12 de outubro de 2010

Notas Musicais (2): Lynyrd Skynyrd

É provável que muitos dos nossos estimados leitores nunca tenham ouvido falar dessa banda de nome estranho.
Me lembrei dela quando usei, no post anterior sobre a Janis, a palavra "trágica".
Trata-se de um grande grupo americano, originario do sul da Flórida, anos 1960.
Grande nos dois sentido: diversos componentes e de qualidade inquestionável. Um dos que eu mais gosto.
Seu estilo de composição e execução é chamado "Southern Rock" ou "rock sulista", uma mistura bem singular de Música Country ("sertaneja", no bom sentido), Blues (música negra por excelência, embora seja um agrupamento de brancos) e Rock de tonalidades inglesas.
Para se ter uma idéia da importância dessa banda, em absolutamente todas as listas que apontam os melhores discos "ao vivo" de todos os tempos sempre aparece algum deles, o que é uma demonstração da qualidade técnica dos rapazes, pois não é qualquer músico que consegue reproduzir no palco a mesma performance trabalhada em estúdio e que fica registrada nos discos.
Suas músicas mais conhecidas por aqui talvez sejam "Sweet Home Alabama", "Freebird" e "Simple Man".
Esse grupo continua existindo até hoje, mas é apenas uma sombra do que já foi, pois são poucos os membros originais que permanecem.
Não porque desistiram da carreira. E é aqui que entra a questão "trágica". Metade dos membros morreu em um acidente aéreo em 1977. Esta é considerada uma das maiores perdas da história do rock.
Vejam o relato do drama, contado na Wikipedia:
"Em outubro de 1977 o Lynyrd Skynyrd se encontrava num ponto alto de sua carreira. A revigoração do grupo com a entrada de Steve Gaines, uma série de shows antológicos - fase bem representada pelo concerto em Knebworth no ano anterior - e a ótima receptividade ao álbum "Street Survivors" reforçavam o excelente período pela qual passava a banda.
Decidem trocar o ônibus utilizado nas turnês por um pequeno avião modelo Convair 240 manufaturado em 1947. O avião, apelidado de "Free Bird", facilitaria as viagens daquela que prometia ser uma movimentada turnê e que em breve teria inicio.
No dia 20 de outubro, a banda tinha como compromisso um show no Lousiana State University, Baton Rouge, Lousiana. O Convair, com 26 pessoas - a banda, sua equipe e dois tripulantes - levantou vôo de Greenville, Carolina do Sul, no final da tarde. Por volta das 18h42 o avião apresentou problemas e começou a perder altitude. Um dos motores parou durante o vôo, e os pilotos tentaram transferir o combustivel restante para o outro motor, sem efeito. Ou antes, o procedimento teve um resultado: esgotou de forma mais rápida o combustível que restava, parando o segundo motor. O avião começou a cair rapidamente. O piloto ainda tentou desviar para um aeroporto próximo, mas as asas começaram a colidir contra as árvores mais altas.
Quando perceberam que o avião estava caindo, Van Zant agarrou um travesseiro de veludo vermelho e deu um aperto de mão em Artimus Pyle, segundo este contou (o baterista foi um dos poucos sobreviventes que não perdeu a consciência). "Ele olhou para mim e sorriu, como apenas ele conseguia sorrir, falando para não me preocupar, com seus olhos castanhos dizendo 'Bem, é hora de ir, parceiro'. Dois minutos depois ele estava morto com um ferimento na cabeça".
O avião caiu em uma densa floresta, em uma área pantanosa próxima a Gillsburg, McComb, Mississipi. Na colisão, o avião partiu-se no meio. O guitarrista Steve Gaines, o roadie manager Dean Kilpatrick, o piloto Walter MacCreary e o co-piloto William Gray morreram na hora. Ronnie foi arremessado contra a fuselagem do avião sofrendo traumatismo craniano. Também faleceu instantaneamente. De acordo com relatos de Pyle e do tecladista Billy Powell, Cassie Gaines sofreu um profundo ferimento na garganta e sangrou até a morte em seus braços.
"Após o acidente, o empresário da banda alugou dois aviões e nos levou ao local em McComb. Eu continuava não acreditando. Eu não acreditei quando voltei para casa, continuei não acreditando após o funeral e por um longo tempo depois", disse Judy Van Zant Jenness, viúva de Ronnie.
Como geralmente acontece nesses casos, a tragédia resultou em maior exposição do Skynyrd e na venda de milhares de discos. Alguns dias após o acidente, Teresa Gaines, viúva de Steve, pediu a MCA que substituísse a capa de "Street Survivors" - que apresentava chamas ao fundo, as quais envolviam especialmente a imagem de Steve, certamente algo que assumiu um novo e triste simbolismo após o acidente.
Os corpos de Steve Gaines e de sua irmã Cassie Gaines foram cremados e as cinzas sepultadas no cemitério Jacksonville Memory Garden. Ronnie foi sepultado no mesmo cemitério, juntamente com seu chapéu Texas Hi-Roller negro e sua vara de pescar favorita. Cento e cinquenta amigos e familiares participaram do serviço fúnebre, marcado pela mensagem do ministro David Evans, de que Ronnie Van Zant, o carismático e visionário vocalista do Lynyrd Skynyrd não estava morto; ele vivia em espírito no céu e terra, através de sua música."

3 comentários:

Jefferson disse...

Como sempre, ótima lembrança dessas duas lendas do blues-rock.
Duas histórias diferentes, mas ambas trágicas como você frisou.
Coisas da vida, coisas da grande arte do viver. Capítulos da história onde a boa música esteve presente.
Na época da queda do avião do Lynyrd eu era um adolescente. O tempo passa.

ALICE IN WONDERLAND disse...

Em uma época de moto-Serras, a lembrança do Lynyrd Skynyrd e da Janis Joplin é um bálsamo para nossos ouvidos e almas.
Uma pena a tragédia que se abateu sobre ambos.
Parabéns ao Blog.

Marcos Oliveira disse...

Jefferson e Alice, obrigado pelos comentários.
As emoções transmitidas pelas carreiras musicais desses artistas parece que não tem mais muito espaço nessa época atual (de moto-Serras, policamente falando e de Ladys Gagás, musicalmente falando).
É Jefferson, o tempo passa mesmo...