9 de agosto de 2011

Os traços sociais da tecnologia avançam...agora sobre Londres e depois?!

Todo o processo de globalização engendrado pelas artimanhas do mercado e pela ganância intrísica do sistema financeiro capitalista, certamente não levou em conta as forças indomáveis das "conexões ocultas" ou das "teias da vida" - aqui explorando um pouco os temas dos livros de Fritjof Capra - que co-habitam e co-evoluem nos cenários humanos dos mais variados. Não terei tempo agora de explorar melhor o tema, mas tentarei depois...

Hoje em dia então, nem se fala! As tecnologias de comunicação e de informação estão, literalmente, construindo novidades caóticas - em tempo real - no campo social, numa velocidade impossível de serem assimiladas e tratadas pelas estruturas sociais que temos, construídas que foram por este modelo de desenvolvimento da humanidade, baseado tão somente no capital, no lucro e no controle rígido da sociedade pelo domínio da informação e da comunicação nas mãos de pequenos grupos ou do próprio Estado!

Agora algo preverso está sendo desencadeado por todos os cantos...neste momento em Londres, mas nos últimos meses nós assistimos a um sem número de mobilizações mundo afora...Egito, Síria, Líbano, etc...nos dando fortes sinalizações de que estamos nos primórdios de grandes eventos sociais e também ambientais...veremos muito mais... e eu tentarei voltar ao tema!      

"Em Londres, o novo BlackBerry

Em 2005, quando os jovens filhos e netos de imigrantes tomaram as ruas de Paris e lançaram fogo em veículos, tinham celulares à mão. Se comunicavam e combinavam o jogo via SMS. Torpedos. Em 2008, no Irã, a relação foi via Twitter. No Egito, no início deste ano, o Facebook foi a ferramenta escolhida. Agora, em Londres, os jovens revoltados, desempregados, têm BlackBerries. É um longo e inesperado caminho para o aparelho que foi criado para altos executivos.
O primeiro celular BlackBerry chegou ao mercado em 2003. O conceito de um smartphone era novo, mas ele já tinha tudo: e-mail, web e os serviços móveis padrão, como telefonia e SMS. Era também muito caro e, por isso mesmo, tinha como público alvo executivos. Havia resistência a usar e-mail no celular. Parecia fácil de vazar, qualquer hacker poderia fazê-lo. A Research in Motion (RIM), empresa canadense que o criou, fez um sistema seguro, com rede própria. Fazia parte do atrativo. A um tempo, smartphone e BlackBerry eram sinônimos.
Tecnologia é produto de consumo e, portanto, a decisão de compra é complexa. As necessidades fazem parte da escolha. Mas marcas são construídas para ter apelo emocional. Quem gosta de Apple quer passar uma imagem de sofisticação descolada. Quem prefere Android, de certa forma, transmite um espírito independente. BlackBerry, durante um bom tempo, quis transmitir a ideia de seriedade, sisudez.
A Apple chegou tarde ao jogo dos celulares com o iPhone, em junho de 2007. O aparelho era lento, tinha uma câmera ruim, mas era uma beleza de usar. Fácil e elegante. Só em 2009, quando a terceira geração foi lançada, é que o hardware chegou ao patamar de qualidade do software. Mas, desde o início, o iPhone vendeu bem. Quando os primeiros celulares Android chegaram, no fim de 2008, eles seguiam a mesma lógica do modelo Apple.
A princípio, o BlackBerry manteve a imagem de celular do homem sério. Nos últimos dois anos isso tem mudado rapidamente. A RIM não conseguiu acompanhar o ritmo de inovação de Apple e Google. Foi uma empresa inovadora, tropeçou. E é aí que as forças de mercado desmontaram a estratégia de marketing do BlackBerry para transformá-lo no veículo de propagação da revolta da juventude pobre de Londres."

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Um comentário:

Marcos Oliveira disse...

Muito boa observação Luiz Felipe. Com a possibilidade de comunicação facilitada os eventos ocorrem em uma velocidade que as "autoridades" nem conseguem entender, muito menos controlar. Por tras de tudo isso a questão social antes mantida sob controle, como você bem sabe.
A maior ironia, mostrado em seu post e que eu não sabia é que a troca de informações se deu via Blackberry! Quem diria, uma aparelho feito para executivos de grandes empresas, caro (no início), agora usado pelas camadas mais "baixas" da população. Por coincidência recebi ontem da operadora uma oferta de Blackberry Curve por 12 prestações de R$41,00 (só R$ 492,00! O preço inicial deste aparelho ultrapassava os R$ 2.000,00!) "O mundo dos celulares está mudando rápido". Não só dos celulares...
Ótimo e oportuno post!
Abraço.