12 de maio de 2010

Livros, Religiões, Papas, Cátaros, Música

Não posso dizer precisamente que eu seja Católico. Eventualmente vou à missa, cumprindo uma tradição. Na infância já frequentei a Igreja Batista. Também já ouvi excelentes palestras em casas Espíritas de orientação Kardecista. Aliás recomendo o filme “Chico Xavier”. Já li muitos livros espíritas (recomendo “Nosso Lar”), hinduístas (recomendo “Autobiografia de um Iogue”) e Budistas (recomendo “O Livro do Viver e do Morrer”).
Assim, nesse campo religioso sou bem eclético ou, utilizando outro termo, “multidisciplinar”. Não sei se é isto que esperam de uma pessoa religiosa, mas desconfio que eu não seja mesmo. O que não significa não ser uma pessoa espiritualizada, ter fé em algo além, acima.
Mas acho que não interessa muito a minha postura sobre isso. É que resolvi fazer um post indicando um livro e já citei três. Na verdade nem ia indicar um livro religioso e sim comentar sobre “Noites Tropicais: Solos, Improvisos e Memórias Musicais” do Nelson Motta que eu estou lendo agora.
Acontece que por incrível coincidência me chegou um e-mail agora de um amigo indicando o livro “A História Secreta dos Papas” (de Brenda Ralph Lewis, Editora Europa, 256 páginas, R$ 79,90; dessa autora existe também “A História Secreta dos Reis & Rainhas da Europa: Dos Tiranos Medievais aos Monarcas Enlouquecidos”).
Aí a trajetória do texto mudou e chegamos até aqui.
Eu não li ainda, mas ao ver alguns trechos percebemos que a Igreja Católica (como bem mostra a história) já teve momentos piores do que enfrenta na atualidade. Se for tudo verdade, existiram alguns Papas realmente indignos do posto. São casos bem “radicais”, mesmo para os padrões morais menos exigentes de hoje.
É o caso do Papa João 12º (por volta do ano 960; Idade Média) descrito em detalhes no livro. Leiam alguns trechos de sua quase inacreditável trajetória:


“Dormiu com as prostitutas de seu pai e chegou ao cúmulo de manter relações com sua própria mãe. João XII também presenteava suas amantes com cálices de ouro, verdadeiras relíquias sagradas da igreja de São Pedro. Ele ainda cegou um cardeal e castrou outro, causando sua morte. Apoderava-se das oferendas feitas pelos peregrinos para apostar em jogos. Nessas seções de jogatina, o próprio papa costumava evocar os deuses pagãos para ter sorte ao arremessar os dados. As mulheres eram advertidas a se manterem longe de São João de Latrão, ou de qualquer outro lugar frequentado pelo papa, pois ele estava sempre a procura de novas conquistas. Após pouco tempo, os romanos estavam tão furiosos com tais atitudes que o papa começou a temer por sua vida. Sendo assim, resolveu saquear a igreja de São Pedro e fugir para Tívoli, a 27 quilômetros de Roma.

João XII estava causando tanto estrago ao papado e ao Vaticano, superando os crimes e pecados de seus antecessores, que um sínodo especial foi convocado. Todos os bispos italianos, 16 cardeais e outros prelados (alguns alemães), reuniram-se para decidir o que fazer com o devasso pontífice. Convocaram testemunhas e ouviram evidências sob juramento. Então, fizeram uma lista que adicionava ainda mais acusações às informações bizarras e assustadoras que já possuíam sobre João. Algumas delas foram descritas em uma carta escrita a João pelo Imperador do Sacro Império Romano, Otto I da Saxônia:

O papa João, ainda no exílio em Tívoli, respondeu a Otto em termos ameaçadores que aterrorizaram Roma. Caso o sínodo o depusesse, ameaçou excomungar todos os envolvidos, e assim não poderiam celebrar missas ou conduzir uma ordenação. Em termos cristãos, esse é o pior castigo que um papa pode dar, pois a excomunhão significa estar fora da igreja, perdendo sua proteção e arriscando o espírito imortal.

O imperador Otto não se curvou à ameaça de excomunhão do papa e o depôs, colocando em seu lugar o papa Leão VIII sem que João soubesse. Quando retornou a Roma, em 963 D.C., sua vingança foi infinitamente pior que sua ameaça. João XII depôs o papa Leão e, ao invés da excomunhão, executou e mutilou todos os que fizeram parte do sínodo. Um bispo teve a pele arrancada, um cardeal teve o nariz e dois dedos cortados e a língua arrancada, e 63 membros do clero e da nobreza romana foram decapitados. Na noite de 14 de maio de 964, parece que todas as rezas implorando a morte de João XII foram ouvidas. Segundo a descrição do bispo João Crescêncio de Protus: "enquanto estava tendo relações sujas e ilícitas com uma matrona romana, o papa foi surpreendido pelo marido de sua amante em pleno ato. O enfurecido traído esmagou seu crânio com um martelo e, finalmente, entregou a indigna alma do papa João XII a Satã".

A Igreja ainda não tinha acabado com a família das "meretrizes", que gerou nove dos mais pecaminosos Papas já existentes e denegriu o nome do papado. Em 986, 22 anos após a dramática morte de João XII, o bispo Crescêncio foi até o Castelo de Santo Ângelo para ver a mãe de João, Marózia. Aquela mulher antes exuberante agora parecia um saco de ossos, vestida em farrapos... ”.

Que coisa! Bem, para quem chegou até aqui conto outra história, desta vez musical. Selecionei a música "Ameno" (em Latim) do grupo ERA que na verdade é um projeto do guitarrista inglês Eric Levi (prestem atenção no solo no meio da música). O disco que contém essa música conta a história dos Cátaros (Europa, Idade Média) que foram massacrados pelas Cruzadas exatamente por processar uma crença que se diferenciava dos preceitos católicos tradicionais. Logo abaixo dos videos (o segundo contém a tradução da letra) selecionei trecho das idéias deles.



As ideias do Catarismo
"A doutrina cátara diferenciava-se do Catolicismo e do próprio cristianismo em alguns dos principais conceitos:
Negava a existência de um único Deus ao afirmar a dualidade das coisas (existência de um Deus mau).
Negava o dogma da Trindade, recusando o conceito do espírito santo e afirmando que Jesus não era o filho de Deus encarnado mas uma aparição que mostrava o caminho à perfeição.
Apresentava um conceito do mundo e da Criação diferente (para os católicos o mundo e o homem seriam bons ao serem criados por Deus e o pecado viria da corrupção do homem no pecado original).
Propugnava a salvação através do conhecimento em vez de através da fé em Deus.
Criacionismo
Os cátaros não acreditavam que o mundo tivesse sido criado diretamente por Deus, mas que era uma materialização do Mal e que, portanto, os que aqui viviam estavam destinados à expiação até que, após uma vida destinada ao bem, voltassem ao Paraíso perdido. Enquanto não conseguissem isso teriam que reencarnar em sucessivas vidas na Terra.
Salvação
Outra diferença fundamental da então doutrina ortodoxa era que os cátaros acreditavam na salvação pela própria ação pessoal, sendo desnecessário a fé e a graça em Deus conforme defendido pela Igreja Católica, que já havia se pronunciado sobre o assunto, condenando o pelagianismo.
Algumas ideias do catarismo são comuns a doutrinas que apareceriam mais tarde em diversos momentos, como na Doutrina Espírita."

4 comentários:

João XII disse...

É tudo calúnia. Eu só papava umas cachorras que davam mole. Ninguém é de ferro.

João XII disse...

Vou processar essa escritora. O que não falta é advogado aqui onde estou!

Amado, o Advogado disse...

E que lugar é esse?

João XII disse...

É um Spa chamado Hot Hell. 1000ºC!