Acho no mínimo perigoso isso, embora saibamos todos que a linguagem (oral e escrita) é dinâmica.
Mas, já que existem as regras, vamos obedecê-las ou modificá-las, mas não aceitar o erro como normal.
Eu, por exemplo, cometo muitas falhas. Não sou nenhum expert na língua portuguesa. Mas, se fico sabendo que vale tudo, aí mesmo que só vou piorar...
Vale-tudo só no MMA que, diga-se de passagem, tem suas regras também, apesar da aparente porradaria sem critérios.
Olhem só o texto engraçado do Carlos Eduardo Novaes, do JB, sobre o assunto:
Livros pra inguinorantes,
por Carlos Eduardo Novaes
A fessora se ex-plica dizendo que previlegiou a linguagem horal sobre a escrevida. Só qui no meu modexto entender a linguajem horal é para sair pela boca e não para ser botada no papel. A palavra impreça deve obedecer o que manda a Gramática. Ou então a nossa língua vai virar um vale-tudo sem normas nem regras e agente nem precisamos ir a escola para aprender Português.
A fessora dice também que escreveu desse jeito para subestituir a nossão de “certo e errado” pela de “adequado e inadequado”. Vai ver que quis livrar a cara do Lula que agora vive dando palestas e fala muita coisa inadequada. Só que a Gramatica eziste para encinar agente como falar e escrever corretamente no idioma portugues. A Gramática é uma espéce de Constituissão do edioma pátrio e para ela não existe essa coisa de adequado e inadequado. Ou você segue direitinho a Constituição ou você está fora da lei - como se diz? - magna.
Diante do pobrema um acessor do Minestério declarou que “o ministro Fernando Adade não faz análise dos livros didáticos”. E quem pediu a ele pra fazer? Ele é um homem muito ocupado, mas deve ter alguém que fassa por ele e esse alguém com certesa só conhece a linguajem horal. O asceçor afirmou ainda que o Minestério não é dono da Verdade e o ministro seria um tirano se disseçe o que está certo e o que está errado. Que arjumento absurdo! Ele não tem que dizer nada. Tem é que ficar caladinho por causa que quem dis o que está certo é a Gramática. Até segunda ordem a Gramática é que é a dona da verdade e o Minestério que é da Educassão deve ser o primeiro a respeitar."
4 comentários:
Caramba, que agonia ler este texto!!!
Também cometo lá os meus erros de Português mas nem me atrevo a forçar a barra para escrever errado como fez o Carlos Eduardo Novaes.
Sabe quando a gente é criança e sempre tem alguém que diz que se você imitar alguém com tique nervoso acaba "pegando" o tique?
Pois bem, meu medo vai por este caminho...
E sobre o livro, acho que esta história de "adequado/inadequado" é uma grande desculpa esfarrapada.
E se tem alguma coisa certa, pelo menos na Escola, é que o certo é a gente aprender a falar e a escrever certo!
Mas, bem, como diz a filóloga (não confundir com filósofa, ok?) Marina Lima: "o certo é incerto"...
Sendo assim, utilizando como base a lógica matemática, é certo que se as crianças aprenderem com o livro da professora Heloisa Ramos o destino delas será incerto após o Vestibular.
Eu estou certa disto!
Existe quase sempre muita resistência quando se tenta esclarecer que o ensino de Língua Portuguesa deve ser muito mais abrangente do que é nos dias de hoje. Reconhecer os mais variados registros nas modalidades oral e escrita é, a meu ver, um grande avanço. Isso implica, por exemplo, apontar que existem muito mais adequações a contextos e asituações específicas do que propriamente erros. Se analisarmos, por este aspecto, reconheceremos que ninguém fala ou escreve sempre apoiado na norma culta. As situações ditam as "regras". Escrever ao presidente do Brasil e cometer "erros" de concordância é tão inadequado quanto conversar sobre futebol num bar e fazer uso de mesóclise.
Obrigado ao casal pela colaboração!
Enriquecem o blog que é, afinal, dos leitores.
Sobre a (saudável) polêmica, vamos continuar ouvindo as duas partes:
A Defensoria Pública da União solicitou formalmente ao MEC explicações em um prazo máximo de 15 dias, pois acha que um precedente educacional está sendo aberto (todo o sistema educacional teria de ser revisto). Exemplo: "A nossa impressão inicial é de que se você incentiva a leitura de um livro que traz incorreções como "nós pega o peixe" nas escolas, como é que o MEC vai cobrar a norma culta em seus próprios procedimentos, como por exemplo, no Enem? De imediato isso já nos parece uma grande contradição" (André Ordacgy, defensor público federal).
O MEC se defende e diz que não vai recolher o livro "Por uma vida melhor", da coleção "Viver, aprender": "a autora não acata a linguagem oral em detrimento da norma culta. O livro apenas reconhece a norma vulgar e propõe que os alunos aprendam a converter conversas coloquiais na chamada norma culta" (nota oficial do MEC).
E aí?
Vamos continuar acompanhando a novela...
Abraços!
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