Fazer o que? O trabalho da Cecília Meireles que o Fagner tomou como base é muito lindo.
E ele musicou de forma primorosa.
Inesquecível e emocionante sempre.
Para valorizar um pouco mais o post (precisa?) segue o poema "Marcha" em que a música foi baseada (nesse caso, na primeira estrofe):
''Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudade
Tenho visto muita coisa, menos a felicidade
Soltam-se meus dedos tristes
dos sonhos claros que invento
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.
Gosto da minha palavra pelo sabor que me deste
Mesmo quando é linda, amarga
Como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo que tenho
entre o sol e o vento.
Meu vestido, minha música,
meu sonho, meu alimento.'' ´
Ainda durante a batalha judicial que o Fagner travou com os herdeiros de Cecília ele musicou um outro belo poema dela, "Motivo":
3 comentários:
Muuuuuuiiiito lindas!
Mas eu não sabia dessa coisa da justiça. Pode dar mais algumas informações Marcos?
Boa semana pra vc e todos os leitores e leitoras do blog.
É uma pena que Fagner tenha cometido tantos "deslizes". Moisés Pereira da Silva
Manera, Fagner, manera!
"Plágio! A gente vê por aqui."
O CASO CECÍLIA MEIRELES
Como sabemos, a história toda começou em 1973, com Raimundo Fagner gravando no elepê de estréia para a Philips a música Canteiros, até então creditada como sendo de sua autoria(não assumia a presença autoral de Cecília Meireles).
Com poucas unidades vendidas, o disco de início não logrou nenhum sucesso comercial e foi tirado das prateleiras pouco tempo depois de lançado.
Só que o estouro da música Revelação despertou a curiosidade de alguns radialistas que foram procurar as canções antigas e esquecidas de Raimundo Fagner.
Encontraram Canteiros, começaram a tocar a música e descobriram ali um grande sucesso adormecido.
Mas antes da música acontecer nacionalmente, ele já tinha dividido a parceria da letra com Cecília Meireles e inclusive divulgando-a em release de show, em 1977.
No mesmo ano musicou o poema Epigrama No. 9, registrado no disco ''ORÓS''.
E, novamente, em 1978, musicou Motivo, utilizando para fins comerciais alguns versos do poema na parte interna e na capa do elepê intitulado de ''EU CANTO''.
No dia seis de novembro de 1979, Raimundo Fagner admitiu, ao ser interrogado no dia pelo Juiz Jaime Boente, na 16a. Vara Criminal, que "sem tirar a beleza dos versos, procurou fazer uma adaptação à música", reconhecendo o uso indevido do poema Marcha, de Cecília Meireles, na composição Canteiros, registrada na primeira edição do elepê "MANERA FRU FRU, MANERA".
Para o Juiz Jaime Boente, Raimundo Fagner violou a lei de número 5.988/73 que regula os direitos autorais e com a agravante de plágio, nos artigos 184 e 185 do Código Penal.
Em 31 de agosto de 1983, o jornal "O Globo", do Rio de Janeiro, edição do dia 31 de agosto de 1983, destacou em letras garrafais: "Caso Fagner: filhas de Cecília Meireles ganham na Justica".
O título da matéria referia-se a longa novela envolvendo as herdeiras da poetisa Cecília Meireles - Maria Fernanda Meireles Correa Dias, Maria Elvira Strang e Maria Matilde Correa Dias e o cantor Raimundo Fagner acusado de apropriação indébita e plágio de alguns versos do poema "Marcha".
O processo contra Fagner se arrastava na Justiça desde novembro de 1979, quando o cantor realmente admitiu ter mexido nos versos do poema de Cecília Meireles adaptando-o para a concepção da música Canteiros.
Em 1981, as herdeiras conseguiram condenar as gravadoras Polygram, Polystar, Polifar, as Edições Saturno e o cantor a pagar uma multa de Cr$ 101 mil cruzeiros por violação de direitos autorais.
PS.: Na música "Sina" , aparecem como autores da música Raimundo Fagner e Ricardo Bezerra. Mas na verdade, os quatro primeiros e os oito últimos versos da canção, pertencem ao poema "O Vaquêro", do poeta popular cearense Patativa do Assaré, e publicado pela Editora Vozes em 1977, no livro "Cante Lá Que Eu Canto Cá".
PS2.: Justiça condena Fagner por plágio. A família do compositor Heckel Tavares ganhou ação contra o cantor por plágio da canção "Você", gravada em 1928 e editada por Fagner em 1973("Penas do Tiê") sem dar créditos ou pagar direitos autorais.
Josi, sua pergunta já foi respondida pelo Moisés (obrigado!).
Se quiser confira mais em http://www.raimundofagner.com.br/cecilia_meireles.htm
O caso foi resolvido definitivamente em 1999 através de um acordo e Fagner voltou a cantar e gravar (ao vivo) essas canções a partir do ano 2000.
De positivo duas coisas:
- Os poemas foram muito bem musicados, ele não "estragou" a poesia.
- Muita gente ficou sabendo da existência de Cecília Meireles através dessas músicas (divulgação).
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