocações finais e ao texto do Boff vou ver se consigo postar um artigo que me chegou hoje.

Um frateno abraço.

Marcos Oliveira disse...

P.S.:
Dos seus novos posts só não gostei da charge do Flamengo.
Horrível!