Amizade e união é um fator da vida que resulta em bem estar. Pode ser o que de mais importante existe: a felicidade de dar um sentido maior à existência na convivência com o outro.
Depois o Floyd acabou de vez e só restou uma mágoa entre eles.
Ontem aconteceu uma coincidência. Depois de anos consegui reunir parte de um grupo de amigos que eram habituais frequentadores aqui de casa em encontros para falar de música e outros assuntos. Com o tempo isso se perdeu, cada um com suas preocupações, afazeres, falta de tempo... Tento agora resgatar.
A coincidência é que, pouco antes de retomarmos essa convivência tão positiva para nossas vidas, meu filho (grande guitarrista) me mostrou um video no You Tube.
Para minha supresa era um registro de um show realizado em Londres, no dia 02 deste mês. Roger Waters baixista e um dos vocalistas originais do grande grupo inglês Pink Floyd fazia a apresentação de uma das músicas do disco "The Wall" chamada "Confortably Numb".
A cenografia era uma que o Roger costuma repetir (com diversas variações) desde a queda do muro de Berlim (já faz tempo...), baseada nesta mesma obra "The Wall" - que trata da barreira que as pessoas criam entre si e os outros, utilizando muitas metáforas - além de um personagem central.
É o muro que muitas vezes construímos à nossa volta, restringindo aos poucos o acesso aos sentimentos, à convivência, à troca.
O Pink Floyd foi uma das bandas mais importantes da história da música popular. Mas em determinado momento os amigos Roger Waters e David Gilmour (guitarrista e vocalista) brigaram. E se separaram. O Floyd ainda sobreviveu sem Waters durante bom tempo, mas faltava alguma coisa muito importante. Waters era um dos compositores e víamos a banda como um grupo de amigos que agora estava incompleta.
Depois o Floyd acabou de vez e só restou uma mágoa entre eles.Em 2005, depois de 21 anos, o Pink Floyd completo- e após tantas brigas judiciais - se reuniu para tocar no show beneficente Live 8: "O maior destaque do evento foi a apresentação dos Pink Floyd, pois a banda tocou no Hyde Park, em Londres, com a formação clássica pela primeira vez desde 1981. Os integrantes do grupo haviam brigado, e o baixista e vocalista Roger Waters chegou a dizer que nunca mais, sob nenhuma condição, tocariam juntos de novo. Entretanto, ao receber o convide de Bob Geldof, que havia interpretado o personagem "Pink" do filme/ópera-rock The Wall, foi o primeiro a dizer "sim" se David Gilmour aceitasse também.
Foi um show emocionante e era possível perceber que os músicos também estavam emocionados."
Depois disso vieram as especulações que a banda finalmente retornaria, o que acabou não acontecendo. No início do ano passado um fato trágico: morreu o tecladista original da banda, o ótimo Richard Wright (nós comentamos aqui). Acabou o sonho de ver a formação completa junta de novo.
Na época a tristeza pela morte daquele lendário componente me acendeu uma espécie de alerta: Gilmour e Waters se reaproximariam, cientes que o tempo de cada um aqui na terra é finito e que aquelas brigas não poderiam levar para o túmulo a amizade que resultou em obras tão belas.
Pois voltamos ao início: no 02 dia deste mês de maio, no meio da apresentação de "Confortably Numb", Rogers Water com um imenso muro atrás dele pára de cantar e surge lá em cima do muro o amigo tanto tempo distante: David Gilmour! Ele continua cantando e faz os seus emocionantes solos de guitarra. Lá embaixo Waters se emociona.
Em determinado momento Waters dá um soco no muro escuro e ele se clareia, dá lugar a um nascer do sol, como o renascimento da vida (a cada dia) e da amizade.
Um dia David Gilmour, Roger Waters e Nick Mason (o baterista) não estarão mais aqui, da mesma forma que Rick Wright não mais está. E da mema forma que não mais estaremos. Mas a música e os sentimentos que construíram (contruímos) juntos continuará aqui, para sempre.
É bom que em vida ainda eles retomem essa amizade pois seus filhos (as lindas músicas e os fãs que elas geraram e ainda vão gerar) querem lembrar deles da forma como aparecem no histórico registro abaixo: juntos, sem muros entre eles.
Um simbolismo para o mundo: sem muros, sem guerras. União, amizade, amor, convivência. O tempo passa muito rápido... E não temos muito tempo.
Vejam o video e se emocionem (ouçam preferencialmente com fones de ouvido).
O video a seguir, já sem o muro, foi feito por alguém da plateia. Foi ao final do show e Waters e Gilmour estão juntos. Se junta a eles o baterista original Nick Mason. Os fãs se emocionam e muitos devem ter pensado como seria bom se Rick Wright estivesse ali.
Os outros músicos são chamados e eles finalizam juntos com a bela "Outside The Wal", quase um hino religioso.
Bom domingo! Boa semana!
Do lado de fora do muro Pink Floyd
Sozinhos, ou de dois a dois
Aqueles que realmente te amam
Andam para cima e para baixo do lado de fora do muro
Alguns de mãos dadas
Outros abraçados em grupo
Os sensiveis e os artistas
Estão a tua espera
E quando tiverem dado tudo o que tem
Alguns cambalearam e caem, porque afinal, não é facil
Lançar o teu coração contra um muro feito por um louco
13 comentários:
Que texto maravilhoso Marcos!
Eu adoro o Pink Floyd e me emocionei também.
Comecei muito bem o domingo visitando o blog.
Sua mensagem nos chama atenção para detalhes que costumamos esquecer nessa loucura diária.
E, como você falou, nosso tempo passa rápido.
Veja os quase velhinhos do Pink Floyd! Me lembrei daquela foto deles no disco Echoes com aqueles lindos cabelos compridos, na flor da idade.
Obrigada!
Bjs.
Bom domingo boa semana a todos também.
Concordo.
Como sempre muito legal o seu texto, Marquinho, e o videos também. Históricos. Não sabia dessa apresentação. Deve virar um Blu-Ray muito bom.
Abraço.
Lindíssimo. Emocionante!
Depois deste post, que fez um sucesso além do esperado considerado os mails que recebi de diversos amigos (eles não gostam muito de colocar comentários aqui), seguem mais informações do histórico encontro, desta vez dos bastidores:
"Não tinha sido nada combinado", disse Nick Mason.
Quando o baterista do Pink Floyd Nick Mason esteve na O2 Arena em Londres na última quarta-feira ele não fazia idéia que ele daria de frente com David Gilmour e Roger Waters apresentando "Comfortably Numb" numa passagem de som para o show de Waters naquela noite. "Nada chegou a ficar acertado – houve conversas sobre talvez tocar em Paris ou algo mais," Mason disse. "Então foi muito bom chegar lá e ver que ele «David» estava lá."
Depois, os três membros remanescentes do Pink Floyd se apresentaram juntos no palco apenas pela segunda vez nos últimos 30 anos, e a primeira desde o show do Live 8 em 2005. "Foi realmente bom fazer meio que parte daquilo e dar apoio a Roger, não que ele realmente precise disso", disse Mason a respeito do show de quarta-feira a noite, no qual os três tocaram "Outside the Wall." "Suponho que é bom que o Roger queira registrar o David e a mim como parte daquilo, de certa forma. Foi meio que uma coisa mútua: foi bom ter reconhecimento mas também muito bom ir em apoio a Roger e deixar claro que nós não estamos tipo que distribuindo socos nos auditórios. Não o criticamos por fazer aquilo."
"Depois da passagem de som, os três se assentaram numa mesa no backstage e fizeram um jantar leve. "Estávamos todos só um pouco nervosos, porque foi um momento antes do show então não foi algo totalmente relaxado, 'Vamos conversar sobre tudo'. Uma vez que o David não tocava a música há muito tempo, ele estava provavelmente preocupado com a tecnologia que iria erguê-lo no muro. É bem assustador lá em cima – eu estive lá uma vez e é um longo caminho até lá em cima."
Em seguida, Mason se recolheu a seu assento no piso da arena, onde fãs o cumprimentaram com entusiasmo, e assistiu ao The Wall pela primeira vez como espectador. "Foi incrivelmente bom", disse ele. "É uma pena, de certa maneira... se você pudesse voltar no tempo e ter acesso àquele tipo de tecnologia há 40, 30 anos atrás teria sido fantástico. Quero dizer, é interessante porqule eu acho que o The Wall foi atualizado. Quando você olha para o palco e para a iluminação de agora, então ofusca tudo o que fazíamos."
A apresentação de Gilmour de "Comfortably Numb" foi magnífica. Então no fim do show Waters convidou Gilmour (desa vez com um mandolin) e Mason (com um pandeiro) para a "Outside the Wall," que tinham pedido que ele tocasse apenas meia hora antes do show. No palco, Waters abraçou Mason e balançou com ele. "Ele quase me derrubou" disse Mason. "Achei que ele fosse me jogar pra fora do palco."
Houve mais troca de palavras no backstage após o show? "Você quer dizer além de 'Cai fora. Te odeio'? 'Nunca mais quero te ver de novo'? Não."
A notícia se espalhou online como fogo fora de controle, o que deixou Mason perplexo. "Por incrível que pareça são só três sujeitos se juntando por um momento, muito esquisito. Mas se é o que as pessoas gostam, então está ótimo." E naturalmente, reacendeu a esperança de uma reunião. E até onde se sabe, Gilmour é o único empecilho a uma reunião dos membros vivos da banda. Mason e Waters já disseram que estão abertos a mais atividades da banda após a apresentação no Live 8 em 2005.
"Acho que particularmente nesse momento o David tem outras coisas com que se preocupar", disse Mason. "Mas também as pessoas mudam de opinião, às vezes estão interessadas em fazer alguma coisa e depois não estão. Acho que vamos ter de esperar em silêncio para ver se o Dave concorda. Acho que há uma possibilidade mesmo que seja, sabe, outro Live 8."
O baterista estará no show desta noite no O2 para ver o The Wall novamente, mas não o esperem no palco. "Foi uma coisa muito legal mas pode virar um clichê se continuarmos subindo em cima do muro e continuássemos nos abraçando no palco. Quero dizer, acho que já basta. Quero dizer, somos ingleses, afinal. Não gostamos muito dessa coisa de abraçar.""
Mensagem recebida do amigo T.C. (músico e produtor):
"Acabei de ler seu post e assistir os vídeos. Novamente vc consegue com sua forma de escrever, trazer de volta o sentimento que tinha quando lia o Metamúsica.
Fico feliz em saber que seu filho se tornou um grande guitarrista. Nem sei quanto tempo faz que não nos falamos, mas vc está certo no texto, a vida e finita e, apesar de sempre acharmos que não, muito breve. Eu, como uma tendência natural, acabo dedicando muito do meu tempo para o trabalho e acabo me distanciando dos amigos, mas tento não deixar que essa distância se mantenha por muito tempo.
(...)
Saiba que muito do que conversamos em minhas poucas idas, muito do som que vc me apresentou (nas pilhas de cds que me emprestava) e muito do que li no que eu conseguia encontrar do Metamúsica me influenciou muito.
Continue escrevendo, mesmo que demore, essa é sua forma de arte e, tenho certeza, muito importante pra muita gente."
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Valeu amigo!
Abraço.
Marcos.
Em complemento ao comentário acima, visitem o site da banda Endorama. Muito legal!
http://www.endorama.com.br/
Valeu Marquinho e Luiz Felipe Muniz. O Blog é muito legal e Pink Floyd é 10!
Curti muito o texto sobre amizade e como o tempo passa rápido pra todo mundo.
E agora esses complementos aqui nos comentários.
Abraços.
Em geral, essas reuniões não me empolgam muito. Mas vou tentar não ser preconceituoso. Foi (também) por conta disso que, entre outras coisas, perdi muito show legal que ocorreu bem pertinho daqui, em Macaé.
Aguardemos...
No mais, fazendo coro com outros comentadores, é sempre bom ler o que você escreve Marcos. Conseguir escrever em situações como a nossa, de trabalhadores, pais etc. etc. é sempre um ato heróico!
Abraços.
Olá Gustavo!
É bom te ver aqui no Blog.
É verdade que em Macaé durante alguns anos o nosso amigo Fagundes (via Sociedade Musical Macaense) conseguiu trazer nomes históricos como Focus, Wishbone Ash, Il Balleto di Bronzo, etc. Vamos ver se ele se anima a voltar com essas realizações.
Obrigado pelas palavras. Tem mesmo que gostar de escrever e fazer uns malabarismos, pois o tempo - como bem sabes - parece ficar cada vez mais escasso.
Em tempo: mande por e-mail o nº do seu celular; tentei te ligar ontem. Acho que a minha agenda não está atualizada.
Abraço!
Esse box do Floyd vai ser muito disputado, mesmo sendo bem caro.
Marquinho, este post realmente ficou muito bom, magnifico!
Somente hoje e agora eu tive oportunidade nesta semana de estar por aqui, no blog, saudades de postar...coisas de quem tem o que dizer...vai entender!
Viajei naquele primeiro video, simplesmente fantástico, fico a pensar o quanto os jovens de hoje estão carentes da boa dimensão produzida por nossa geração, fala a verdade!?
Nesta quarta de Vasco x Coritiba cheguei tarde em casa, pensei em parar nestes bares que não faltam em Copa para tomar um chopp...mas eu confesso que estava seco para estar no blog...aí comprei uns paes frescos e cheguei em casa abrindo uma boa garrafa de vinho...ao som do Pink Floyd a emoção de fato invadiu território, muito bom meu amigo, vc acertou mais uma em cheio, fala sério!
Senti de fato aquela explosão de fragmentação no muro, algo estranho, belo, impensado, inevitavel, imperativo...a rapidez dos fatos nestes tempos mais do que reais, virtuais, em mutação e metamorfose quase ambulante, impõe saber e sentir o ritmo das coisas em evolução, sem angústias e sem ansiedades, vamos em frente!
Obrigado pelo elogio, amigo.
E que bom sentir a mesma emoção ao ver e ouvir as cenas do velho Floyd.
Melhor ainda é ter você por aqui, postando coisas importantes que merecem atenção de todos.
Como você diz, vamos em frente!
Abraço.
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