1 de fevereiro de 2012

Dilma Rousseff em Cuba e os Direitos Humanos na Ilha

O assunto pode parecer espinhoso para nós aqui do blog. Mas não é não.
A imprensa tenta mostrar que Dilma não se importa com os problemas dos presos políticos e das liberdades individuais em Cuba. Afinal ela está lá e mal toca no assunto nem faz pressão sobre o Raul Castro.
A pergunta que deveria ser feita é: se o bloqueio econômico comandado pelos EUA, que jogou os cubanos na miséria, fosse cancelado não seria muito mais simples trazer a Ilha para comunidade internacional, facilitando assim o término de todo e qualquer ataque aos Direitos Humanos?
Além disso, como frisou Dilma em outras palavras, a questão dos Direitos Humanos é problema que tem de ser enfrentado globalmente uma vez que isso existe nos quatro quantos do mundo. Talvez o maior exemplo esteja ali mesmo ao lado, só que cometido pelos próprios EUA: Guantánamo.
Outra coisa: não seria o bloqueio econômico de décadas imposto aos cidadãos cubanos um dos maiores atentados aos Direitos Humanos da história?
Acho que o caminho que Dilma está fazendo é o mais certo de todos: ajudar Cuba a sair do buraco em que está e, a partir daí, ter moral suficiente para conversar com Raul e Fidel a respeito do tema. Ou talvez nem precise. Eles mesmos vão sentir a necessidade disso para fazer jus ao que vem recebendo do Brasil.

Dilma sobre o embargo econômico: “A grande ajuda que o Brasil vai dar a Cuba é contribuir para que esse processo, que é um processo que eu não considero que leve a grande coisa, leva mais à pobreza e a problemas sérios para as populações que sofrem a questão do bloqueio, a questão do embargo, a questão do impedimento do comércio. Eu acredito que o grande compromisso, a grande contribuição que nós podemos dar aqui em Cuba é ajudar a desenvolver todo o processo econômico”.

Dilma sobre os direitos humanos em Cuba: “Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo tem de se responsabilizar, inclusive o nosso. Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nossos. Então, eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral. Acho que esse é um compromisso de todos os povos civilizados. Há, necessariamente, muitos aspectos a serem considerados. De fato, é algo que nós temos de melhorar no mundo, de uma maneira geral. Nós não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.”

Leiam abaixo o comentário do Paulo Henrique Amorim sobre declaração de ontem de William Bonner no Jornal Nacional que disse que Dilma "relativizou" o problema dos Direitos Humanos em Cuba. 
Quem relativiza o tempo todo é a Globo. De acordo com seus interesses.

Globo “relativiza” Dilma sobre Direitos Humanos  
"O Ali Kamel não consegue, sequer, surpreender.
Como previu este Conversa Afiada, ele distorceu, fraudou a clara, inequívoca posição do Brasil sobre a questão dos Direitos Humanos.
Dilma espinafrou Obama por causa de Guantánamo e Alckmin por causa da “Nova Canudos” em Pinheirinho, e na Cracolândia.
Dilma não podia ser mais clara: Direitos Humanos não deve ser bandeira só dos Estados Unidos ou da Globo.
“Quem atira a pedra tem telhado de vidro,” ela observou.
Isso é omitir-se ?
Espinafrar Obama ao lado de Guantánamo, é “relativizar” ?
Quem foi que deu o visto à blogueira dissidente ?
Aí, entra o William Bonner e diz que Dilma “relativizou” a questão dos Direitos Humanos.
Interessante.
A Globo agora é a Madre Superiora dos Direitos Humanos.
E quando os Direitos Humanos eram celebrados na OBAN e no Doi-Codi, na Barão de Mesquita, o que fez a Madre Superiora ?
Naquela época, Direitos Humano para a Globo era coisa de “comunista”.
Não é isso, Dr Roberto ?
Como perguntou o Vasco, indignado com o “relativismo:
Quem tem mais autoridade moral para falar em Direitos Humanos: a Dilma ou o Ali Kamel?"

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito boa Marcos.
Dilma ainda fez as seguintes declarações:

É uma característica do Brasil ter paz com todos os vizinhos num mundo com conflitos regionais sistemáticos. Então, eu tenho imenso orgulho primeiro de estar em Cuba, de ter ido no Fórum Social Mundial, de ter ido no G-20 ano passado, de ter conversado com o presidente dos EUA [Barack Obama], com Hu Jintao [presidente da China], com Medvedev [presidente russo], de ter ido da África do Sul. (...) É minha obrigação como presidente estabelecer uma posição do Brasil que, além de manifestar crescente poder econômico e ter sido reconhecido internacionalmente, também mostra disposição do Brasil com diálogo e de parcerias construtivas e pacíficas."

Em Cuba o governo brasileiro quer "auxiliar todos os processos de desenvolvimento e garantir condição de desenvolvimento de vida melhor".

"Essa é uma região na qual nós estamos presentes. Nós atuamos na América Latina toda, Caribe, América Central. Nesta região aqui, inclusive, temos mais obrigação que em outras regiões. O Brasil tem obrigação de ter uma política decente de cooperação econômica, não uma politica que só olhe seu interesse."