3 de agosto de 2010

Dos Arquivos do Jornal Metamúsica: Andrew Lloyd Webber

Tenho recebido mensagens e telefonemas de amigos e antigos leitores do Jornal Metamúsica, que editei entre 1995 e 2000, incentivando o retorno do mesmo ou, pelo menos, a criação de um site ou blog com novos artigos e a reedição eletrônica de todo o antigo material.
Esses planos eu tenho. Só não tenho tempo ainda. Inclusive todo o material digital que eu tinha nos antigos disquetes eu perdi.
Para publicar na Internet preciso 'redigitalizar' tudo. Mas chegaremos lá.
De vez em quando acho na Internet artigos "perdidos" como esse que reproduzo aqui e que escrevi em 1996 (acho).
Para quem nunca leu e se interessa por música, é uma amostra do trabalho que desenvolvemos naquela época.

ANDREW LLOYD WEBBER - VARIATIONS

É improvável que os leitores de Metamúsica não conheçam o compositor inglês Webber. Por via das dúvidas, faremos um breve comentário sobre sua biografia. Ele nasceu em 1948 e começou a compor peças musicais para teatro nos anos 60. É dele a primeira Ópera-Rock que se tem notícia: ´Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat´, escrita em 1967 e que utilizava uma filosofia psicodélica, que naquela época era algo novíssimo. Seu grande ´estouro´ aconteceu em 1970, com a peça ´Jesus Christ Superstar´, posteriormente transformado em filme e disco (com a presença de Ian Gillan do DEEP PURPLE). Seu sucesso chegou à Broadway, onde foram encenados ´Evita´, ´Cats´, ´O Fantasma da Ópera´, ´Starlight Express´, ´Aspects of Love´, etc. Por toda essa obra, Webber é considerado um dos mais importantes nomes da música britânica neste século.

Nós já falamos do compositor e violinista italiano Niccolò Paganini (1782-1840) na matéria ´Uma Introdução ao Rock Progressivo Italiano´ na edição número 2 de Metamúsica. Sua técnica no domínio do instrumento e suas inovações estilísticas nas formas de composição, eram consideradas simplesmente assombrosas e ele se tornou um dos nomes mais admirados na música do século XIX.

Webber, Paganini e o Rock Progressivo viriam a se unir em 1977, ano em que foi registrado ´Variations´. É um trabalho que não alcançou estrondoso sucesso por motivos fáceis de explicar: o público erudito não se sente atraído por estas inovações; o público das peças de Webber não entendeu; e o público Progressivo - em sua maioria - não sabia de sua existência. É possível que se fosse feito uma maior divulgação dos participantes do projeto, a história teria sido diferente (pelo menos no que se refere à parcela ligada ao RP). É que foram recrutados nomes ligados ao Hard Rock e ao Progressivo dos anos 70, que haviam passado por grandes bandas, como COLOSSEUM, GENESIS, ARGENT, RAINBOW, THIN LIZZY, etc. Entre outros, participam: Barbara Thompson (flautas, sax), John Mole (baixo), Don Airey (teclados), Gary Moore (guitarras), Rod Argent (teclados), Jon Hiseman (bateria e percussão) e Phil Collins (bateria e percussão).

O termo ´Variações´ é utilizado em música para designar composições que se desenvolvem a partir de um tema existente (harmonia, melodia e/ou ritmo), modificando-o parcialmente ou transformando-o quase totalmente. São famosas, por exemplo, as ´Variações Goldberg´ de Bach, um dos primeiros a desenvolver estas séries. Paganini, com suas incríveis composições tem sido uma das maiores fontes de inspiração para a criação de variações. Seus temas enérgicos e coloridos, se prestam muito bem ao RP (e ao Hard-Prog), e foi nessa descoberta que Webber foi mais feliz. O disco é dividido em 15 faixas, onde estão cerca de 23 variações do tema ´Paganini Caprice in A Minor No. 24´. Cada variação tem um clima diferente, com destaque para vários instrumentos, incluindo o cello (ou violoncelo, instrumento mais grave da família do violino) a cargo de Julian Lloyd Webber. O resultado foi magnífico, lembrando os momentos líricos de um conjunto camerístico ou de bandas como QUELLA VECCHIA LOCANDA, com detalhes sinfônicos épicos a la PREMIATA FORNERIA MARCONI, mas com um tempero Hard setentista de características inglesas (não se assustem, it’s only Progressive Rock).

Amostra sonora & visual - Julian Lloyd Webber com alguns componentes do grupo Colosseum II, incluindo John Hiseman e Barbara Thompson:

3 comentários:

Claudio disse...

Marquinho, valeu pelo resgate dessa matéria do Metamúsica!
Você precisa digitalizar esse material, pois ele é único em se tratando de Rock Progressivo.

Anônimo disse...

Ótimo post. Nem fazia ideia desse som.

Festa dos Músicos de Recife disse...

Marco,
Há muito venho tentando encontrar algo relacionado ao excelente Fanzine Metamúsica.

Tenho todos os que sairam faltando-me apenas o número um que tem entre outras matérias o foco no progressivo japonês.
Seria possível disponibilizar este material ainda que seja digital?