Hillary chega ao Brasil para pressionar
Por Joana Rozowykwiat, da Revista Fórum
Uma semana após países do continente decidirem criar a Comunidade de Estados da América Latina e Caribe - sem a presença dos Estados Unidos -, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton iniciou, nesta segunda, 01, uma viagem pela região. Para além do discurso de 'estreitar laços', ela chega com o objetivo concreto de tentar recuperar a influência estadunidense por aqui. Sinalizando que buscará impor suas posições, a secretária já começou a pressão para o Brasil apoiar sanções ao programa nuclear iraniano.
Na Argentina, ela já deixou claro que pretende se assegurar de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “compreende a preocupação mundial com o Irã”.
Segundo ela, foi constatado que o Irã “está violando as determinações da Agência Internacional de Energia Atômica e do Conselho de Segurança” da ONU. “Esse será um tema abordado pelo Conselho de Segurança, então quero me assegurar de que (o presidente Lula) tem a mesma compreensão que nós sobre como esse assunto vai se desenrolar”, declarou.
A senhora Clinton elogiou o governo argentino por sua posição em relação ao Irã, sublinhando a “liderança argentina na campanha da não proliferação nuclear”. De acordo com ela, o governo de Cristina Kirchner tem uma “compreensão clara sobre os perigos” das armas nucleares.
O discurso da secretária já antecipa qual deve ser o tom da sua vinda ao Brasil, no fim da tarde de hoje. E não poderia ser diferente, afinal, a visão dos Estados Unidos em relação à América Latina sempre foi neocolonialista, estabelecendo uma relação pautada na dominação, na imposição.
E, contrapondo-se aos desejos norte-americanos, o Brasil tem sido firme ao colocar que não se deve isolar o Irã e ao defender o direito do país asiático de desenvolver seu programa de enriquecimento de urânio com fins pacíficos. Apesar de o Irã negar objetivos bélicos, os Estados Unidos insistem nessa tese.
A chiadeira norte-americana em relação a uma aproximação Brasil-Irã ganhou corpo quando o presidente brasileiro anunciou que receberia o colega iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em Brasília, em novembro passado. Agora, Lula deve retribuir a visita indo a Teerã em maio, apesar da grita dos Estados Unidos.
"Estou indo para o Irã como vou a qualquer país do mundo, e os Estados Unidos nunca me pediram para visitar algum lugar. Eles não têm de prestar contas a mim. Eles visitam quem eles querem e eu visito quem eu quero, dentro do direito soberano de cada país. Vou visitar o Irã e não terei de prestar contas a ninguém a não ser ao povo brasileiro”, tem dito Lula.
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