18 de março de 2011

Bon Jovi x Steve Jobs (Apple): A Morte e a Morte da Indústria Musical (incluindo "Saturday Night Fever" e Peter Gabriel)

O famoso vocalista da banda que leva seu sobrenome, Jon Bon Jovi, detonou o Steve Jobs, dizendo que é culpa da Apple a derrocada da indústria fonográfica.
Bem, ele deve se referir a alguns fatos: a venda de músicas individualmente pelo ITunes, a popularização do formato "música em arquivo digital" (que a Apple ajudou a difundir com seu Ipod), etc.
Reproduzimos abaixo a opinião do cantor, bem como a repercussão da nota entre dois colecionadores.
Eu acho que o buraco é mais em baixo. A história é mais antiga. É mais longa. Sinceramente, escreveria um livro a respeito.
"Super-resumindo" alguns pontos:
A "morte da indústria musical", conforme a conhecíamos nos anos 70, começou (minha opinião) a partir de dois fatos principais: o "jabá" (as gravadoras pagavam para as rádios tocarem determinadas músicas) e a busca de se faturar o máximo possível com um minimo de lançamentos.
As duas coisas estão ligadas. A primeira é apenas uma das estratégias para se atingir a segunda.
As vendas estrondosas de alguns discos no final dos anos 70, sobretudo "Saturday Night Fever" (ótima trilha sonora do filme "Os Embalos de Sábado à Noite"), fez com que as gravadoras concluíssem: "podemos faturar com apenas um lançamento o mesmo que ganharíamos com centenas de discos diferentes" (menos custos, mais faturamento).
Daí, estratégias de marketing foram montadas (incluindo o "jabá"). Funcionou. Para eles.
Com isso milhares de artistas foram dispensados das gravadoras e caíram no ostracismo. Gêneros musicais mais "difíceis" de vender foram abandonados.
Faziam a cabeça da garotada que ouvia o que eles queriam.
Surgiu o sucesso descartável.
O resultado: gerações foram privadas de ter a opção de escolher o que ouvir, não se formaram como ouvintes conscientes, deixaram de existir os colecionadores.
Aí veio a revolução digital, feito trator em um campo (in?)fértil.
A Apple (e outras) apenas fatura em cima de algo que vem rolando antes mesmo do mp3, mas que tornou-se inexorável com a popularização do formato.
Embora jovens e conscientes colecionadores musicais ainda apareçam aqui e ali, a verdade é que a indústria fonográfica nunca mais será a mesma. E não foram o Steve Jobs e a Apple que decretaram isso.

Outras opiniões:
"Muito feliz, a análise do Bon Jovi!!!!
Quando eu, particularmente levanto a bandeira do vinil, que por sinal NUNCA deixou de ser prensado na Europa, Japão, Canadá ... por exemplo, sou rotulado de retrógrado, véio e o caralho!!!! Mas, fala sério ... mesmo em cd, cadê a arte da capa e principalmente a qualidade do som ... e não venham com essa de que o vinil tem estalos, frigindo ovos, pops, corns e etc. porque não vou nem falar dos vinis importados de 180 grs ou 200grs e agulhas "Shures" ou agulhas a laser ... quem cuida ou sempre cuidou, como eu dos vinis, garante que não tem nada disso e o som é 1000 x melhor que a porcaria do cd!!!! TENHO DITO !!!!"

"Eu estive pensando sobre isso há um tempo atrás. Não sei o que matou, acho que começou a morrer com o CD e com o tal de MP3, principalmente esse último. E certamente não foi o Steve Jobs. Ele apenas encontrou a maneira de faturar com música já que não se compra mais discos. O Bon Jovi, quem diria, falou uma coisa que eu penso: a molecada hoje em dia não compra mais um álbum, eles baixam uma, talvez duas músicas de alguém e ouvem vendo tv, lendo livro, comendo um lanche. É só para preencher o ambiente. Lembro-me que comprei vários discos (na minha época a gente chamava de disco) só pela capa. E chegava em casa, ouvia e ouvia e ouvia e decorava a capa, quem tocava, engenheiro, produtor. Vários comprei sem nem saber que tipo de música encontraria lá. Eu fui ver a cara do Peter Gabriel só quando ele saiu do Genesis e lançou um disco que tinha a foto dele na capa. Hoje a gente tem fotos, biografia, vídeos, tudo disponível sem que se tenha que gastar um único centavo. É tudo muito imediato e descartável. O Justin Bieber e o Fiuk já têm até biografia. Um não tem nem 18 anos e o outro uns 20 e poucos, sendo que a única coisa produtiva dele é ser filho do Fábio Junior! O que essa molecada pode ter para
contar ?
Enfim, estamos ficando velhos. É isso."

A Notícia:
15/03/2011
Jon Bon Jovi acusa Steve Jobs de matar a indústria musical

O vocalista do Bon Jovi acusou Steve Jobs e a Apple de serem os responsáveis por matar a indústria musical. Em entrevista ao "The Sunday Times", Jon Bon Jovi defendeu também os álbuns como obras completas.
"Os jovens de hoje perderam toda a experiência de colocar os fones de ouvido, aumentar o volume, pegar a capa do disco, fechar os olhos e se perder em um álbum", critica. "[Eles perderam também] a beleza de pegar sua mesada e escolher um disco apenas pela capa sem saber como ele é."
Bon Jovi prevê que, no futuro, as pessoas vão perceber o erro que a geração atual está cometendo ao privilegiar singles e MP3s. "Pode anotar o que eu digo, a próxima geração vai parar para se perguntar o que foi que aconteceu."
"Foi uma época mágica. Odeio soar como um velho, mas eu sou. Steve Jobs é pessoalmente responsável por matar a indústria musical", completa.

Citado no post: Bon Jovi

Citado no post: Os Embalos de Sábado a Noite (qualquer dia faço post especial sobre este filme)


Citado no post: Peter Gabriel (ex-vocalista do Genesis, já apareceu por aqui)


Bom fim de semana!

3 comentários:

JC disse...

Marquinho, vc tem que voltar a publicar o Jornal Metamúsica. Só um blog não é suficiente para sua crítica e análise musical.
Estamos com saudade do Metamúsica, a melhor publicação musical que este país já teve!
Abração, grande editor!

Hugo disse...

Mas vc escrevia em outras publicações musicais também, não é?

Marcos Oliveira disse...

O Jornal Metamúsica foi publicado entre 1995 e 2000, em formato tabloide, chegando a ter 98 páginas.
Além disso colaborei em outras publicações como International Magazine (Rio de Janeiro), Slaminn (São Paulo), Margen (Espanha), Nobody's Land (Italia), Electronic Music Magazine (Russia), etc.
Por falta de tempo, parei com tudo.
Mesmo aqui no blog não faço atigos mais extensos e analíticos sobre música.
O retorno do Metamúsica (se acontecer) só daqui a alguns anos.
No momento tenho convites para escrever em revista de circulação nacional e em um jornal regional.
Vamos ver...
É importante frisar, no entanto, que não sou jornalista.
É tudo na base do amadorismo mesmo.
Abraços Musicais.