6 de junho de 2010

Leite, Medicina e Pink Floyd

Habituado que sou a ficar lendo de tudo um pouco, tem uma coisa que me incomoda. Trata-se de uma certa “indecisão” da ciência e da medicina com relação a muitos aspectos de nossa saúde.

Como estamos na época da informação, fica fácil captar o que parecem ser contradições a respeito de pesquisas que se propõe a nos trazer novidades a respeito dos avanços nas pesquisas.

Acho que isso se deve em parte a uma busca de justificar o mais rapidamente possível o dinheiro investido nessas pesquisas. Seja dinheiro público, seja dinheiro privado. Nesse último caso, defendendo interesses de empresas (laboratórios ou industrias diversas).

Bem, pode ser que a coisa não seja assim. Posso estar errado. Podemos ver por outro ângulo. Como falei no início, com o acesso fácil a quase tudo que é produzido no mundo em termos de informações, muitas vezes são editados em publicações leigas ou mesmo acessado via Internet, informações preliminares destinados apenas a público especializado. Aí o leigo (jornalista ou não) faz o seu resumo, tira suas conclusões e a confusão está feita.

Em uma terceira via, tenho a convicção de um problema (que pode ser visto também como uma vantagem): estão “atirando” para todos os lados, em pesquisas semelhantes mas com foco diversificado e em compartimentos estanques. Daí o resultado é que temos a cada dia uma informação conflitante.

Vamos a dois exemplos. Você tem o hábito de tomar vitamina C? Aqueles comprimidos efervescentes que ajudam o sistema imunológico a combater infecções, radicais livres e até câncer... É ótimo para saúde segundo pesquisas dos últimos 20 anos. Pois eu já li que estão gastando dinheiro à toa. O organismo não absorveria tantas gramas diárias, portanto é besteira fazer uso disso. Basta ter uma alimentação razoável. Aí, o que fazemos? Tomamos os comprimidinhos efervescentes ou mandamos os pesquisadores para os quintos dos infernos?

Mas o que me motivou a escrever sobre esse tema foi o leite nosso de cada dia. Sabemos que trata-se de um alimento maravilhoso. Mas sabemos também que muitas pessoas tem intolerância à lactose. Sabemos que um bom substituto para o leite de vaca é o “leite” de soja, mas sabemos também que o uso continuo e exagerado da soja pode trazer sérios problemas a muitas pessoas. Bem já é suficiente pra confundir, né?

Calma, tem mais complicação. O leite integral deve ser evitado por causa daquela gordura que aumenta o colesterol e pode provocar até câncer de próstata (dessa as mulheres escaparam, mas não do câncer de mama, sorry). E ninguém escapa das complicações cardíacas e de engordar se consumir muito desse leite, certo? Errado!

Li ontem: “Mais leite, menos infartos. Amantes do leite, aqui vai uma boa notícia: uma pesquisa publicada no ‘American Journal of Clinical Nutrition’ afirma que um tipo de gordura presente no leite de vacas alimentadas com pasto pode diminuir o risco de infartos. Segundo o estudo, a versão integral do leite contém uma gordura insaturada chamada ácido linoléico conjugado. Além de proteger o coração, a substância também ajuda a emagrecer. Para chegar a esse resultado, o grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos, analisaram os dados de quatro mil pessoas”.

E aí? O que acharam disso? Vão tomar mais leite integral ou matar os pesquisadores ? Se for a segunda opção, qual grupo vão trucidar, os antigos que ‘detonaram’ o leite integral ou os novos que o estão reabilitando? Ou os dois? Que dúvida...

E como eu não esclareci dúvida nenhuma, salva-se essa imitação de artigo pelo terceiro item que coloquei no título e que se refere a imagem que o ilustra. Como estamos falando de vaca (nada a ver com as pesquisadoras americanas) por causa do leite, me lembrei dessa histórica foto que é a capa do clássico álbum “Atom Heart Mother”, de 1970, do grupo inglês de Rock Progressivo Pink Floyd.

“Átomo de um Coração de Mãe” recebeu esse título por conta de um artigo que os componentes da banda leram a respeito de uma pesquisa (epa!) que estava sendo feita na época acerca de se utilizar baterias atômicas em marcapassos. Quer dizer, acho que era isso. Vi isso há uns 30 anos e, convenhamos, faz muito tempo para minha memória já um tanto corroída pelo tempo. Leite é bom pra memória?

No final das contas, ainda bem que temos a música que faz bem a saúde e isso não depende de pesquisas para confirmar. Mas elas existem. Qualquer dia falo delas aqui no Blog. Só não sei se vale a pena...

Do disco em questão, selecionei a belíssima “Summer 68” que foi utilizado por um tempo como tema de abertura de um jornal de TV.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seus textos são muito interessantes e engraçados. Ótimo tema. Nunca sabemos o que faz bem e o que faz mal. Os médicos devem ficar meio que perdidos nessa guerra de informações.

Cláudio disse...

Marquinho, ótima sua crônica (como sempre criando ótimas temas a partir do nada) e a canção do eterno FLOYD!
Abração!
Cláudio.