É com grata satisfação que encontro no JB uma reflexão do Leonardo Boff sobre este novo Brasil que devemos fazer surgir diante da veloz mundialização imposta pelas forças tecnológicas da atualidade e pela indomável ganância dos donos do mercado global e senhores dos destinos dos débeis frágeis de agora: classe média européia e muitos outros tristes desatentos e desorganizados mundo afora...tomara que nós por aqui tenhamos competência em ocupar o nosso espaço neste cenário crítico que está montado.
O interessante foi encontrar nas abordagens do texto, parte do que eu havia tratado muito superficialmente ao responder ao amigo Marcos Cardozo pelas provocações a respeito da viagem recente ao continente europeu em crise profunda: veja AQUI
"Brasil: de empresa internacionalizada a sociedade
A modernidade no sentido da utilização da razão produtivista, da vontade de acumulação ilimitada e da exploração sistemática da natureza, da criação de vastas populações excluídas, nasceu no Brasil e na America Latina. O Brasil, neste sentido, é novo e moderno desde suas origens.
A Europa só pôde fazer a sua revolução, chamada de modernidade, com seu direito e instituições democráticas, porque foi sustentada pela rapinagem brutal feita nas colônias. Com a independência política do Brasil, a formação social empresarial não mudou sua natureza. Todos os impulsos de desenvolvimento ocorridos não conseguiram diluir o caráter dependente e associado que resulta da natureza empresarial de nossa conformação social. A tendência do capital mundial global ainda hoje é tentar transformar nosso eventual futuro em nosso conhecido passado. Ao Brasil cabe ser o grande fornecedor de commodities para o mercado mundial, com parco valor agregado.
A empresa Brasil é a categoria-chave, segundo Souza Lima, para se entender a formação histórica do Brasil e o lugar que lhe é assinalado no processo atual de globalização desigual. O desafio consiste em gestar um outro software social que nos seja adequado, que nos desenhe um futuro diferente. A inspiração vem de algo bem nosso: a cultura brasileira. Ela foi elaborada pelos escravos e seus descendentes, pelos indígenas que restaram, pelos mamelucos, pelos filhos e filhas da pobreza e da mestiçagem. Gestaram algo singular, não desejado pelos donos do poder, que sempre os desprezaram e nunca os reconheceram como sujeitos e filhos e filhas de Deus.
O que se trata agora é refundar o Brasil, “construir, pela primeira vez, uma sociedade humana neste território imenso e belo, o que nunca ocorreu em toda a era moderna, desde que o Brasil foi fundado como empresa; fundar uma sociedade é o único objetivo capaz de salvar nosso povo”. Trata-se de passar do Brasil como Estado economicamente internacionalizado para o Brasil como sociedade biocentrada.
Um comentário:
Leonardo Boff sempre maravilhoso, hein Luiz Felipe?!
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